Monge tibetano condenado por disseminar informação

29/08/2012 01:34 Atualizado: 29/08/2012 01:34
Um monge tibetano exilado com uma imagem de uma autoimolação em 15 de junho de 2012. (Strdel/AFP/Getty Images)

Repressão nas regiões tibetanas intensifica

Um proeminente monge tibetano recebeu uma sentença de prisão de sete anos na China por difundir informações nas regiões tibetanas, segundo relatos da semana passada, que têm estado sob crescente repressão nas mãos do regime chinês.

Yonten Gyatso foi condenado em meados de junho em Ngaba, localizada na província de Sichuan, mas sua situação só veio à tona na quinta-feira, segundo a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF).

“Seus amigos, familiares e organizações de mídia para as quais ele contribui, só ouviram sobre isso ontem [dia 21]”, disseram os RSF, “dois meses depois, um sinal da falta de transparência sobre presos no Tibete”.

Gyatso também foi torturado e espancado pelas autoridades chinesas enquanto sob custódia, segundo os RSF, que citou fontes locais.

Ele é acusado de divulgar fotos e informações sobre a autoimolação de uma monja e a contínua repressão chinesa no Tibete. Segundo a Rádio Free Asia (RFA), mais de 1.000 pessoas foram detidas no condado de Driru na Região Autônoma do Tibete, um sinal de que autoridades do regime chinês intensificaram as medidas de segurança.

Na capital tibetana de Lhasa, as autoridades chinesas instalaram números postos de controle e escâneres corporais em áreas centrais movimentadas, disse a RFA.

“A cidade de Lhasa foi transformada numa grande prisão”, disse um morador de Lhasa, que não foi identificado, à RFA. “Há policiais em todos os lugares, em grupos de 10 ou mais com fuzis, cassetetes e extintores de incêndio em cada local.”

Outro morador de Lhasa disse que tibetanos de outras partes da China que tentaram entrar na cidade foram impedidos. Tibetanos que não têm autorização para estar na cidade foram deportados para outras partes da China, acrescentou o residente.

“Lhasa está transbordando com chineses e os tibetanos não podem se envolver em discussões com eles”, disse ele, acrescentando que há sérias tensões étnicas entre os grupos.

“Se qualquer tibetano se envolver numa disputa, os tibetanos serão os perdedores”, disse ele. “Se falarem e discutirem com os chineses, eles chamam isso de ‘política de separação’.”

Desde 2009, cerca de quatro dezenas de tibetanos se puseram em chamas, com muitos morrendo na própria cena em locais públicos para protestar contra o domínio chinês. O regime comunista tem se esforçado para evitar a disseminação de informações sobre as autoimolações, tomando medidas de cortar as telecomunicações ou mesmo a eletricidade em algumas regiões tibetanas.

Repórteres Sem Fronteiras qualificaram o fluxo de informações no Tibete “problemático” porque “jornalistas independentes não são permitidos na região, além de alguns jornalistas estrangeiros que visitam ocasionalmente com aprovação oficial”.

Os RSF disseram que Pequim tem isolado o Tibete cada vez mais do resto do mundo e julgou o movimento “preocupante”.

A repressão intensa sobre o Tibete pode estar relacionada com o desejo do regime de “manter a estabilidade”, conforme alegado pelo Partido Comunista Chinês, devido ao 18º Congresso Nacional que está prestes a ocorrer, quando o atual líder Hu Jintao deixará seu cargo e novos membros assumiram o Politburo, o mais alto órgão decisório do poder político da China.