Milhares de manifestantes se juntaram à marcha “Liberdade de expressão, Hong Kong livre” realizada pela Associação de Jornalistas de Hong Kong (HKJA) para desafiar a repressão sem precedentes da liberdade de mídia em Hong Kong.
Cerca de 6 mil pessoas compareceram na marcha e no comício diante do escritório do chefe-executivo em 23 de fevereiro. Jornalistas bem conhecidos palestraram sobre a importância da liberdade de mídia em Hong Kong, que é constantemente violada pelo Partido Comunista Chinês (PCC) na China continental.
Alguns jornalistas disseram que receberam telefonemas do governo de Hong Kong, chefes de consórcio e do serviço de ligação da China continental em Hong Kong, que pressionaram os meios de comunicação para reportarem da forma como eles queriam.
Discurso de Li Weiling
A ex-apresentadora de rádio Li Weiling, que foi recém-demitida sem aviso de seu trabalho na Rádio Comercial de Hong Kong (CRHK), disse que esta marcha não era o fim, mas o começo: “Muitas pessoas vieram aqui hoje, mas nós apenas representamos o primeiro grupo de pessoas despertas. Na realidade, muitos habitantes de Hong Kong ainda não acordaram.”
Os manifestantes amarraram fitas azuis, que representavam a liberdade de expressão, nas grades externas do escritório do chefe-executivo Leung Chun-ying, para expressar suas demandas. Li disse que espera que as fitas azuis possam florescer em toda parte, despertando mais pessoas a levantarem-se pela liberdade. “Se permanecermos em silêncio, seremos forçados ao silêncio”, disse Li. “Por isso, espero que todos possam se juntar a mim nesta batalha.”
O jornalista sênior Ching Cheong, um representante da recém-fundada Associação de Comentaristas Independentes, contestou a demissão de Li e a substituição do editor-chefe do jornal Ming Pao como sendo decisões puramente comerciais. “Se aquelas foram mudanças regulares de pessoal, por que só afetaram os jornalistas sinceros?”, perguntou Ching.
Outro radialista demitido da CRHK, Albert Cheng Jing-han, esteve no palco com Li. Anteriormente, Li disse numa conferência de imprensa que sua demissão foi devido à perseguição do chefe-executivo Leung. Depois disso, muitas pessoas pró-Partido Comunista Chinês lhe pediram que fornecesse evidências para isso.
Cheng disse na reunião de domingo: “Eu sou a prova. Eu sou a testemunha. Em dezembro passado, 70 mil pessoas se reuniram na sede do governo central, e então postamos o áudio no YouTube e mais de cem mil pessoas o assistiram. Eu não o gravei em segredo; era apenas a gravação de uma reunião de diretores da Digital Broadcasting Corporation. E verificava-se claramente que o escritório de ligação não gosta de Li Weiling. Não é esta a evidência?”
Yick Siuling, uma vítima da crise dos reféns filipinos de 2010, subiu ao palco para expressar sua gratidão por Li. Yick agradeceu a Li por informar sobre as dificuldades que os sobreviventes da crise enfrentaram, dizendo que, porque Li divulgou esta informação, o governo teve de acompanhar o caso devido à pressão. Yick acredita que uma vez que a liberdade de imprensa desapareça, as vítimas não terão um canal para corrigir injustiças.
Liberdade de mídia, um valor fundamental
Muitos outros também fizeram discursos discutindo a liberdade de mídia como um valor fundamental de Hong Kong. Nick Kwok Hing-fai, um membro do Grupo de Funcionários do Ming Pao, levou sua filha de dois anos ao palco na manifestação, dizendo que estava ali pela liberdade da próxima geração.
Ng Pui-ying, a ex-diretora regional da Value Partners Consulting, foi convidada a se demitir depois que criticou o governo por se recusar a conceder uma licença de TV a Hong Kong Television Network. Quando Ng apareceu no evento, ela recebeu aplausos calorosos. Ng disse que muitos clientes lhe disseram que já receberam ordens para retirar propagandas de algumas mídias.
“Há pressões ou influências da administração que resultam na retirada dos anúncios, ou propositadamente não anunciam em certos jornais para suprimi-los. Eu sinto que isso está ficando terrível. Se continuar assim, estou muito preocupada como nossa próxima geração continuará a ver o valor de viver em Hong Kong”, disse Ng.
A manifestação terminou com um discurso da presidente da HKJA, Cham Yee-lan, que disse esperar que todos pudessem continuar a defender a liberdade de mídia como um valor fundamental de Hong Kong: “Tenho estado neste campo por 30 anos, e nunca vi uma situação tão ruim quanto esta. Estou extremamente irritada este ano, e este é o primeiro ano que chorei pela imprensa e por meus companheiros jornalistas suprimidos. Normalmente, temos mais de três milhões de cópias de jornais publicados diariamente, mas a verdade é que as várias vozes se tornaram gradualmente monótonas. Por trás da fachada de prosperidade, uma campanha de silenciamento está em andamento.”
Cham disse que deixou seu trabalho como editora de jornal por causa de supressão das reportagens sobre o Massacre da Praça da Paz Celestial de 1989: “Na verdade, todos os correspondentes e os níveis médios da gerência tem de enfrentar essas circunstâncias frequentemente. Algumas pessoas toleram permanecendo em silêncio, e alguns que não suportam desistem do emprego desanimados.”
Epoch Times censurado
Cerca de 150 funcionários do Epoch Times participaram da marcha, segurando cartazes com mensagens como “O Epoch Times protesta pela liberdade, protejamos Hong Kong” e “A verdade é a luz guiadora”. No entanto, sua presença foi filtrada pela mídia que informou sobre a manifestação.
O Epoch Times sempre foi o jornal mais reprimido em Hong Kong e tem estado na vanguarda de informar a verdade sobre o Partido Comunista, defendendo os valores fundamentais de Hong Kong, a verdade, a justiça e a consciência como princípios fundamentais e também inerentes ao trabalho midiático.
Muitas pessoas na manifestação exibiram jornais do Epoch Times e panfletos com mensagens pedindo que Leung renuncie. Chan, um estudante que participou do evento, expressou seu apoio ao Epoch Times: “A maioria dos jornais de Hong Kong, como o Ming Pao, foram controlados pelo PCC. Se as pessoas de Hong Kong continuarem à margem e forem politicamente apáticas, então eu acho que Hong Kong já está na estrada para a ruína. Espero que o Epoch Times possa prosperar apesar de todas as dificuldades. Eu não quero ver ‘Eu amo a China continental’ e ‘Eu amo o Partido Comunista’ por toda a mídia quando eu ler os jornais no futuro.”
O estudante Tong disse que Hong Kong está perdendo suas características desde que foi entregue à China em 1997: “Se não houver autenticidade, palavras patrióticas só farão com que toda a sociedade e até mesmo as mentes sejam controladas pelo Partido Comunista. É por isso que acho que temos de nos levantar e mostrar apoio. É o momento certo para o Epoch Times se levantar, é um incentivo para todos nós.”
Os turistas da China continental congratularam o Epoch Times. O professor Joseph Cheng Yu-shek também estava contente de ver o Epoch Times participando da marcha e agradeceu ao jornal por proteger a liberdade de mídia e de expressão em Hong Kong. Mas o Epoch Times não foi autorizado a falar no comício e todos os canais de TV de Hong Kong intencionalmente filtraram notícias sobre a perseguição à prática espiritual do Falun Gong, cujo Epoch Times reporta extensivamente.
Muitas mídias no comício não queriam mostrar as faixas do Epoch Times em suas transmissões ao vivo, por isso pediram a equipe de campo que cobrisse as faixas. Alguns jovens que estavam no local questionaram por que eles tentavam silenciar o Epoch Times num comício cujo tema era “Liberdade de expressão, Hong Kong livre”.
O povo de Hong Kong tem expressado preocupação de que a mídia filtrou deliberadamente o Epoch Times em seus noticiários. Embora muitos jornalistas tenham discursado sobre a repressão e a censura, todos evitaram mencionar o fato de que foram instruídos a evitar mencionar o Falun Gong e o Epoch Times. Magnatas da mídia têm testemunhado que o Partido Comunista Chinês teme o Epoch Times, porque só o Epoch Times não teme o Partido Comunista.