O jornalista americano Ben Bradlee, que comandou a redação do jornal Washington Post por 26 anos e dirigiu a cobertura do escândalo de Watergate, morreu de causas naturais nesta terça-feira (21), aos 93 anos, em sua casa, em Washington.
Como editor do Washington Post, Bradlee entregou aos jovens repórteres Bob Woodard e Carl Bernstein a reportagem sobre o arrombamento do Comitê Nacional Democrata, no prédio Watergate, na capital americana.
Durante as investigações, ele apoiou e orientou a dupla na apuração que ligaria a Casa Branca a um escândalo de sabotagem e espionagem que culminaria na renúncia do presidente Richard Nixon, em 1974.
No comando do jornalismo do periódico por 26 anos, entre 1965 e 1991, Bradlee guiou a transformação do ‘Post’ em um dos maiores jornais do mundo.
Sob sua administração, a equipe e a tiragem do diário dobraram de tamanho e o orçamento dedicado às reportagens saltou de 3 para 60 milhões de dólares.
Com Bradlee, o jornal, que antes só havia vencido um prêmio Pulitzer por reportagem, ganhou mais dezessete. “Seu charme e talento para a liderança ajudaram a atrair e inspirar uma equipe talentosa e acabaram por transformá-lo no mais celebrado editor de sua era”, escreveu o Washington Post em seu obituário.
Concorrente do jornal da capital dos EUA, o New York Times também dedicou elogios ao jornalista, dizendo que Bradlee está “marcado na cultura americana como o exemplo perfeito de editor de jornal de sua época – áspero, cativante e persistente”.
Outro fato marcante na trajetória do editor foi a decisão de publicar em 1971 documentos secretos do Pentágono sobre a Guerra do Vietnã – mesmo com uma forte pressão contrária de Richard Nixon.
Alegando que a divulgação das informações poderia prejudicar a segurança nacional, o governo americano tentou até o fim impedir a publicação. A questão foi parar na Suprema Corte que decidiu a favor do jornal e da liberdade de imprensa.