Leung Chun-ying é considerado um dos vários oficiais comunistas em Hong Kong
Em 25 de março, um pequeno número de eleitores designados escolheu o novo chefe do executivo para a região administrativa especial de Hong Kong, e, em 1º de abril, um protesto em massa ocorreu demandando sua resignação. Os protestantes dizem que não querem ser governados por membros do Partido Comunista Chinês (PCCh), e querem que o PCCh pare de interferir nas eleições de Hong Kong e de subverter o princípio de “um país dois sistemas”.
A organizadora do protesto, a Frente Civil de Direitos Humanos (FCDH) de Hong Kong, estimou que cerca 15 mil pessoas participaram. Uma forte presença policial foi vista através do protesto, particularmente quando os protestantes chegaram ao Gabinete Administrativo, onde a parada terminou. Foi estimado que a relação entre policiais e protestantes era de um para um.
O protesto foi liderado por um grupo de jovens usando chapéus vermelhos e carregando uma grande faixa, uma réplica de uma pele de lobo, em que se lia, “Um lobo está no poder, os residentes de Hong Kong estão indignados.” O novo chefe do executivo Leung Chun-ying tem sido chamado de lobo pela mídia local e residentes por ser um membro velado do PCCh.
Um livro polêmico pode ter atiçado as chamas por protesto. Florence Leung Mo-han, uma ex-membra do PCCh, alega em seu novo livro, Meu tempo no Partido Comunista clandestino de Hong Kong, que membros disfarçados do PCCh se infiltraram em altos postos do governo de Hong Kong, controlando diretamente decisões maiores e afetando a vida do povo de Hong Kong.
O livro de Leung Mo-han foi publicado apenas seis dias antes da eleição do chefe do executivo de Hong Kong. Atraindo grande atenção pública, o livro clama que o então concorrente Leung Chun-ying era um camarada membro do PCCh.
O escritório de campanha de Leung Chun-ying rapidamente negou as alegações. Na “eleição de um pequeno círculo”, apenas 1.200 nativos de Hong Kong, de uma população de 7 milhões, têm direito para votar no chefe do executivo. Críticos alegam que os eleitores designados são fortes apoiadores de Pequim. Leung Chun-ying foi eleito em 25 de março com 689 votos.
Leung Mo-han também afirma em seu livro que vários altos oficiais no governo de Hong Kong, como o Secretário-Geral da Administração Stephen Lam Sui-lung, o Presidente do Conselho Legislativo Jasper Tsang Yok-sing, e o Secretário para os Assuntos Internos Tsang Tak-sing, são também membros disfarçados do Partido Comunista.
Para a parada, estudantes universitários protestaram fazendo uma tumba, simbolizando a morte da democracia em Hong Kong. Alguns residentes seguravam bandeiras com imagens digitais combinadas de Leung Chun-ying e Mao Tsé-tung, com textos que liam, “Protesto contra o governo de Hong Kong por um membro secreto do PCCh.”
O protesto incluiu figuras políticas da oposição. Membros do conselho de diferentes partidos caminharam juntos lado a lado cantando, “Nós tomamos as decisões em Hong Kong. Gabinete Administrativo Chinês, saia de Hong Kong.” O Gabinete Administrativo Chinês, semelhante a uma embaixada, representa a República Popular da China em Hong Kong.
Quando os protestantes chegaram ao portão sul do Gabinete Administrativo Chinês, eles deixaram a réplica da gigante pele de lobo no chão para as pessoas pisarem. Então, centenas de protestantes foram para frente do Gabinete Administrativo e se chocaram com a polícia, que usou spray de pimenta para dispersar a multidão.
Em 29 de março, ao redor de 11 a.m., depois que Leung foi eleito, a mídia porta-voz do regime chinês Diário do Povo chamou Leung de “camarada” numa seção “pessoal” de seu website. Leung negou veementemente ser um membro do PCCh. Entretanto, os dois ex-chefes executivos, Tung Chee-hwa e Donald Tsang Yam-kuen jamais foram referidos como “camarada” pelo PCCh.
“De forma alguma podemos aceitar a eleição, que foi completamente controlada pelo Gabinete Administrativo Chinês”, disse o Prof. Joseph Cheng da Universidade da Cidade de Hong Kong. Ele chamou os residentes de Hong Kong para “se aproveitarem de qualquer oportunidade para se levantarem contra tais políticas antidemocráticas e anti-Hong Kong”.
O legislador Leung Kwok-hung de Hong Kong, um membro fundador da Liga dos Sociais Democratas e um ativista político pela democracia, disse, “Nós devemos reconhecer que a China comunista é uma ditadura sem consciência humana. Mesmo que queiramos resistir, há muito pouco espaço para nós.”
No entanto, Leung Kwok-hung pediu ao povo de Hong Kong que não tema o comunismo.
“Devemos pressionar os membros disfarçados do Partido a declararem publicamente suas identidades”, disse ele. “Quando a voz e as demandas dos cidadãos forem fortes, eles devem responder; quando os cidadãos parecem cansados e estão com medo de falar, isso lhes dá a chance de ficarem mais fortes.”
Ele disse que os membros disfarçados do Partido em Hong Kong não ousam declarar suas identidades enquanto houver competição aberta. Ele usou Leung Chun-ying como um exemplo.
“Porque se ele assim fizer [revelar sua identidade], quem será responsável por seus erros durante seu governo se ele é eleito? Isso não significa que o Partido Comunista deve ir embora e deixar o governo?”
Ho Chun-yan, presidente do Partido Democrático de Hong Kong, notou que numa votação popular simulada na Universidade de Hong Kong, 82% dos votos foram contra Leung Chun-ying.