Momento crítico para planos de defesa dos EUA na Ásia-Pacífico: Relatório

05/08/2012 03:00 Atualizado: 05/08/2012 03:00

Navios da marinha dos EUA navegam atrás do destroier de mísseis guiados USS Momsen (DDG 92) durante um exercício militar no Pacífico. (James R. Evans/Marinha dos EUA via Getty Images)WASHINGTON – Os Estados Unidos devem manter o ritmo em realinhar suas forças militares para a Ásia-Pacífico ou perderão terreno estratégico e a confiança dos parceiros regionais, segundo um relatório independente sobre a estratégia de defesa.

“As apostas estão crescendo mais rápido no Sul e Sudeste da Ásia”, diz o relatório do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS) baseado em Washington DC. “Para ser bem sucedido, o reequilíbrio estratégico dos EUA precisa fazer mais nessas áreas e, simultaneamente, trabalhar com aliados importantes no nordeste da Ásia para fortalecer as capacidades de dissuasão na esteira das emergentes ameaças de antiacesso e negação de área (A2AD).”

Destacando as ameaças, o Departamento de Estados dos EUA emitiu um comunicado de alerta na sexta-feira alertando aos países “para diminuírem as tensões” no Mar do Sul da China.

A declaração faz referência especial às ações cada vez mais agressivas da China no território, perturbando uma série de países da região.

“Os desenvolvimentos recentes incluem um aumento na retórica de confronto, divergências sobre a exploração de recursos, ações econômicas coercivas e incidentes ao redor da Ilha Scarborough, incluindo o uso de barreiras para impedir o acesso”, diz a declaração.

“Continuamos a instar que todas as partes esclareçam e busquem seus direitos territoriais e marítimos em conformidade com o direito internacional, incluindo a Lei da Convenção do Mar”, continua o relatório.

A administração Obama anunciou em janeiro planos para dirigir as forças de segurança nacionais do Atlântico para a Ásia-Pacífico, observando o rápido crescimento econômico e o aumento do poder militar na região.

Países da Ásia-Pacífico, abalados por artimanhas agressivas da China, deram boas vindas à mudança, incluindo a Austrália, que concordou em permitir que fuzileiros navais dos EUA se alternem no norte do país, e o Japão, que se ofereceu para partilhar o custo do deslocamento dos fuzileiros da base dos EUA em Okinawa para Guam.

O Dr. Michael Green (centro) e David Berteau (direita), autores do relatório do CSIS sobre o plano de defesa dos EUA para a Ásia-Pacífico, numa audiência do Comitê dos Serviços Armados da Câmara em Washington DC em 1º de agosto de 2012. (Shar Adams/The Epoch Times)Restrições orçamentárias em toda a área de defesa, no entanto, geraram incerteza. Isso foi agravado pela ameaça de sequestro de recursos, que retirará meio trilhão de dólares da Defesa se o Congresso não chegar a um acordo sobre uma estratégia para reduzir o déficit.

O relatório do CSIS concluiu que a estratégia do Pacífico era sólida, mas recomenda que o plano seja melhor articulado tanto pelo Congresso como pelos aliados dos EUA. Com o aumento das apostas na região, o momento é crítico, indica o documento.

“Temos de viver de acordo com os compromissos que assumimos [de realocar os fuzileiros] ou perdemos credibilidade com os mesmos parceiros com quem estamos tentando aumentar o envolvimento”, disse David Berteau, o diretor do programa de segurança internacional do CSIS e coautor do relatório, a um subcomitê da Câmara na semana passada.

A região apresenta uma série de desafios de segurança, incluindo a capacidade nuclear da Coreia do Norte, o terrorismo e desavenças territoriais, mas todos são sublinhados pela ascensão da China, disse ele.

“A incerteza geoestratégica central que os Estados Unidos e seus aliados e parceiros enfrentam na região da Ásia-Pacífico é sobre como o poder crescente da China e sua influência afetarão a ordem e a estabilidade nos próximos anos”, disse Berteau.

A estratégia dos EUA não se destina a conter a China, mas “ganhar a paz”, disse ele, para criar um ambiente que veria “conflitos praticamente impensáveis e cooperação mutuamente atraente”.

Enquanto isso envolve múltiplas facetas, incluindo a diplomacia e o comércio, a prontidão militar é um pilar fundamental.

Em caso de conflito, “A postura de força dos EUA deve demonstrar prontidão e capacidade de lutar e vencer”, afirma o relatório.

Falando em Cingapura em junho, o secretário de Defesa norte-americano Leon Panetta disse que a presença da marinha dos EUA no Pacífico seria expandida para 60% da força, com o realinhamento aumentando o número de porta-aviões, cruzadores, destroieres e submarinos.

Exercícios militares e treinamento também seriam incentivados e novos armamentos foram previstos para a área, incluindo os novos aviões de caça F-35, um novo bombardeiro de longo alcance da força aérea, novos submarinos nucleares classe-Virginia e sistemas de guerra eletrônica.

“Não se engane, de forma estável, deliberada e sustentável, o exército dos Estados Unidos está reequilibrando e trazendo recursos avançados para esta região vital”, disse Panetta.

Associado ao sucesso do plano militar está a força da cooperação regional e da solidariedade entre os aliados, afirma o relatório.

“Temos de nos empenhar no jogo”, disse o Dr. Michael Green, coautor do relatório e especialista sobre o Japão no CSIS, na audiência.

“Se não estamos dispostos a nos investir em algumas dessas novas instalações, será difícil assegurarmos a nossos aliados e parceiros que estamos comprometidos com nossa estratégia da Ásia-Pacífico”, disse Green.

Enquanto Panetta anunciou cortes pesados no orçamento fiscal de 2013 para a Defesa, ele salientou que o empenho do Comando do Pacífico aumentará.

No entanto, a preocupação contínua com o orçamento está minando a confiança.

Quando perguntado sobre que efeito o sequestro de recursos teria na estratégia da Ásia-Pacífico, Bertreau disse que haveria muito pouco ganho financeiro e perda desproporcional.

“Vocês não economizariam muito dinheiro, mesmo com uma redução muito grande na estrutura da força no Pacífico, mas, novamente, vocês perderiam uma parte significante da capacidade”, disse ele. “Achamos que é uma troca muito ruim.”

“Recomendamos fortemente que vocês mantenham e fortaleçam a postura da força atual na região do Pacífico”, acrescentou ele.