Esse é o momento de voltar a realidade e avaliar os erros. Os equívocos foram no planejamento de campanha? Na divulgação dos projetos, ou simplesmente a culpa foi da situação financeira, falta de verba para investir em campanhas? Se houvesse uma campanha para arrecadar fundos para as campanhas a Família Militar iria contribuir? Por que não votaram nos candidatos da categoria? Todos sabiam que eles existiam?
Convivemos intensamente com candidatos ligados aos militares por pelo menos dois anos seguidos. Desde 2012, época da preparação das candidaturas, propostas, planos e contas. Todos eles se mostraram otimistas. Nenhum deles fez um cálculo sobre quanto poderia retornar aos empresários que investiram em suas campanhas, simplesmente porque não houve investimento de empresários. O único investimento foi dos próprios bolsos. Quase sem dinheiro, se concentraram principalmente nas redes sociais, ferramenta principal para quem não tem grana e tempo na televisão.
O cabo bombeiro Daciolo, no Rio de Janeiro, foi eleito para Deputado Federal. A categoria a que pertence endossou com votos o seu esforço por melhores condições de trabalho e melhores salários. Daciolo foi preso por participar de manifestações em 2012 e a mídia carioca divulgou isso amplamente, ele se tornou conhecido por isso. O agora deputado federal cabo Daciolo foi eleito com 49.827 votos e terá imunidade parlamentar. A partir da posse poderá liderar qualquer manifestação e levar qualquer reivindicação sem medo de ser trancafiado numa cela feita para criminosos.
A família militar carioca votou em peso em Jair Bolsonaro. Também votaram em Jair Bolsonaro muitos daqueles que percebem o PT e aliados como um grupo que tem concorrido para a destruição do país. Os 460 mil votos recebidos por ele poderiam levar para o Congresso pelo menos 10 deputados. Mas como poder-se-ia equacionar isso? O voto é só um por pessoa e os outros candidatos militares são de outros partidos. Talvez com a criação do PMB isso se resolva, pois um candidato com enorme votação “carregaria” os que estão mais abaixo no mesmo partido, mas infelizmente não é esse o caso agora.
Os candidatos militares Gerson Paulo e Bruno nascimento, ligados ao PMB, que se candidataram também pelo Rio de Janeiro, exaustivamente divulgaram fotos e mais fotos de pessoas comuns que os apoiavam em suas candidaturas, foram milhares de fotos. Porém, Gerson Paulo, presidente do PMB carioca, obteve 3.380 votos. Bruno Nascimento obteve 3.778 votos e o Sargento Feliciano, candidato que “fez das tripas coração” para se tornar conhecido, obteve 1.977 votos.
Outros candidatos cariocas obtiveram votações também na mesma proporção. O Sargento Marcelo machado obteve 2.668 votos. Sargento Rogério, que também sofreu perseguições, ficou com 2.291 votos e o Comandante Ribeiro Afonso, oficial experiente na política, obteve 5.839 votos, também insuficientes para sua eleição. No Rio, somando-se a grosso modo os votos recebidos pelos candidatos a deputado federal ligados aos militares, chegaríamos a casa dos 35 mil votos, quantitativo suficiente para eleger apenas um deles.
Construindo o futuro
Boa notícia é a eleição do Capitão Augusto Rosa em São Paulo, com 46 mil votos, e a expressiva votação do Astronauta Marcos Pontes, que recebeu mais de 43 mil votos. Esses dados podem alavancar a regularização do Partido Militar Brasileiro e deixá-lo apto já para as próximas eleições.
Em Minas Gerais a sociedade militar não é tão grande assim, mas ha gente suficiente para eleger pelo menos um deputado federal. Com a inexistente verba de campanha, os candidatos Kelma Costa e General Marco Felício fizeram o que puderam para levar seu nome ao conhecimento de milhares de militares da ativa, reservas e pensionistas. Mas, sabemos muito bem que nem todos têm nas redes sociais a principal forma de obter informações. Kelma Costa obteve 4.222 votos e o General Marco Felício obteve 7.755. Nenhum dos dois sequer ficou entre os 100 primeiros. O candidato menos votado e eleito em Minas Gerais precisou de 45 mil votos. O general M. Felício obteve um bom número, certamente por conta de seu posicionamento frente as questões surgidas durante as discussões em torno das comemorações do cinquentenário da ação militar de 1964, que o tornaram bastante conhecido em todo o país, recebeu votos de muita gente “não militar” que simpatiza com seu pensamento. Contudo, somados os votos de Kelma e Marco Felício teríamos 12 mil votos, com isso não se elegeria um deputado federal em Minas.
No Distrito Federal tivemos vários candidatos. A candidata a deputada distrital Ivone Luzardo, conhecida nacionalmente por liderar manifestações em favor dos militares, por incrível que pareça, recebeu apenas 2.499 votos. No Distrito Federal o somatório de votos dos candidatos ligados à família militar, que é em torno de 21 mil votos, seria capaz de eleger facilmente um representante na Câmara Distrital. O candidato menos votado e eleito no DF foi Luzia de Paulo, com 7.400 votos, e houveram vários eleitos com 10 e 10 mil votos.
A mobilização da sociedade militar vista nesse pleito foi importante, mas a quantidade de votos não refletiu o que acontece nas redes sociais e conversas offline sobre a questão “militares e política”. Com a masssa crítica e experiência obtidas nesse período cremos que se ha de conseguir solucionar esse problema e já nos próximos anos obter um resultado bem mais expressivo.
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