Morte de crianças reflete os valores na China

01/07/2013 15:48 Atualizado: 01/07/2013 15:48
Crianças chinesas num jardim de infância em Pequim. Esfaqueamentos e mortes recentes em escolas chinesas têm levantado questões sobre o sistema de valores prevalente na China moderna resultado de décadas de políticas do PCC, dizem especialistas (Wang Zhao/AFP/Getty Images)

Em abril, um jovem de 19 anos foi atacado e esfaqueado sete vezes na região lombar e nas pernas por três colegas por “ser arrogante”. Isso ocorreu na província de Shaanxi e em algumas semanas mais incidentes foram registrados: Um estudante teve a garganta cortada e morreu, enquanto outro foi esfaqueado (e sobreviveu), em dois condados diferentes. Poucos dias após o primeiro incidente, um jovem de 15 anos foi esfaqueado até a morte num corredor do colégio na província de Jiangxi. O incidente mais terrível surgiu na imprensa nessa época: a decapitação e o desmembramento de uma menina de 12 anos por outra menina da mesma idade, que ocorreu na província de Guangxi. O motivo foi ciúme.

A série de incidentes brutais em toda a China, dizem os especialistas, são em parte sintomas de um sistema educacional que prioriza a competição e o desempenho acadêmico em detrimento de valores, ética e moralidade.

A maneira que os estudantes do ensino secundário e primário respondem cada vez mais a problemas em suas vidas, incluindo meros aborrecimentos, com violência, é uma tendência que tem alarmado especialistas e cidadãos.

Casos de homicídio e suicídio em campi universitários aparecem regularmente na imprensa chinesa, em algum grau devido à intensa pressão por perspectivas de carreira, estudos de pós-graduação e relacionamentos, dizem os relatos.

Em alguns dias em abril, por exemplo, um estudante da Universidade de Fudan em Shanghai foi envenenado, possivelmente por seu companheiro de quarto; um estudante da Universidade de Nanjing foi morto a facadas pelo companheiro de quarto; e o corpo de outro estudante foi encontrado morto escondido num quarto do dormitório na Universidade Nanchang Hangkong no sul da China.

De acordo com uma pesquisa psicológica feita com estudantes universitários pelo Instituto de Pesquisa da Sociedade, apenas 6,3% têm um objetivo claro para o futuro e se mostram “confiantes”.

Os ataques são um reflexo de um “desrespeito pela vida humana” que permeia a sociedade chinesa, segundo Chu Zhaohui, pesquisador do Instituto Nacional de Ciências da Educação, falando com o Diário da Manhã do Sul da China.

Desde que o Partido Comunista Chinês (PCC) assumiu o poder em 1949, pouco respeito tem sido dado ao valor da vida, diz ele, citando a violência e mortes em massa nas campanhas políticas do PCC, como a Revolução Cultural no início na década de 1960.

Estatísticas oficiais conservadoras mostram que quase dois milhões de chineses morreram como consequência de assassinatos patrocinados pelo Estado e outros 125 milhões foram perseguidos durante a Revolução Cultural, quando execuções públicas eram comuns e generalizadas, segundo o pesquisador Song Yongyi. “Isso formou uma atmosfera em que a vida humana vale muito pouco”, disse Chu.

Eric Chui Wing-hong, um especialista em criminalidade juvenil da Universidade de Hong Kong, aponta o sistema de ensino como uma das principais causas do problema.

Novamente, a ausência de educação moral e um foco exagerado em agradar inquestionavelmente os éditos do PCC criaram uma cultura esvaziada, disse ele ao jornal Diário da Manhã. “Os administradores escolares estão inclinados a seguir obcecadamente os dirigentes do PCC em polir as credenciais e a reputação acadêmica das escolas.” Ele acrescentou: “Isso muitas vezes resulta em tarefas de casa excessivas e negligência em desenvolver personalidades saudáveis.”

Assim, os chineses têm valorizado o “sucesso” mais do que a educação moral, diz Xiong Bingqi, vice-diretor do Instituto Século 21 de Pesquisa Educacional, um programa da Universidade de Hong Kong. Falando à mídia estatal chinesa sobre os assassinatos em universidades, ele disse: “Nossa educação se concentra demais na educação profissional e ignora a educação moral. Se um aluno não compreende seus deveres na sociedade, ele pode usar métodos extremos para resolver as dificuldades que encontrar na vida.”

Em todo o país, os cidadãos têm reagido às denúncias de violência estudantil: “Será que não há fim para essas pessoas desviadas? Isso é uma questão social realmente profunda”, comentou um internauta de Shanxi no Weibo, uma mídia social popular na internet chinesa, ecoando os sentimentos de muitos. Outro internauta de Shanghai complementou: “Não há qualquer sensação de segurança nesse país caótico.”

Chu Zhaohui disse à mídia estatal Diário Guangming que por trás dos assassinatos “a causa é quase sempre a mesma, ou seja, as pessoas não têm senso de respeito pela vida… Essa falta de respeito pela vida humana está se tornando um problema social crescente que não podemos continuar a ignorar.”

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