Moeda chinesa ‘yuan’ enfrenta teste crítico nas próximas semanas

17/03/2014 13:41 Atualizado: 17/03/2014 13:41

Com o fim das duas grandes reuniões políticas da China – a Conferência Consultiva Política Popular em 12 de março e o Congresso Popular Nacional em 13 de março –, chegou o momento para decisões econômicas importantes e difíceis sobre a taxa de câmbio. A taxa de câmbio do yuan é uma questão urgente e as autoridades chinesas têm de se decidir se uma depreciação grande e súbita ou uma gradual é de seu interesse. Não há tempo a perder.

O M2 da China – dinheiro mais ativos de alta liquidez, como contas do mercado monetário – equivale a cerca de US$ 20 trilhões na taxa de câmbio atual. Muito desse dinheiro é “dinheiro quente” (especulativo) do exterior, que está pronto para deixar a China a qualquer momento, então os US$ 3 trilhões de reservas estrangeiras da China diminuirão rapidamente no caso de uma crise cambial.

Agora que o tempo se aproxima, com a introdução do imposto sobre a propriedade que será uma parte importante da receita governamental e das políticas dos governos locais para conter a inflação de preços, os preços dos imóveis começaram a cair em muitas cidades. Em Wenzhou, Hangzhou e outras cidades menores, a bolha imobiliária (pelo menos três vezes mais grave do que bolha imobiliária dos EUA em 2006, em termos de preços) corre o risco de explodir.

A economia segue numa séria tendência de queda, porque empresários têm de se preocupar com a segurança familiar, em vez de administrar seus negócios no atual sistema político que é extremamente corrupto e perigoso, enquanto, por outro lado, o setor estatal não é competitivo em face da concorrência estrangeira e está perdendo muito mercado para competidores como o Sudeste Asiático.

Agora, com os dois grandes shows políticos para trás e o líder chinês Xi Jinping firmemente no controle, é hora de tomar algumas medidas sérias. A taxa de câmbio é uma questão muito complicada e sua depreciação rápida tem vantagens imediatistas:

• Pode reduzir, pelo em menos parte, a fuga de capital: com uma taxa de câmbio de 9 (9 yuan por 1 dólar) e uma promessa de mantê-la nesse patamar, pelo menos 50% da fuga de capitais deve ser evitada;
• Pode aumentar a competitividade do setor exportador, pelo menos por alguns anos, e dar as autoridades chinesas alguma margem para respirar e reformar outros setores da economia, especialmente empresas estatais;
• Pode retardar o colapso do mercado imobiliário, porque mais capital especulativo internacional no setor da habitação optará por permanecer na China;
• Xi Jinping pode usar esta oportunidade para mostrar que desafia a pressão dos EUA por aumentar o valor da moeda chinesa.

A depreciação lenta do yuan poderia causar confusão e incerteza. Se durar por alguns meses, há um risco enorme para as reservas internacionais da China, o que Xi Jinping não pode se dar ao luxo de pôr em risco.

Se a desvalorização gradual se transformar subitamente num colapso, Xi Jinping será acusado de incompetente e a crise financeira poderia facilmente se transformar em crise política.

Assim, as próximas semanas serão um momento crítico para observar a desvalorização do yuan. Uma queda de 40% é possível.

Warren Song é um consultor financeiro baseado em Nova York