Pesquisadores australianos desenvolveram uma substância que parece e se comporta como o solo da superfície lunar e pode ser misturado com polímeros para criar ‘concreto lunar’; uma descoberta que pode ajudar na construção de plataformas de pouso seguras e minas na Lua.
Valiosos minerais de terras raras, hidrogênio, oxigênio, platina e o combustível de fusão nuclear não-radioativo Hélio-3 (He-3) são abundantes na Lua. A NASA e outras agências espaciais têm mostrado interesse na mineração lunar, mas os EUA ainda estão para ratificar um tratado de 1984 que regularia estritamente a extração de recursos da Lua.
No entanto, mesmo que a mineração da Lua seja permitida, as condições lunares são tão diferentes das condições na Terra que novas máquinas podem ter de ser inventadas para explorar os recursos encontrados lá.
Além disso, o custo do transporte de materiais feitos na Terra seria proibitivo, forçando os cientistas a pensarem em maneiras de construir determinados equipamentos usando apenas os recursos encontrados na superfície lunar.
Uma equipe de pesquisadores liderada pelo Dr. Leonhard Bernold, professor-associado de engenharia civil da Universidade de Nova Gales do Sul, criou um novo simulador do solo lunar que muito se assemelha as amostras trazidas pelos astronautas da Apollo.
O Dr. Bernold disse que tal simulador é essencial para testar sistemas de mineração lunares na Terra e pode ajudar os pesquisadores a desenvolverem maneiras de criar um tipo de concreto sem água usando poeira lunar, um componente do material da superfície lunar conhecido como regolito.
“Nós agora sabemos bastante sobre as propriedades mecânicas do regolito na Lua para que possamos criar algo que o simule. Nós tentamos simulá-lo tão próximo quanto possível”, disse o Dr. Bernold.
O simulador do solo lunar do Dr. Bernold é composto principalmente de partículas muito finas de basalto retiradas de uma pedreira em Kulnura na Costa Central de Nova Gales do Sul.
“Essas partículas são um subproduto do esmagamento do basalto para servir como agregado na confecção de concreto ou asfalto, mas são pequenas demais para serem úteis e têm de ser jogadas fora”, disse o Dr. Bernold.
“Na lua, essas pequenas partículas são abundantes, tendo sido criadas por pequenos meteoritos que atingem a superfície lunar em alta velocidade ao longo de milhões de anos, quebrando assim as pedras maiores em partículas minúsculas.”
Além de proporcionar uma substância em que técnicas de mineração terrestre possam ser testadas, o simulador de solo também pode ser misturado com polímeros para criar um concreto lunar, disse o Dr. Bernold.
“Assim, por exemplo, podemos encontrar maneiras de utilizar recursos in situ para construir uma pista de aterrissagem de foguetes na Lua. Quando os foguetes estão pousando, eles sopram partículas finas do solo como um jato de areia que atinge tudo ao redor”, disse ele, acrescentando que uma pista adequada na Lua reduziria o efeito perigoso do jato de areia.
“Tudo que enviarmos da Terra custará muito dinheiro, por isso, queremos fazer o máximo que pudermos a partir do material que está disponível na Lua em abundância.”
O Dr. Bernold, que comentou que a NASA mostrou interesse por suas descobertas, está apresentando seu simulador esta semana no Fórum de Mineração fora da Terra, patrocinado pela Universidade de Nova Gales do Sul (UNSW).
O Prof. Andrew Dempster, diretor do Centro Australiano de Pesquisa de Engenharia Espacial (ACSER) da UNSW, disse que um simulador do solo lunar ajudaria os pesquisadores a entenderem melhor as propriedades da poeira lunar.
“O valor principal deste trabalho está relacionado com os solos na Lua serem tão diferentes dos tipos de solo na Terra e os tipos de solo que a maioria das máquinas de mineração tem lidado”, disse ele.
Tratados internacionais e leis especiais sobre o espaço seriam necessários para lidar com a questão dos direitos de propriedade sobre o material extraído da Lua, disse o Dr. Dempster.
“Eu entendo que há um argumento ambiental em torno disso também, mas se você fosse minerar a Lua, um asteroide ou outros planetas, não terá o impacto ambiental que a mineração local teria na biosfera nativa. É uma forma de minerar em que o processo de mineração em si não produz qualquer impacto ambiental negativo”, disse ele.
“Obviamente, no entanto, você precisa produzir uma grande quantidade de energia para ir e fazer isso.”
Estudantes que trabalham com o Dr. Bernold estão estudando métodos para coletar e armazenar a energia do calor solar na Lua numa espécie de ‘bateria lunar’ usando materiais encontrados na Lua.
Este artigo foi publicado originalmente em The Conversation.
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