Uma vez considerado um candidato à liderança da China, Bo Xilai está agora em julgamento, tanto em seu próprio país como no Canadá.
O desgraçado ex-ministro do comércio era muito querido entre a elite de negócios do Canadá, uma figura carismática que ascendeu rapidamente sob o ex-líder chinês Jiang Zemin.
Mas o que alimentou a ascensão de Bo Xilai acabou queimando-o. Promovido por sua adesão zelosa aos esforços de Jiang Zemin para erradicar a prática espiritual do Falun Gong, Bo Xilai logo enfrentou ações judiciais em todo o mundo, inclusive no Canadá, por seus abusos.
Essas ações marcaram o ponto de virada em sua carreira e foram munição-chave que seus adversários políticos usaram para orquestrar sua queda.
A sorte de Bo Xilai parecia brilhante no 17º Congresso Nacional do Partido Comunista Chinês (PCC) em 2007. Ele parecia destinado a ascender de ministro do comércio a vice-premiê até que o atual premiê Wen Jiabao afirmou que as ações judiciais dos adeptos do Falun Gong movidas contra Bo Xilai faziam-no uma má escolha para a promoção.
Detalhes de sua queda vieram à tona por meio de notas diplomáticas publicadas pelo Wikileaks.
“O premiê Wen Jiabao argumentou contra sua promoção, citando as inúmeras ações judiciais apresentadas contra Bo Xilai na Austrália, Espanha, Canadá, Inglaterra, Estados Unidos e em outros lugares por membros do Falun Gong”, disse uma fonte citada num documento de 2007 de Simon Schuchat, o oficial vice-diretor do consulado-geral dos EUA em Shanghai.
“Wen Jiabao argumentou com sucesso que a exposição internacional significativamente negativa de Bo Xilai fazia dele um candidato inadequado para representar a China num nível ainda mais elevado internacionalmente”, disse a fonte.
Em vez de ser promovido, Bo Xilai foi enviado para a região propensa a problema de Chongqing, a maior cidade do mundo e um lugar espinhoso para governar devido à corrupção, problemas ambientais e outras questões de difícil solução.
“A mudança de Bo Xilai para Chongqing coloca um concorrente ambicioso, arrogante e amplamente detestado por uma posição superior numa posição cheia de problemas longe de Pequim”, disse a fonte, segundo o informe diplomático.
Ação canadense
Agora, enquanto em julgamento na China por corrupção e outras acusações, uma ação judicial contra Bo Xilai continua a avançar num tribunal de Toronto.
O processo foi aberto por Jin Rong, uma contadora de 32 anos que agora vive em Toronto. Ela foi presa e torturada em duas ocasiões em 2000, quando vivia na cidade de Dalian, província de Liaoning, onde Bo Xilai foi prefeito e vice-secretário do Comitê do PCC na província.
A primeira detenção de Jin Rong aconteceu depois que ela foi ao Gabinete de Recursos de Pequim para apelar contra a proibição do Falun Gong decretada por Jiang Zemin em 1999. Ela foi presa por exercer o que no papel é um direito legal na China e enviada de volta para Dalian, onde foi presa no Centro de Detenção de Yaojia por 17 dias.
Ela foi mantida numa sala com outros 30 presos, cerca de metade dos quais eram adeptos do Falun Gong. Ela se recusou as demandas de assinar uma declaração de garantia de não praticar o Falun Gong. Durante o dia, ela foi forçada a fazer trabalhos manuais e também foi multada.
Isso foi em janeiro. Em abril daquele ano, ela foi presa novamente quando se recusou a assinar outra carta de renúncia ao Falun Gong imposta a ela por um funcionário da universidade.
A segunda detenção durou um mês e incluiu sessões de lavagem cerebral, quando ela e outros adeptos do Falun Gong foram forçados a assistir programas de vídeo difamando a prática, muitos deles transmitidos pela China Central de Televisão (CCTV). Se eles se recusassem a assistir, eles eram trancados em seus quartos.
“Bo Xilai realmente machuca as pessoas”
Jin Rong viu colegas praticantes serem espancados regularmente. “Eu quero que as pessoas, especialmente no Canadá, saibam que Bo Xilai realmente machuca as pessoas”, disse ela numa entrevista.
Um dia, Jin Rong viu a colega praticante He Yuhong, uma engenheira de 29 anos, arrastada pelos cabelos de um grupo de praticantes que ela tinha sugerido reunir e conversar.
Os guardas a arrastaram para outra sala e espancaram-na com bacias de plástico e metal. “Nós podíamos ouvi-la gritando e o som das bacias atingindo-a”, disse Jin Rong.
“Eu estava muito preocupada e só queria quebrar a porta e ficar perto dela imediatamente. Todos os praticantes tinham a mesma sensação de chegar perto dela e parar a tortura dos policiais.”
A única maneira de protestar na prisão é a greve de fome, algo a que Jin Rong recorreu em sua segunda detenção. Os guardas prisionais usaram a alimentação forçada como um tipo de tortura, disse ela. Um guarda contou a Jin Rong como um prisioneiro do Falun Gong morreu por causa do processo.
Quatro ou cinco dias depois de sua greve de fome, a polícia ameaçou submetê-la a alimentação forçada e levaram-na para assistir a dois praticantes do Falun Gong sendo alimentados à força. Eles foram amarrados e tinham um tubo de borracha inserido através de suas narinas que estava coberto de sangue quando retirado.
Colheita forçada de órgãos
Mas em comparação com muitos, Jin Rong teve sorte. Bo Xilai reinou sobre uma das mais sangrentas repressões ao Falun Gong durante seu tempo como prefeito e depois governador da província.
Ele também está vinculado à colheita forçada de órgãos de praticantes vivos do Falun Gong. Seu braço direito e ex-chefe de polícia Wang Lijun até ganhou um prêmio pelo desenvolvimento de drogas que tornavam a colheita de órgãos mais eficiente.
Ao aceitar o “Prêmio Especial de Contribuição à Inovação de Guanghua”, Wang Lijun admitiu presidir milhares de transplantes.
Posteriormente, Wang Lijun tentou desertar para o consulado dos EUA em Chengdu, provocando acontecimentos que levaram à cassação de Bo Xilai.
Bo Xilai foi conhecido por forçar seus subordinados a realizarem brutalidades contra praticantes do Falun Gong ao longo de vários cargos. O Campo de Trabalho de Masanjia, na província de Liaoning, tornou-se sinônimo da tortura mais severa a praticantes.
Bo Xilai teria demitido funcionários que não cumpriam sua campanha contra o grupo de meditadores pacíficos.
Ele não se defendeu contra o processo de Jin Rong, embora a associação de advogados do regime chinês argumente que Bo Xilai tem imunidade de Estado por conta de sua posição no Partido Comunista Chinês.
Se esse argumento se sustentará agora que Bo Xilai está prestes a ser julgado na China por seus abusos será visto em breve.
—
Epoch Times publica em 35 países em 19 idiomas.
Siga-nos no Facebook: https://www.facebook.com/EpochTimesPT
Siga-nos no Twitter: @EpochTimesPT