Milhares de aldeões chineses protestam contra a corrupta venda de terras

05/12/2012 21:39 Atualizado: 05/12/2012 21:39
Aldeões em Shantou, província de Guangdong, protestam contra o governo local em 3 de dezembro por causa de apropriações ilegais de terra (Foto de moradores locais)

Milhares de moradores protestaram em frente a um prédio do governo no Sul da China num último esforço para recuperar terras tomadas por oficiais do Partido Comunista Chinês (PCC) que não lhes deram qualquer compensação.

Os moradores-manifestantes se reuniram em frente ao prédio do governo municipal em Liangtang, localizado na cidade de Shantou, província de Guangdong, dizendo que o confisco de terras era ilegal.

“Ontem (3 de novembro), cerca de 4 a 5 mil pessoas estiveram presentes no protesto. Eles exigiram ver o secretário do PCC da cidade para obterem uma resposta sobre a perda de suas terras”, disse a moradora local Sra. Lin ao Epoch Times. “Eles seguravam faixas brancas que diziam, ‘Devolvam nossas terras. Restituam nossos direitos civis’. Até às 14h, ninguém foi ao encontro deles.”

A polícia e gangues de criminosos contratados pelo governo atacaram os moradores que tentavam tirar fotos ou filmar o incidente.

Alunos do Departamento de Jornalismo e Comunicação da Universidade de Shantou foram perseguidos enquanto entrevistavam os manifestantes. Mais de mil moradores correram em seu auxílio, mas também foram atacados pela polícia.

Um estudante postou uma foto online de um homem de 90 anos deitado no chão sendo agredido pela polícia. O estudante comentou que um policial o ameaçou, dizendo, “Se você continuar protegendo os estudantes-repórteres, eu o atropelarei com meu carro.”

O estudante acrescentou, “Sob a proteção dos moradores, fomos transferidos para outro carro e voltamos à escola em segurança com nossos equipamentos.”

Quando o serviço de ônibus foi suspenso de Liantang para Shantou, onde o protesto foi realizado, “os moradores com carros tiveram de voltar para dar carona aos outros”, disse a Sra. Lin, outra moradora local. Ele acrescentou que os protestos foram retomados mais tarde quando mais manifestantes apareceram na frente do escritório do governo da cidade.

Enquanto os manifestantes gritavam exigindo o retorno de suas terras, moradores idosos ficaram de joelhos em desespero. Mais tarde, um secretário do Comitê dos Assuntos Político-Legislativos na região apareceu, dizendo à multidão que o assunto seria investigado e um relatório seria fornecido em dois meses.

A Sra. Lin disse, “Havia vários estudantes universitários e moradores idosos em nosso carro e fomos interceptados pela polícia e bandidos em nosso caminho de volta para a aldeia. Eles estavam em dois carros particulares e num carro com número e placa do governo da cidade. Eles bateram em nosso carro, ferindo alguns dos aldeões seniores. Os estudantes universitários foram obrigados a apagar suas fotos.”

Em 28 de novembro, durante outro protesto em grande escala, os moradores apresentaram uma petição, assinada por 10 mil aldeões, contra os oficiais do governo local que venderam suas terras sem consentimento. Finalmente, um representante do governo prometeu investigar e reportar o resultado na sexta-feira 30 de novembro. Mas nenhuma notícia foi dada.

Na China, as autoridades locais têm por muito tempo confiscado e vendido terras ou casas do povo sem o seu consentimento, numa tentativa de lidar com os déficits orçamentários dos governos locais. Comumente, pouca ou nenhuma remuneração é oferecida e houve pelo menos nove incidentes recentes em que pessoas perderam suas vidas protestando contra disputas de terra ou demolições forçadas de suas casas, segundo a Anistia Internacional.

Estima-se que os oficiais da vila em Liantang, uma aldeia com cerca de 30 mil pessoas, tenham vendido terras no valor de 1 bilhão de yuanes (160 milhões de dólares). Os moradores disseram que nem um único centavo foi pago como compensação aos moradores.

Ao longo dos últimos anos, dezenas de milhares de hectares de terra em Liantang foram vendidas para empreendimentos comerciais pelo governo local. A terra vendida inclui terras agrícolas, florestas e até mesmo praias.

Na última venda de terra, cerca de 133 hectares foram vendidos para construir um centro de distribuição e logística.

O governo local se esquivou da responsabilidade, dizendo que estava em dívida de mais de 10 milhões de yuanes (1,6 milhão de dólares). A resposta desencadeou os protestos recentes.

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