As autoridades chinesas prenderam dezenas de trabalhadores de uma fábrica da Foxconn em Chengdu no sudoeste da província de Sichuan na semana passada após um confronto com as forças de segurança.
O artigo foi originalmente publicado pelo website estrangeiro Molihua, especializado na promoção dos direitos humanos na China, dizendo que milhares de pessoas na fábrica participaram na agitação. A Foxconn baseada em Taiwan é a maior fabricante mundial de componentes eletrônicos, com clientes como Apple, Sony e Microsoft.
Dezenas de pessoas foram presas no confronto, que supostamente ocorreu após os seguranças “tentarem pegar um ladrão”, disse o website. Após o incidente, vários trabalhadores que tinham problemas com os seguranças tentaram afastá-los, fazendo a situação sair do controle.
Alguns trabalhadores que participavam da rebelião atiraram objetos, incluindo cadeiras, garrafas de cerveja, pratos e latas de lixo e saquearam instalações do edifício.
As autoridades locais enviaram centenas de policiais e outras forças de segurança para pôr fim ao grande tumulto que durou duas horas. A polícia prendeu dezenas de pessoas.
O fábrica da Foxconn de Chengdu emprega cerca de 120 mil trabalhadores que produzem principalmente monitores de cristal líquido (LCD) para iPhones da Apple. A planta foi local de uma grande explosão no ano passado, que matou dois trabalhadores e feriu outros 16.
A empresa de eletrônicos tem sido frequentemente criticada por submeter seus empregados a condições de trabalho perigosas, condições de vida precárias e pelo mau tratamento de seus trabalhadores. As alegações foram trazidas à luz depois que vários funcionários da Foxconn se suicidaram em 2010, levando seu presidente, Terry Gou, a emitir um pedido público de desculpas.
Uma investigação realizada pela Associação de Trabalho Justo norte-americana constatou que havia vários problemas com as condições de trabalho nas fábricas da Foxconn na China, de acordo com um relatório de março, que realizou um levantamento de cerca de 35.500 trabalhadores selecionados aleatoriamente.
Constatou-se “horas extras excessivas e problemas com a remuneração das horas extras, vários riscos de saúde e de segurança e falhas de comunicação cruciais que levavam a um sentimento generalizado de condições inseguras de trabalho entre os trabalhadores”.
No mês passado, a Apple disse que dividirá os custos iniciais na tentativa de melhorar suas condições de trabalho nas fábricas da Foxconn na China, segundo relatos da época.
A Foxconn, num comunicado à PC Magazine, disse que os funcionários se revoltaram depois de um “desacordo com o proprietário de um restaurante localizado em [Chengdu]”.
“Fomos também informados de que os empregados posteriormente retornaram a suas residências fora do campus, administradas por e de propriedade de empresas terceirizadas, momento em que uma série de outros residentes também se envolveram no desentendimento e a polícia local foi chamada ao lugar para restaurar a ordem”, diz a declaração.
“A Foxconn está cooperando com as autoridades policiais locais em sua investigação neste incidente”, acrescentou o comunicado.
Liu Kun, porta-voz da Foxconn, disse ao Diário da China, uma mídia estatal do regime chinês, que o motim foi iniciado por trabalhadores numa fábrica associada com a Foxconn e não na planta de Chengdu. Os trabalhadores, acrescentou ele, se embriagaram num restaurante e começaram a atirar coisas ao redor.