Mídia social estrangeira banida da China, censura aperta o cerco

27/07/2014 12:50 Atualizado: 27/07/2014 12:50

O Departamento Central de Propaganda da China proibiu o download de todos os produtos de mídia social estrangeira. Produtos de redes sociais previamente baixados também foram bloqueados em larga escala.

Em 9 de julho, os internautas chineses no país revelaram no Twitter que o Departamento Central de Propaganda emitiu uma diretiva por meio do Ministério da Indústria para todas as lojas de aplicativos, ordenando que todos os produtos de serviços de rede social estrangeira fossem removidos de suas prateleiras e postos numa “lista negra” em 10 de julho.

Pu Fei, um especialista chinês em internet, disse à Radio Free Asia (RFA) que essa política de limpeza já começou nas lojas de aplicativos que vendem aplicativos para versões chinesas de dispositivos Apple e Android.

Na verdade, desde a primeira semana de julho, tem havido sinais de que as autoridades planejam fortalecer ainda mais o bloqueio de softwares estrangeiros de comunicação. Zhang Haoqi, um engenheiro de banco de dados de Nanjing, disse à RFA que inclusive os nomes de alguns aplicativos de mensagens estão agora sendo censurados em pesquisas na internet da China.

Em junho, as autoridades chinesas proibiram um grande número de produtos estrangeiros de software para celulares, incluindo uma gama de produtos do Google, o armazenamento em nuvem Dropbox, o Microsoft OneDrive, o software de anotações Evernote, os softwares de compartilhamento de fotos Flickr e Instagram, e os softwares de conversação LINE, KakaoTalk e Snapchat, além do Facebook, Twitter e YouTube, que foram banidos há muito tempo.

Para se adaptar à situação, os usuários chineses de smartphones devem primeiro aprender a “escalar o muro”, ou seja, usar softwares anticensura que contornam o bloqueio, para serem capazes de usar programas estrangeiros de chat. Então, os bate-papos podem ocorre com usuários que operam fora do firewall.

Os usuários fora da China tem de usar softwares chineses de bate-papo como WeChat, Momo e QQ para entrar em contato com usuários chineses que não são capazes de escalar o muro.

Bei Feng, um especialista chinês em internet que atualmente vive em Nova York, disse que este movimento de Pequim visa a proibir todo o software que não seja controlado pelas autoridades chinesas, com o objetivo de limitar ainda mais a informação disponível. Embora as consequências do uso de produtos chineses sejam o comprometimento da privacidade e a redução da liberdade de comunicação, muitos usuários serão obrigados a fazer essa má escolha, disse Bei.

Regime frágil

Internautas chineses interpretaram a nova censura como medo do Partido Comunista Chinês (PCC) de perder o controle. “Quanto mais apertado ele tenta controlar, mais isso revela sua fragilidade”, disse o cidadão chinês Xiao Biao. “Ele [o PCC] emprega essa atmosfera de terror para consolidar seu poder, a fim de disfarçar seu vazio.”

Alguns comentaristas expressaram a opinião de que, desde que o PCC estabeleceu seu domínio na China, ele tem tentado arduamente moldar a opinião pública. Desde os primeiros dias de reportagens em jornais e rádios até o advento da internet, as autoridades comunistas sempre colocaram o controle da opinião pública como sua prioridade máxima.

Desde o estabelecimento de uma rede central de segurança e de uma equipe de liderança de tecnologia da informação no final de fevereiro, várias províncias criaram suas próprias equipes locais de segurança de rede. A censura na internet consequentemente se agravou e mais postagens têm sido censuradas e excluídas.