Depois de passar uma semana numa zona inundada, sem receber qualquer ajuda, os moradores da cidade de Yuyao, na província de Zhejiang, na costa leste da China, foram às ruas furiosos.
Em seguida, as autoridades comunistas locais enviaram cerca de 2 mil policiais para reprimi-los – mais pessoal do que foi dedicado aos esforços de resgate – o que deixou as pessoas ainda mais enfurecidas. Eles subiram em viaturas da polícia, quebraram janelas de ônibus e arrancaram os caracteres “Servir o Povo” do muro de um complexo do Partido Comunista Chinês (PCC).
“Há dezenas de milhares de pessoas aqui e mais estão chegando”, disse o residente Zheng numa entrevista ao Epoch Times em 13 de outubro. “A enchente aqui está horrível, mas o governo não tem feito muito e tenta ocultar o desastre. Assim, nós viemos exigir uma explicação.”
Apenas três dias antes, o secretário do PCC na cidade, Mao Hongfang, apareceu numa entrevista na televisão dando a si mesmo uma nota positiva por seus esforços nas inundações. “Não estou me gabando, mas eu respondi muito rapidamente ao alerta de tufão. Eu receberia 60 pontos por meu trabalho humanitário”, disse Mao na entrevista.
Os moradores pareciam pensar que a pontuação seria muito mais baixa e talvez perto de zero fosse mais adequado. “Mao Hongfang dos 60 pontos, Renuncie”, dizia um cartaz exibido pela multidão. Dezenas de pessoas tinham suas mãos estendidas com smartphones e câmeras, gravando a cena.
Por vários dias, os moradores reclamaram não haver comida ou bebida. “De fato, não há comida, então as pessoas se aglomeram quando alguma é enviada para cá”, disse Lu, residente de Yuyao, em entrevista por telefone. Após o tufão Fitow atingir a província em 7 de outubro, 70% de Yuyao foi inundada, com trânsito impedido, comunicações disfuncionais e ausência de água e eletricidade.
Os moradores de Yuyao postaram centenas de imagens na internet, tanto do protesto como da resposta das forças de segurança. Numa imagem, uma menina pressiona uma ferida na cabeça com um lenço e sangue escorre por seu braço e pescoço; outra imagem mostra um jovem de óculos com sangue na testa, provavelmente agredido por um policial. Muitas dessas imagens foram posteriormente excluídas da internet e os internautas se queixaram da falta de informação na mídia chinesa. Nada sobre o protesto podia ser encontrado em buscas no Baidu, segundo um blogueiro.
Outros ficaram furiosos com a falsa cobertura. Uma reportagem de 11 de outubro na mídia estatal Ningbo Televisão (NBTV) disse: “Luzes de néon estão por toda parte em Yuyao agora. O rio está pacífico e a vida das pessoas voltou ao normal.” Moradores irritados rastrearam o repórter e quebraram as janelas da viatura policial onde ele estava. A polícia de choque foi mobilizada em 15 de outubro; imagens mostram-nos alinhados com uniformes, capacetes e cassetetes pretos, olhando através de seus escudos para a multidão furiosa.
Um internauta de Ningbo resumiu o ocorrido em Yuyao no dia 11: “O repórter da NBTV inventou mentiras e disse que as águas tinham diminuído e também amaldiçoou o povo. Em seguida, ele foi espancado. A polícia chegou e prendeu as pessoas, mas foram cercados pela população de Yuyao.”
“Na verdade, exceto pelas estradas principais, as enchentes em Yuyao não recuaram em nada, mas o repórter permaneceu onde a água diminuiu e disse que tudo voltou ao normal. Não apenas isso, o prefeito de Yuyao disse em Hangzhou [a capital da província de Zhejiang] que ninguém morreu na enchente. Como você pode dizer que ninguém morreu quando há vários corpos flutuando na água?!”
Outro blogueiro comentou online: “Quando os Estados Unidos têm um desastre, a China Central de Televisão (CCTV) transmite ao vido do começo ao fim. Quando Yuyao, na China, está em crise, a CCTV praticamente ignora o fato. Por quê? Porque os filhos dos líderes chineses estão nos Estados Unidos e não em Yuyao.”