Morte de autoridades sírias pode mudar radicalmente o conflito

20/07/2012 03:00 Atualizado: 20/07/2012 03:00

Polícia síria guardar a estrada próxima do local do atentado suicida que visou o quartel-general da Segurança Nacional em Rawda, um bairro de alta segurança no centro da capital de Damasco, em 18 de julho de 2012. (STR/AFP/Getty Images)Ministro da Defesa sírio, parente de Assad morto em ataque

Vários altos oficiais sírios, incluindo o cunhado do presidente Bashar Assad, foram mortos num ataque à bomba visando a sede da Segurança Nacional na capital de Damasco na quarta-feira, representando o maior golpe já dado ao regime de Assad desde que o levante começou.

O general Assef Shawkat, que era casado com Bushra, a irmã mais velha de Assad, era o vice-ministro da Defesa e parte do círculo interno de Assad e considerado um dos oficiais mais temidos do país. O ministro da Defesa, o general Daoud Rajha, também foi morto na explosão, assim como o ministro do Interior, Mohammed Ibrahim al-Shaar, e o vice-presidente adjunto, o general Hassan Turkmani.

Após suas mortes, o regime de Assad promoveu o general Fahd Jassem al-Freij como comandante geral do exército do país. Ele prometeu perseguir as “criminosas gangues terroristas […] cortando todas as mãos que prejudiquem a segurança da pátria e dos cidadãos”, disse ele conforme citado pela mídia estatal.

O grupo Liwa al-Islam, que significa “Brigada do Islã”, reivindicou a responsabilidade pelo ataque, informou a Al-Jazeera. O Exército Sírio Livre também reivindicou a responsabilidade e seu porta-voz Qassim Saadedine disse a rede, “este é o vulcão de que falamos, nós apenas começamos”.

O Exército Sírio Livre teria chamado a atual ofensiva de Vulcão de Damasco.

Maplecroft, uma empresa de consultoria estratégica e risco global, diz que o assassinato de dois altos oficiais é um golpe significativo para o regime de Assad, que até recentemente mostrou algumas debilidades visíveis na revolta.

“Os altos escalões do regime provavelmente estão alarmados que um ou vários agressores foram capazes de atingir importantes figuras políticas”, escreveu a empresa numa análise na quarta-feira. O ataque direto ao núcleo da liderança do regime poderia desencadear uma série de deserções de altos oficiais nos próximos dias, acrescentou Maplecroft.

Também poderia desencadear mais violência. “A resposta provavelmente será severa com indicação de um aumento no número de vítimas”, segundo a análise.

Nos últimos dias, o exército sírio enviou um grande número de helicópteros, tanques, artilharia e tropas para o centro de Damasco, quando os combates mais ferozes do levante irromperam entre as forças rebeldes e soldados do regime.

Observando a recente escalada da violência, incluindo as mortes dos oficiais, Leon E. Panetta, o secretário de Defesa dos EUA, disse, “Esta é uma situação que está ficando rapidamente fora de controle”, segundo um comunicado de imprensa. Ele culpou Assad por se recusar a deixar o poder, apesar de intensa pressão internacional.

Panetta observou com preocupação o estoque da Síria de armas químicas. Nawaf al-Fares, o ex-embaixador da Síria para o Iraque que desertou recentemente, levantou a possibilidade de que Assad possa usá-las contra a oposição.

O regime de Assad tem a “responsabilidade de proteger seus locais químicos e nós os faremos responsáveis se alguma coisa acontecer com relação a esses locais”, disse Panetta.