Tropas, tanques, caminhões, artilharia e veículos blindados de transporte de pessoal do Exército da China foram vistos a caminho da fronteira do Vietnã em 16 e 17 de maio, segundo fotografias de residentes perto da fronteira.
Internautas chineses têm postado fotos do grande movimento do Exército da Libertação Popular, muitas delas mostrando tropas chinesas carregadas de equipamentos de combate indo para a estação de trem local na cidade de Chongzuo, juntamente com veículos militares.
Um internauta disse que o exército chinês estava embarcando em trens na estação de Chongzuo para a cidade de Pingxiang, que compartilha uma fronteira de 100 quilômetros com o Vietnã. O internauta disse que o Portão de Fronteira Huu Nghi para o Vietnã também estava fechado.
Uma das fotos, tirada de dentro de um trem de passageiros, mostra militares chineses preparando artilharia para o transporte num trilho de trem. Outras mostram tropas chinesas e veículos militares viajando ao longo de estradas de terra e rodovias.
Outra fotografia mostra soldados andando sob a entrada vermelha do ‘Mercado Internacional Longzhou de Materiais de Construção’, na Rota Provincial da cidade de Chongzuo.
Uma pesquisa de rastreamento das imagens no Google indicou que as fotografias apareceram na internet recentemente. A maioria delas foi indexada por meio do Google no sábado.
Coletivamente, as imagens e os relatos de testemunhas locais mostram que a mídia de Taiwan está alertando para um “fluxo interminável” de soldados chineses.
Um internauta de pseudônimo ‘Zhiyuan0703’ ecoou um sentimento comum na mídia social chinesa: “Um conflito entre a China e o Vietnã é iminente.”
Plataforma de petróleo controversa
O movimento de tropas ocorre em meio a crescentes protestos anti-China no Vietnã. Eles começaram na semana passada após a petrolífera estatal chinesa CNOOC começar a implantar uma plataforma de petróleo a 120 milhas náuticas do Vietnã, em águas próximas às disputadas Ilhas Paracel.
Os protestos começaram com cerca de 100 pessoas na cidade de Ho Chi Minh no sábado passado, cresceram para mais de mil pessoas em Hanói no domingo e posteriormente se transformaram em tumulto generalizado. Os manifestantes queimaram fábricas estrangeiras e estima-se que 21 pessoas foram mortas, incluindo um trabalhador chinês, numa usina siderúrgica de Taiwan.
A China suspendeu alguns planos de troca bilateral com o Vietnã, cujos detalhes não foram especificados, em resposta aos protestos, segundo a Xinhua, uma mídia estatal porta-voz do regime chinês.
A China evacuou mais de 3 mil de seus cidadãos do Vietnã e anunciou no domingo que está enviando cinco navios para ajudar com as evacuações. De acordo com a Xinhua, a China emitiu advertências de viagem para seus cidadãos que viajam para o Vietnã.
O artigo acrescentou, citando um representante do Ministério das Relações Exteriores: “A China também considerará tomar outras medidas de acordo com o desenvolvimento da situação.”
A China está atualmente envolvida em conflitos territoriais com quase todos os seus vizinhos. As tensões têm se tornado particularmente intensas devido às reivindicações da China sobre os territórios disputados nos Mares do Sul e do Leste da China.
Estados Unidos respondem
Fang Fenghui, o chefe do Estado-Maior do Exército chinês, falou com repórteres no Pentágono em 15 de maio, ao lado do chefe do Estado-Maior dos EUA, o general Martin Dempsey.
Fang defendeu a exploração de petróleo da China nas águas disputadas com o Vietnã. Ele também alertou os Estados Unidos sobre tomarem um partido, dizendo por meio de um tradutor chinês: “Não há possibilidade de que essas questões possam afetar ou perturbar o relacionamento entre os dois países e seus militares.”
O secretário de imprensa da Casa Branca, Jay Carney, reiterou a posição dos EUA sobre a plataforma de petróleo da China numa conferência de imprensa em 15 de maio.
Ele disse que a plataforma de petróleo da China, que o regime chinês instalou acompanhada de “várias embarcações do governo”, é um “ato de provocação e aumenta as tensões na região, e ao fazer isso torna mais difícil solucionar as reivindicações sobre o território disputado de forma construtiva em direção à paz e à estabilidade na região”.
Carney disse que os Estados Unidos não têm uma posição sobre as reivindicações territoriais, mas “nós temos uma posição sobre a conduta dos requerentes, que devem resolver suas disputas pacificamente, sem intimidação, sem coerção e de acordo com o direito internacional.”
Quanto à plataforma de petróleo da China e às tensões criadas em torno dela, Carney disse: “Consideramos este ato provocativo e que é isso prejudica o objetivo que compartilhamos, que é a resolução pacífica desses conflitos e a estabilidade geral na região.”