Morre Fang Lizhi, apoiador do Movimento Democrático de 4 de Junho

11/04/2012 14:00 Atualizado: 11/04/2012 14:00

Imagem de tela de Fang Lizhi da televisão estatal chinesa, no momento em que um mandado de prisão foi emitido contra ele em 12 de junho de 1989. (AFP/AFP/Getty Images)Fang Lizhi, um conhecido defensor chinês dos direitos humanos e da democracia, morreu em 6 de abril nos Estados Unidos. Ele estava com 76 anos. Fang Lizhi é por vezes referido como o “Sakharov da China” e o líder espiritual do movimento estudantil pela democracia de 4 de junho, e sua morte mais uma vez chama a atenção para a tensão política não resolvida em torno do Massacre da Praça Tiananmen.

Durante os movimentos iniciais até o incidente de 4 de junho de 1989, Fang Lizhi, um físico bem conhecido na China, apoiou o apelo dos estudantes pela democracia. Na noite após o massacre, em 5 de junho de 1989, Fang e sua esposa, Li Shuxian, buscaram refúgio na embaixada dos EUA em Pequim e lhes foi concedido asilo. Depois de permanecer na embaixada por um ano, Fang Lizhi se mudou para os Estados Unidos com sua esposa e serviu como professor de astrofísica na Universidade do Arizona. Enquanto vivia nos Estados Unidos, Fang Lizhi também atuou como co-presidente de Direitos Humanos na China.

Wang Dan, líder estudantil do movimento de 1989, disse à BBC News que Fang Lizhi foi um pioneiro da democracia e dos direitos humanos na China, bem como o símbolo espiritual do movimento estudantil na década de 80. Quando o Sr. Fang serviu como vice-presidente da Universidade de Ciência e Tecnologia da China em 1986, ele promoveu abertamente os protestos pela democracia dos estudantes em 1986. Wang Dan apontou que Fang não estava realmente em Pequim quando o movimento estudantil de 1989 ocorreu. O Sr. Fang foi acusado pelas autoridades do regime de ser uma “mão negra” por trás do incidente de 4 de junho.

Quantos foram mortos pelo regime em 4 de junho ainda é desconhecido. O Partido Comunista Chinês (PCCh) declarou no Diário do Povo que 298 moradores morreram e 5.000 estudantes ficaram feridos. Vários anos depois, a Academia Chinesa de Ciências Sociais informou que mais de 500 pessoas foram mortas. No entanto, de acordo com um livro de um ex-presidente da Cruz Vermelha publicada em Hong Kong, a Cruz Vermelha recebeu mais de 900 corpos e mais de 8.000 pessoas feridas. Zhang Jian, um ativista pró-democracia residente na França, estimou que uma taxa de sobrevivência de 50% seria considerada otimista, porque o sangue para transfusões havia sido esgotado devido ao elevado número de lesões. Assim, ele sente que uma estimativa conservadora do número de mortos seria superior a 4.000.

O incidente de 4 de junho foi deliberadamente articulado pelas autoridades comunistas chinesas por décadas e ainda é politicamente tabu na China. No entanto, recentemente, o escândalo de Bo Xilai trouxe à tona disputas internas e divergências ideológicas entre os líderes do PCCh. De acordo com vários relatos, o primeiro-ministro chinês Wen Jiabao pediu uma reavaliação do incidente de 4 de junho em reuniões privadas do Partido.