Mineração chinesa contamina rios e destrói reserva nacional no Peru

22/11/2013 08:47 Atualizado: 22/11/2013 08:47

Continua o desmatamento e a poluição dos rios pela atividade mineradora perpetrados por cidadãos chineses na zona-tampão da Reserva Nacional El Sira, localizada na província de Puerto Inca em Huánuco, Peru.

Durante meses, houve protestos contra negócios relacionados à empresa chinesa Shuan Ghesheng Group SAC, e inclusive o Ministério do Meio Ambiente anunciou em setembro sua imediata expulsão, no entanto, um repórter peruano afirmou que eles continuam a trabalhar normalmente e afirmam estar tramitando as licenças.

Retroescavadeiras e dragas estão deixando a “paisagem desolada”, informou a mídia Actualidad Ambiental. “Não importa ao presidente nem aos funcionários do Governo Regional de Huánuco, que não têm escrúpulos em fazer concessões nessas áreas e a organizações que não demonstram o mínimo respeito por boas práticas ambientais”, reclamou o Panorama.

Este crime relatado num vídeo do Panorama em 10 de novembro é mais uma das acusações contra chineses do mesmo grupo. O Ministério do Meio Ambiente disse em 12 de novembro que os crimes são cometidos pelos cidadãos chineses Lin Zhu e Yu Huihua.

Desde 2001, a Reserva Nacional El Sira, localizada entre a floresta tropical e as montanhas, foi declarada uma zona de proteção ao redor da floresta nativa.

O Ministério do Meio Ambiente confirmou que estes cidadãos chineses “fazem mineração ilegal com máquinas pesadas, destruindo a floresta e poluindo as águas”, e a procuradoria de crimes ambientais os incluiu numa investigação sobre o tráfico de produtos químicos e máquinas destinados a mineração ilegal do chinês Yi Yuanguang, por meio da empresa Shuan Ghesheng Group SAC.

Autorização em zonas-tampão

“Na reportagem (do Panorama), aparecem Lin Zhu e o sócio Yi Yanguang, que já foi denunciado por várias mídias. Ambos são acionistas da empresa Shuan Ghesheng Mining Group”, disse César Ipenza, da Sociedade Peruana de Direito Ambiental (SPDA), segundo o Actualidad Ambiental.

Ipenza acrescentou: “O que chama a atenção são as declarações de Lin Zhu, que observa que estão ‘tramitando’ mais licenças por meio de seus sócios. Que tramitação estes cidadãos estariam conseguindo se eles deveriam estar fora do processo de formalização, como anunciado pelo Ministério de Minas e Energia? Eles não foram removidos do processo?”, denunciou o ambientalista.

Neste sentido, Ipenza disse que após Yi Yanguang ser denunciado por extração ilegal em Cusco, Madre de Dios e Huánuco, o ministro do Meio Ambiente peruano Manuel Pulgar-Vidal declarou em setembro passado que vários estrangeiros, incluindo Yi Yanguang, chegam ao país para financiar a aquisição de ferramentas utilizadas nesta atividade ilícita e alguns se envolvem na exploração de ouro em áreas não permitidas. Sobre estes cidadãos chineses, ele disse que seriam expulsos do país por não regularizarem sua situação.

“Infelizmente parece que estes cidadãos chineses continuam violando as leis e enganando as autoridades”, disse Ipenza.

Cusco

Yi Yanguang é investigado pela Secretaria do Meio Ambiente de Cusco pela prática de crimes ambientais na forma de tráfego de máquinas destinadas à mineração ilegal, acrescentou a reportagem.

Deste cidadão chinês foi apreendido um trator no distrito de Quincemil, quando este era reparado, conforme detalhado na Provisão Fiscal N 01-2013. Na audiência de apelação, “Yi Yanguang exigiu o retorno de seu equipamento alegando que nunca realizou mineração ilegal e que suas retroescavadeiras e dragas realizavam apenas atividades a pedido da cidade de Huánuco e eram destinadas as estradas”, informou a mídia peruana.

O Actualidad Ambiental destacou que o advogado de Yi Yanguang é Rafael Castillo Ísmodes, que defendeu Joy Way que foi condenado por favorecer empresas chinesas com licitações do governo para a compra de tratores, no mesmo processo que condenou o ex-ministro do regime de Fujimorti a sete anos de prisão.