Mineiro de carvão chinês sacrifica seu futuro pela educação dos filhos

22/03/2013 13:59 Atualizado: 22/03/2013 13:59
Lan Tianzhong, da provincial de Sichuan, numa reportagem da Guangdong Televisão. Ele resignou-se a viver com os pulmões negros e doentes, desde que os filhos possam ter educação (The Epoch Times)

Um artigo recente sobre mineiros de carvão na China descreveu a história de um homem de 50 anos que está morrendo da doença do pulmão negro para que seus filhos possam ir à faculdade.

Lan Tianzhong, da província de Sichuan, é um dos 16 trabalhadores da Mina de Carvão Taixi no distrito de Fangshan em Pequim e foi diagnosticado em 2010 com pneumoconiose ocupacional, também conhecida como doença do pulmão negro. Os homens processaram a mina e foram premiados com um pagamento único de 80 mil yuanes (US$ 12.800) para despesas médicas e compensação por deficiência, segundo uma reportagem do Beijing News em 20 de março.

No entanto, os trabalhadores apenas receberam suas compensações após apelar no tribunal em dezembro de 2011. Lan Tianzhong foi ao Tribunal Fangshan em Pequim para receber seu pagamento e foi entrevistado pelo jornal Beijing News.

Ele descreveu as terríveis condições na mina, onde todos estavam constantemente cobertos de pó de carvão. “Após três dias, começamos a tossir e até nosso catarro era negro”, disse ele. Quando ia começar seu terceiro ano na mina, ele preparou seu testamento antes de sair de casa para o trabalho.

Os homens trabalhavam por 2 mil yuanes (US$ 322) por mês, o que era suficiente para cobrir suas despesas familiares e a educação dos filhos. “Tudo que quero é que meus filhos possam sair desta pobre região montanhosa”, disse Lan Tianzhong, explicando porque os aldeões trabalham nas minas. “Eu aceitei meu destino, mas não me arrependo. Estou trocando minha vida para meus filhos irem à faculdade. Pelo menos eles não terão de viver como eu.”

A mídia estatal Xinhua informou em 8 de março que o número de pessoas com pneumoconiose têm aumentado para dezenas de milhares a cada ano, embora as estatísticas oficiais subestimem a realidade.

Desde 1950, houve 749.970 casos documentados de doenças profissionais, das quais 676.541 eram pneumoconiose e 22% ou 149.110 dessas pessoas já morreram. Desde 2010, houve 527.431 pacientes com pneumoconiose na China, segundo o Ministério da Saúde.

Um relatório de 17 de janeiro da China News disse que apenas cerca de 10% dos pacientes com pneumoconiose foram formalmente diagnosticados e tratados.

A história de Lan Tianzhong desencadeou discussões acaloradas na internet, com alguns chamando a atenção para o abismo entre ricos e pobres na China.

Um internauta de Pequim comentou, “A coisa mais triste é que mesmo que as crianças se graduem na faculdade, elas podem não ser capazes de ter uma vida decente. Pode-se trocar a vida pela faculdade, mas ele só tem uma vida. O que ele poderia trocar pelo emprego dos filhos, casa, segurança…?”

Outro comentou que o produto interno bruto da China é “constituído de suor e sangue”.

Li Chunni, que trabalha para uma instituição de caridade dedicada à pneumoconiose e chamada “Amor pelo Ar Puro”, escreveu, “Contar aquele dinheiro equivale mais a contar os dias restantes de vida. Quanto custa uma vida?”

Outro internauta referiu-se ao discurso recente do líder chinês Xi Jinping sobre um “Sonho da China”: “Esqueça este sonho e aquele sonho. É apenas uma coisa: respeito pela vida!”

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