Morte de proeminente escritor uigur gera preocupações

04/01/2013 01:12 Atualizado: 04/01/2013 02:54
Nurmemet Yasin (Amnesty.org)

A morte recente de um proeminente escritor uigur sob custódia das autoridades na China tem permitido avanços na melhora do histórico de liberdade de expressão, disse a Anistia Internacional na quarta-feira.

A morte do escritor Nurmemet Yasin aconteceu em 2011 na prisão Shaya na região oeste de Xinjiang, mesmo local onde o advogado dissidente chinês Gao Zhisheng está confinado, mas foi relatado apenas há alguns dias, segundo a Anistia Internacional. Yasin foi preso por escrever “Pombo Selvagem”, uma história sobre um pombo que é preso por seres humanos e escolhe se matar ao invés de viver no cativeiro.

No livro de Yasin, o narrador diz: “Agora, finalmente, posso morrer livre. Sinto como se minha alma estivesse em chamas, subindo e livre.”

Publicar o livro lhe rendeu a acusação de “incitar separatismo”, reportou a Anistia.

Yasin, que também publicou manuais escolares, estaria sofrendo de sérios problemas de saúde enquanto detido e as condições na prisão Shaya seriam severas. Ele foi preso em 2004 após publicar “Pombo Selvagem” e foi condenado a 10 anos.

A Anistia disse que o regime chinês precisa confirmar se Yasin morreu na prisão.

“Nurmemet Yasin nunca deveria ter sido preso em primeiro lugar e, se confirmada, a morte deste jovem escritor na prisão é uma acusação vergonhosa” ao Estado de direito do regime chinês, afirmou Catherine Baber, vice-diretora da Anistia Internacional para a Ásia-Pacífico.

“As autoridades chinesas devem perceber que encarcerar escritores pacíficos para morrerem lentamente na prisão nunca destruirá sua escrita ou domará o desejo de liberdade que inspiram”, acrescentou ela.

Na quarta-feira, a Associação Norte-Americana-Uigur também solicitou ao regime chinês que divulgasse informações sobre a morte do escritor, mas observou que sua família o visitou nos últimos dias.

“Os rumores e especulações em torno desta tragédia demonstram uma falta crítica de transparência no sistema legal da China e especialmente no tratamento de prisioneiros uigures”, disse Alim Seytoff da Associação Norte-Americana-Uigur, em comunicado.

A morte de Yasin destaca como é difícil obter informações sobre dissidentes sob custódia chinesa, como é o caso do advogado de direitos humanos Gao Zhisheng.

De acordo com artigos anteriores do Epoch Times, a família de Gao Zhisheng tem tentado há meses, se não anos, saber notícias dele. Sua mulher manifestou temor em janeiro do ano passado de que ele tivesse morrido após ser torturado brutalmente.

O caso de Yasin destaca também a frágil situação dos uigures na China. No mês passado, quase uma dúzia de uigures foram deportados da Malásia para a China e condenados à prisão por acusações semelhantes de separatismo. Além disso, um proeminente estudioso uigur foi assediado em Xinjiang e Pequim durante o 18º Congresso Nacional do Partido Comunista Chinês, informou a Rádio Free Asia.

Epoch Times publica em 35 países em 20 idiomas.

Siga-nos no Facebook: https://www.facebook.com/EpochTimesPT

Siga-nos no Twitter: @EpochTimesPT