Jornalismo maduro, para este senhor, deve ser aquele que Nicolás Maduro criou na Venezuela. Acho que foi um ato falho da parte dele usar o termo “maduro” em uma situação tão constrangedora para a blogosfera estatal. E, é claro, para uma mídia suja recebendo dinheiro desproporcional do Estado para mentir e assassinar reputações de adversários, ninguém deveria estar preparado mesmo.
Imagine a seguinte situação onde um sujeito narra um fato para ele inaceitável. Ocorre que ele mantém preso em sua casa um garotinho de 9 anos, acorrentado, passando fome, sob trabalhos forçados e ainda sofrendo abuso sexual. O sujeito então diz: “Ocorreu algo moralmente bizarro esses dias, quando esse garoto deu uma paulada em minha cabeça. Podemos aceitar essa imoralidade?”.
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Se o cérebro do interlocutor editar a informação, não perceberá a monstruosidade por trás de todo sofrimento do garoto, vítima de abuso sexual, escravidão e diversas barbáries. Pela edição da informação, é possível até alguém aceitar a ideia de que a grande imoralidade é a reação do garoto, não tudo que ele vinha sofrendo.
Vemos uma situação grotesca deste naipe no chororô depravado de Mino Carta, reclamando por causa da revelação de informações constrangedoras sobre o favorecimento do governo à mídia que o apoia.
Vamos começar:
“A Folha de S.Paulo está de parabéns: na sua edição de quarta (17) provou que o governo federal tem acentuadíssima vocação para mulher de apache, a gigolette que gosta de apanhar do gigolô. Ou se trataria de uma forma aguda da síndrome de Estocolmo? De todo modo, a reportagem desdobrada a partir da manchete da primeira página demonstra, com precisão de teorema pitagórico, que o governo cumula de favores aqueles que o denigrem ferozmente dia após dia.”
Aqui já começa a distorção moral dessa coisa chamada Mino Carta. O governo não tem que escolher em quem anunciar. O princípio deve ser isonômico. Se uma publicação fala mal do governo, há aquelas que o ajudam. E isonomicamente a verba deve continuar a ser distribuída. A questão deve ser encerrada aí.
Qualquer (veja bem: qualquer) item da lista abaixo, se aplicado, constitui no mínimo imoralidade, e, na maior parte das vezes, um crime:
• Prejudicar uma publicação, na distribuição de verbas, apenas porque essa publicação não o apoia, ou está contra o governo
• Colocar o posicionamento da publicação como um critério para merecimento ou não de verbas
• Transformar em um “favor” o cumprimento de leis que não o encaixem nos crimes citados em (a) e (b)
Observe que para aceitar isso é preciso de uma ética básica, que possa ser discutida sob qualquer âmbito racional. Nada mais, nada menos.
Enquanto isso, o que Mino Carta faz? Exatamente o oposto. Veja:
• Diz que uma organização de mídia deve ser prejudicada por ser contra o governo
• Define o posicionamento da publicação como critério para merecimento ou não de verbas
• Diz que o governo não deve fazer o “favor” de cumprir leis ou mesmo princípios éticos que demandam isonomia
É por isso que eu digo: se desmascararmos a encenação de gente como Mino Carta, eles não tem discurso. Ele simplesmente defende abominações morais e a prática do uso do Estado para favorecimento do partido no poder, e dos aliados deste partido.
O trabalho em questão, de página inteira no interior da edição, informa que entre os anos 2000 e 2013, as Organizações Globo ganharam 5,2 bilhões em publicidade das estatais e a Editora Abril mais de 500 milhões. A Folha faz questão de dividir a mídia nativa em dois campos. De um lado, a maioria das empresas, reunidas neste canto sem maiores esclarecimentos. Do outro, as “empresas alinhadas ao governo”, encabeçadas pela Editora Confiança, que publica Carta Capital, Carta na Escola e Carta Fundamental. E nós não passamos de 44,3 milhões.
Você ainda não está surpreso com o nível da cara de pau dessas figuras? Eles foram pegos recebendo verbas desproporcionais do governo (ou seja, seus cliques e visitantes valem 900% a mais do que aqueles dos órgãos não aliados ao governo) e, para esconder essa baixaria, mudam desonestamente o foco da discussão para o montante total, que não está sob discussão.
Vou explicar de forma tão clara que até um chimpanzé adestrado consegue entender:
• Imagine que mídia (x) tenha 100.000 visitantes, e receba 1 milhão
• Imagine que mídia (y) tenha 1.000 visitantes e receba 100.000 reais
• Isso mostra que (x) recebe R$ 10,00 por visitante, mas (y) recebe R$ 100,00 por visitante
• O problema de superfaturamento por visitante está em (y), não em (x)
• Os valores absolutos não significam nada quando estamos estudando a desproporcionalidade por clique/visitante
• Sabendo disso, essa gente diz “Ah, mas (x) recebe 1 milhão, e eu, (y), apenas 100.000 reais. Eu sou o coitadinho”.
Somente falta de vergonha na cara em escala patológica justifica o uso contínuo de tal truque. Deve ficar claro que todos os blogueiros defensores do governo se limitaram a um truque que deveria deixá-los envergonhados a ponto de não conseguirem nem mais olhar para seus próprios filhos.
Dirá o desavisado: alinhados e mal pagos. Vale aqui, antes de mais nada, uma reflexão. Que significa alinhado? No governo de Fernando Henrique, não vimos a cor de um único, escasso anúncio de estatal. E como se deu a nossa sobrevivência nos oito anos tucanos? Teria nos socorrido o ouro de Cuba ou de Moscou?
Mino, Mino… não chame seus leitores de retardados. Isso não é um desrespeito apenas com os opositores, mas principalmente com seus leitores.
Em 2002, no final do governo de Fernando, o modelo de publicação conhecido hoje como “blog” quase não era conhecido. Os blogs estatais não poderiam ter visto a cor do dinheiro estatal mesmo até por que não existiam.
Claro que se surgisse um governo tucano que cortasse verbas desses blogs apenas por apoiarem o PT isso seria errado. Mas isso não aconteceu.
E se antes as mídias menores não eram incluídas, hoje são. Mas isso não justifica a desproporção atual. E esse é exatamente o problema, que Mino é incapaz de perceber.
Ao listar os pretensos alinhados e ao não qualificar os demais, a Folha nos atribui o papel de jornalistas de partido e com isso fornece outra prova: como sempre, obedece aos seus naturais pendores e, no caso, manipula a informação e omite a qualidade dos demais, alinhados de um lado só, guiados pelo pensamento único enquanto, hipócritas inveterados, declamam sua isenção, equidistância, pluralidade. Ou seja, inventam e mentem.
Então o Sr. Mino Carta está desafiado a dizer qual publicação de baixo porte, de crítica ao governo, recebe verba estatal superfaturada. Vamos ver: Blog do Coronel? Ceticismo Político? Mídia sem Máscara? Mídia@Mais? Folha Política? Simplesmente nenhuma dessas organizações recebe um centavo do governo.
É um fato que nem mesmo as ostras são capazes de ignorar: no governo petista, somente órgãos de apoio ao governo recebem verba desproporcional.
Vale entender que na visão da Carta Capital, o problema número 1 é a herança de três séculos e meio de escravidão a manter de pé, até hoje, a casagrande e a senzala. Eis a primeira razão do atraso do Brasil.
Haja paciência…
No parágrafo anterior essa coisa tentou dizer que “não era alinhado”, ou era “de oposição crítica”. O discurso sempre fica por besteiras do tipo. Agora, na maior cara dura, ele lança uma propaganda petista patética, que só engana zumbis: “Olha, o PT defende o pessoal da senzala, os outros defendem a Casa Grande”. Propagandinha canalha e hipócrita até dizer chega.
O Brasil vive não somente uma crise moral, mas também a da razão. Talvez prepare o caminho para outra, maior e fatal. Algo é certo: o Brasil não está maduro para o jornalismo honesto.
A maior crise moral existe no fato de um governo depravado usar o Estado como se fosse seu, além de não ter vergonha de colocar seus cães latindo tentando nos convencer de que isso é aceitável.
Mas não estamos preparados mesmo. Jornalismo maduro, para este senhor, deve ser aquele que Nicolás Maduro criou na Venezuela. Acho que foi um ato falho da parte dele usar o termo “maduro” em uma situação tão constrangedora para a blogosfera estatal. E, é claro, para uma mídia suja recebendo dinheiro desproporcional do Estado para mentir e assassinar reputações de adversários, ninguém deveria estar preparado mesmo.
Editado por Epoch Times