Mineração de carvão na China dispensa 100 mil trabalhadores

02/10/2015 11:31 Atualizado: 02/10/2015 11:31

O mais importante para o regime chinês é manter o controle. Enquanto as pessoas não se rebelam, ele pode até mesmo controlar os altos e baixos da economia como a queda do mercado de ações e a desvalorização de sua moeda.

Mas o que o regime não pode permitir é o desemprego generalizado. Até agora as coisas estavam indo muito bem, com uma taxa de desemprego estável de 4% ao longo dos últimos cinco anos.

No entanto, este fim de semana (26/09) as coisas mudaram quando o Longmay Mining Holding Group, de Heilongjiang, do Longmay Group, dispensou 100 mil trabalhadores. A empresa é a maior mineradora de carvão metalúrgico no nordeste da China e costumava empregar 240 mil pessoas.

Taxa de desemprego na China (tradingeconomics.com)
Taxa de desemprego na China (tradingeconomics.com)

Mesmo para um país como a China que “gera muito mais empregos do que lucros”, segundo o investidor bilionário Wilbur Ross, em algum momento, o desempenho econômico começa a importar.

A empresa perdeu 815 milhões de dólares em 2014 e está lutando para pagar suas dívidas. A queda nos preços das commodities e a fraca demanda foram um duro golpe para Longmay. De acordo com o Credit Suisse, o índice que mede o consumo de energia, os novos empréstimos e o tráfego ferroviário cresceram cerca de 0%: em outras palavras, não há crescimento.

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O carvão é a principal fonte de energia na China, e empresas como Longmay investiram pesadamente para aumentar a produção, acreditando que o crescimento continuaria.

Porém, tanto eles como outros se decepcionaram e agora devem enfrentar a realidade da falência, um conceito antes proibido em uma economia de controle centralizado.

Além das demissões, a empresa também está vendendo seus ativos não relacionados ao carvão, aumentando assim a pressão sobre os bens industriais.

Este é o primeiro anúncio de demissões em massa este ano, mas o descontentamento cresce em toda a China. De acordo com o Wall Street Journal, desde janeiro, o China Labour Bulletin relatou 1.600 protestos e greves trabalhistas na China, mais do que o ano passado, que somatizou 1.379 eventos.

Entretanto, há outras fontes que dizem que a situação de desemprego não é tão ruim, apesar das manchetes. O Livro Bege da China, que é distribuído para milhares de empresas chinesas, disse que o emprego está razoavelmente estável. Seu estudo foi publicado uma semana das demissões em massa de Longmay.