Milhões de pessoas em todo o mundo são contra produtos alimentares cultivados com organismos geneticamente modificados (OGM). Em maio, dois milhões de pessoas expressaram seu desgosto por produtos transgênicos durante manifestações em 50 países, segundo um artigo de agosto do Natural News.
Apesar das manifestações, especialmente nos países ocidentais, onde muitas pessoas não acreditam que os produtos transgênicos sejam seguros para o consumo humano, a Monsanto Co. está à procura de novos mercados.
De acordo com o Natural News, a Monsanto enviou “‘embaixadores biotecnólogos’ [que estão] se envolvendo em grandes operações de relações públicas da Monsanto para penetrar os OGM na África”.
A Monsanto não nega seu interesse na África e afirma em seu site que fornece germoplasma de milho – um material da planta que pode ser usado para cultivar novas plantas – para desenvolver híbridos de milho na África. A empresa também doa para o projeto ‘Water Efficient Maize for Africa’ (WEMA), que fornece serviços de pesquisa valiosos para o cultivo de produtos resistentes à seca e a insetos.
A Fundação de Tecnologia Agrícola Africana baseada no Quênia é a líder do projeto WEMA e a Fundação Bill e Melinda Gates, a Fundação Howard G. Buffett e a USAID fornecem fundos.
Segundo a Monsanto: “O projeto está em seu sexto ano e se aproxima de um marco significativo, pois o primeiro híbrido de milho convencional WEMA estará disponível para plantio comercial no Quênia até o final de 2013.”
Despesas e lucros crescem rapidamente
No entanto, “a modificação genética de culturas é um negócio demorado e obscenamente caro”, diz um relatório do Centro Africano de Biossegurança, publicado mês passado.
Pesquisa e desenvolvimento, além da obtenção de aprovação regulatória, são bastante caros e as empresas precisam recuperar os fundos que gastaram antes de penetrarem na África.
Em 2012, a Monsanto alegou que “investe mais de US$ 500 milhões anualmente para identificar e desenvolver novas soluções para os produtores”.
Desde em 2002, as empresas produtoras de OGM embutiram em seus preços de venda os custos de desenvolvimento, produção e comercialização de seus produtos, segundo outro relatório do Centro Africano de Biossegurança, publicado mês passado.
Antes de alimentos geneticamente modificados chegarem ao mercado, os gastos com sementes para agricultores de milho cresciam a uma taxa de US$ 0,12 por hectare por ano. Os custos aumentaram para US$ 0,54 por hectare anualmente nos cinco anos após as sementes transgênicas serem introduzidas.
“O impacto do milho premium Bt [Bacillus thuringienis] nos lucros da indústria de sementes tem sido notável”, afirma o relatório do Centro Africano.
Os ganhos da Syngenta AG, uma empresa química suíça de atuação global que comercializa sementes e pesticidas e produz produtos OGM, aumentaram mais de 18% entre 1998 e 2000. No mesmo período, os lucros da Monsanto aumentaram 9% e da DuPont Pioneer (ex-Pioneer Hi-Bred) aumentaram 7,3%.
Ganância e dominação agrícola
Com os lucros auferidos nos países desenvolvidos, a Monsanto está entrando na África e fornecendo seus serviços gratuitamente, segundo o relatório do Centro Africano.
No entanto, o custo de entrar na África precisa ser recuperado em algum momento. Agora, o impulso para a produção de produtos transgênicos, principalmente de milho, é feito de forma gratuita para os agricultores africanos. Isso parece muito caridoso, especialmente com envolvimento da Fundação Bill e Melinda Gates, a Fundação Howard G. Buffett e a USAID.
Mas será problemático no futuro, porque o agricultor terá de continuar a comprar sementes da Monsanto, em vez de voltar aos métodos milenares de cultivar milho, que visa preservar e reutilizar as sementes.
O problema reside no fato de que os produtos químicos que entraram no solo ao usar produtos OGM levam anos antes que desapareçam completamente, enquanto as terras ficam em repouso e incultas, sem possibilidade de utilização.
“Trata-se de poder, controle e ganância”, segundo um artigo de setembro do Natural News. Citando o Motley Fool, o artigo conclui: “Uma nova era de colonização agrícola surge em que o agricultor local acabará escravo das exigências de lucro globais da agricultura corporativa.”