Mídia social na China revela militarização do Tibete

30/03/2014 15:47 Atualizado: 30/03/2014 15:47

Eles chegam com expectativa, turistas chineses antecipam o ar fresco e limpo, o Palácio de Potala de tirar o fôlego, os nativos felizes e gratos ao Partido Comunista Chinês por retirá-los das trevas – então, a realidade sombria da militarização do Tibete os pega desprevenidos, e quando podem eles postam na internet seu choque e medo.

Uma vez que eles se distanciam da atmosfera impenetrável da propaganda do Partido Comunista Chinês (PCC), os turistas chineses ficam atordoados com a repressão do aparato de segurança no Tibete. Suas postagens francas e sinceras nas mídias sociais expõem essa desconexão, afirma um novo relatório da Campanha Internacional pelo Tibete (ICT).

O novo relatório, intitulado “A vida aqui sempre foi assim?”, é uma seleção de milhares de mensagens de mídia social que conseguiram contornar a censura para revelar nitidamente as operações de “manutenção da estabilidade” do PCC nas regiões tibetanas.

Em Lassa, um turista confuso, que encontrou presença militar cerrada, escreveu: “A polícia militar, a polícia especial, atiradores de elite, policiais civis e soldados de pé em riste pareciam prontos para uma guerra prestes a começar… A vida aqui sempre foi assim?”

“Há todos os tipos de veículos antimotim estacionados nas ruas, isso me lembra o que vemos quando eles nos mostram as ruas do Iraque na TV”, escreve um observador da pequena cidade de Lithang.

Outra disse nervosamente: “Há policiais militares patrulhando as ruas… Eles empunham grandes armas… As ruas estão cheias de viaturas policiais e veículos à prova de explosivos… A repressão está no ar… Será que algo poderia ocorrer? Estou realmente apavorada.”

“Estou saindo daqui rapidamente”, digitou outro turista ansioso. Embora os tibetanos sejam brutalmente punidos por compartilharem fotos ou outros materiais “sensíveis” por celular, os cidadãos chineses são tratados com maior leniência, embora muitas vezes sejam ordenados a apagar fotos ou a não filmar ou fotografar.

“Se você fotografar um caminhão de bombeiros, eles o farão apagar a imagem… Pense bem sobre fotografar um veículo da polícia especial… O que está errado com esta sociedade? O custo de manutenção da estabilidade é realmente alto!”, escreveu um turista descontente.

O bloqueio da internet e da telefonia celular, os pontos de verificação de segurança e os repetidos pedidos para mostrar cartões de identificação são um pesado fardo sobre os turistas.

Um cidadão resignado escreve: “Veículos blindados patrulham as ruas; todo o acesso à internet é bloqueado, incluindo mensagens de texto; ao sair para comer ainda há policiais que fazem perguntas; não há muito na TV; depois das 22h não há sequer serviço de telefonia nessa região; tudo que posso fazer é tomar um banho e ir dormir.”

Alguns turistas se sentem seguros e protegidos com a presença militar: “As forças de manutenção da estabilidade do nosso país são muito poderosas, um posto de verificação a cada cinco passos, e uma sentinela a cada dez. A segurança é mais rigorosa do que num aeroporto, a cada cinco minutos passa uma esquadrão de polícia, a cada dez minutos um pelotão da polícia especial, a cada meia hora uma companhia de tropas.”

Mas outro questiona: “Há mais policiais militares e civis do que todos os habitantes comuns combinados. Isso é realmente necessário?”