O ex-ministro das ferrovias chinês Liu Zhijun enfrentará um processo por acusações de corrupção, anunciou a liderança do país. Isso representa o resultado de uma investigação de 15 meses sobre Liu e o Ministério das Ferrovias da China, que começou em fevereiro passado depois que Liu foi suspeito de corrupção e suspenso de seu mandato de oito anos como ministro das Ferrovias.
O Ministério das Ferrovias da China é frequentemente visto por observadores como um Estado dentro do Estado, e tem sido controlado por um longo tempo pela facção do ex-líder chinês Jiang Zemin. Liu, de 59 anos, supostamente faz parte da facção de Jiang, e subiu na hierarquia para se tornar o ministro das ferrovias em 2003 sob a influência e proteção de Jiang.
No entanto, em 2011, Liu foi associado a um caso de corrupção envolvendo uma empresária chinesa chamada Ding Yuxin. Ding havia obtido ilegalmente quase 1 bilhão de yuanes (158 milhões de dólares) em comissões, agindo como intermediária entre o ministério das ferrovias e empresas privadas, segundo o Financial Times, que citou fontes não especificadas na mídia chinesa. Ela teria dividido o dinheiro com Liu, além de lhe arranjar uma série de amantes. Liu foi então demitido de sua posição como ministro das ferrovias em 12 de fevereiro de 2011 e colocado sob investigação por corrupção.
Durante seu mandato como ministro das ferrovias, Liu presidiu a rápida expansão da rede ferroviária de alta velocidade da China. A segurança da nova rede foi questionada como consequência de um trágico acidente que aconteceu poucos meses após sua demissão, quando dois trens-bala colidiram em Wenzhou em 23 de julho de 2011, matando 40 e ferindo 172. Um relatório do Diário do Povo afirmou que “a tragédia (tem) sido atribuída à gestão imprópria”.
Na sequência do acidente, o primeiro-ministro Wen Jiabao foi amplamente relatado tendo explodido numa cena rara de indignação e criticou veementemente o ministério das ferrovias como sendo um “império independente”. Então, ele pressionou por novas investigações sobre o ministério das ferroviárias, que já tinha começado após a demissão de Liu, e isso resultou em novos casos de escândalos e corrupção no ministério sendo descobertos.
Uma fonte disse ao Epoch Times que depois que Zhou Yongkang e sua facção silenciosamente iniciaram um aumento dos preços dos bilhetes de trem, o que provocou revolta pública, e logo depois ocorreu a demissão de Liu, um aviso urgente foi emitido, “Recentemente, a Agência Central de Notícias realizou investigações sigilosas sobre o ministério das ferrovias sobre o aumento do preço dos bilhetes. Ninguém está autorizado a aceitar entrevistas. A qualquer sinal de repórteres disfarçados, comunique imediatamente a seu superior. Atenção especial deve ser dada a opiniões de empresários. Esta é uma questão muito importante. Qualquer medida necessária deve ser realizada de imediato, e eventuais problemas devem ser prontamente relatados a um assistente de propaganda do Partido.”
Liu foi oficialmente expulso do Partido Comunista Chinês (PCC) na segunda-feira e seu caso foi encaminhado para os “órgãos judiciais”, segundo o Diário do Povo, uma mídia porta-voz do PCC. O relatório citou suas “violações de disciplina” e a colisão de trem em Wenzhou como fatores que contribuíram para sua expulsão.
Os últimos acontecimentos não sinalizam nada de bom para o chefe de segurança chinesa Zhou Yongkang, do qual Liu é entendido como um aliado político. Tendo sido uma figura-chave no Partido, Zhou tem visto enfraquecer seu poder político após a queda de seu aliado Bo Xilai, outro alto oficial do PCC sendo investigado por corrupção.
Shi Zangshan, um especialista em China baseado em Washington DC, disse, “Politicamente, o desafio proporcionado por Zhou Yongkang a Wen Jiabao terminou em fracasso total. No entanto, Zhou tem oferecido um luta dura economicamente. A corrupção e o aumento dos preços pelo ministério das ferrovias estiveram por muito tempo sob os olhares atentos de ambos Hu e Wen. Na verdade, o ministério das ferrovias tem desempenhado um papel de liderança em dificultar a política econômica de Wen. No entanto, a demissão repentina de Liu Zhijun, e a mensagem enviada pelo ministério das ferrovias sugerem que Zhou está em sérios apuros. Os movimentos de Hu e Wen vieram como um aviso.”
O economista Hu Xingdou do Instituto de Tecnologia de Pequim disse à Rádio Free Asia, que o expurgo de Liu não foi suficiente para restaurar a fé do público no Partido. “Isso está longe de ser suficiente para uma sociedade altamente centralizada”, disse ele conforme citado. “Fundamentalmente, é mais importante e eficaz estabelecer a abertura da propriedade, a liberdade de imprensa e a independência do judiciário no governo.”