Um lugar infernal de tortura e exploração; foi assim que uma prisioneira descreveu o Campo de Trabalho Feminino de Masanjia na China num testemunho contrabandeado e publicado por uma revista chinesa no mês passado.
Mas a mídia estatal, controlada pelo ex-líder chinês Jiang Zemin, começou imediata e freneticamente a negar as acusações, sem dúvida porque uma investigação traria à tona o próprio envolvimento de Jiang Zemin e seu legado sinistro relacionado a Masanjia e a outros campos de trabalhos forçados na China, que são mais de 300, embora algumas fontes afirmem serem mais de mil.
A revista chinesa Lens, uma afiliada da revista de negócios Caijing, que teria vínculos com o atual líder chinês Xi Jinping, publicou um artigo em 9 de abril, intitulado “Fora de Masanjia”, uma grande campo de trabalho na província de Liaoning, nordeste da China. O artigo, baseado num relato manuscrito por uma prisioneira e que retratava os terríveis métodos de tortura e as miseráveis condições de trabalho e vida na prisão, foi contrabandeado para fora do campo por outra detenta.
A notícia foi apanhada pela grande mídia internacional e se tornou um foco de atenção pública na China.
Mas em 10 de abril, apenas um dia após o artigo da Lens, o Ministério da Propaganda, controlado por Liu Yunshan, um membro da facção de Jiang Zemin, emitiu um mandato secreto, que eventualmente vazou, ordenando que não houvesse reedição, qualquer comentário ou mesmo menção sobre o artigo de Masanjia, segundo o China Digital Times.
Em 19 de abril, o Diário Legal, um jornal oficial do Comitê dos Assuntos Político-Legislativos (CAPL), uma das antigas bases de poder de Jiang Zemin, publicou um relatório oficial de investigação das autoridades provinciais de Liaoning, alegando que o conteúdo do artigo da Lens sobre Masanjia era “seriamente infundado” e que a descrição dos métodos de tortura foi “maliciosamente fabricada e sem fundamentos”.
O Diário Legal chegou a elogiar as “notáveis realizações” de Masanjia, dizendo, “A equipe de investigação concorda que Campo de Trabalho Feminino de Masanjia tem longamente implementado o regime de reeducação pelo trabalho determinado pelo Partido Comunista Chinês [PCC]. Isso tem reforçado o governo e ‘educado e transformado’ um grande número de praticantes do Falun Gong. Isso tem mantido a estabilidade social. Mas, entretanto, isso tem sido atacado por organizações do Falun Gong e por outras forças no estrangeiro.”
Negação não convincente
Zhao Min, a vítima mencionada no artigo da Lens sobre Masanjia, disse ao Epoch Times que se sentia fragilizada e ao mesmo tempo muito irritada com a negação dos oficiais sobre a violência em Masanjia. Ninguém do governo a contatou, nem mesmo por telefone, disse ela.
Xing Tianxing, um comentarista do Epoch Times, escreveu em seu último artigo, “O surgimento do relatório investigativo é porque o PCC não parou de perseguir o Falun Gong e o sistema de perseguição ainda está em operação. Assim, os atos de maldade continuarão.”
Em 20 de abril, outro jornal do regime, o Diário Guangming, disse que a negação do Diário Legal não foi convincente e que se as alegações de tortura no artigo da Lens fossem verdade, aqueles que implementaram as torturas eram criminosos e que os dois lados deveriam “enfrentar-se num tribunal de justiça”.
As diferentes vozes da mídia estatal chinesa sugerem uma intensa luta entre as facções do PCC, com alguns inclinados a expor os crimes e outros determinados a encobrir os segredos obscuros por trás da história de Masanjia.
Shi Zangshan, um especialista em China baseado em Washington DC, disse ao Epoch Times, “A perseguição ao Falun Gong conduzida pelo PCC já se tornou seu enigma na comunidade internacional. Praticantes do Falun Gong foram submetidos à tortura física e sexual e até mortos por seus órgãos. O PCC tem medo da exposição desses crimes. A questão do Falun Gong é um desastre inevitável para o PCC. Tempestades políticas maiores serão desencadeadas pelas diferentes abordagens em lidar com a questão do Falun Gong entre oficiais de alto escalão do PCC. Eventualmente, os culpados pela perseguição serão punidos.”
A função de comentário sobre a notícia foi desativada no Sina Weibo, o serviço de blogue mais popular da China. Encaminhar ou comentar a notícia foi proibido no Sina Weibo.
Um internauta de Pequim de pseudônimo “Sun 114” disse, “Por que eles não nos permitem comentar sobre a notícia de Masanjia que está no topo do Sohu? Do que eles têm medo? O que eles estão escondendo? A partir disso, sabemos que o artigo é verdadeiro.”
Outro usuário do Weibo de pseudônimo “Comunista Lian Peng” blogou para seus mais de 189 mil seguidores, “Sem contar que a província de Liaoning está investigando a si mesma. O resultado não é convincente.”
Zhang Chaoying, o diretor da Secretaria de Reeducação pelo Trabalho da província de Liaoning, é um ex-diretor do Campo de Trabalho Masanjia, segundo a ‘Organização Mundial para Investigar a Perseguição ao Falun Gong’ (WOIPFG). Isso indica que os líderes da equipe de investigação incluem os perpetradores, que, desta forma, não têm credibilidade, segundo o advogado chinês de direitos humanos Jiang Tianyong.
Li Fangping, um advogado de Pequim blogou a seus 17 mil seguidores, “As autoridades provinciais de Liaoning responderam alegando ‘fabricação maliciosa’ e ‘ausência de fundamentos’. Ninguém mencionou que Li Wenjuan foi assediada por seis policiais porque testemunhou sobre ter sido torturada. É assim que o governo perde sua credibilidade.”