Recentemente, a mídia estatal chinesa proclamou que os cidadãos chineses devem ter mais liberdade para criticar o governo. As declarações vieram em conexão com o recurso judicial de um jovem funcionário de Chongqing que foi condenado a um campo de trabalho por postar mensagens críticas ao governo no ano passado.
Alguns comentaristas dizem que o caso de apelação e a resposta da mídia estatal fornecem pistas sobre como o regime lidará com o oficial deposto Bo Xilai.
Ren Jianyu, um estudante universitário de 25 anos que se tornou oficial numa aldeia no condado de Pengshui em Chongqing, recebeu uma sentença de dois anos de reeducação pelo trabalho em agosto do ano passado. Ele foi acusado de “atacar” o governo por escrever e repostar mais de 100 comentários no Sina Weibo, considerados de impacto social “negativo”, informou a mídia estatal Global Times.
Isso foi numa época em que o agora desgraçado Bo Xilai era chefe do Partido Comunista Chinês (PCC) em Chongqing. O clima político não é mais o mesmo em Chongqing e Ren Jianyu entrou com um recurso.
Em 10 de outubro, o Tribunal Popular No. 3 de Chongqing realizou uma audiência pública por Ren Jianyu. A camisa estampada com o slogan “Dê-me liberdade ou a morte”, que a namorada de Ren Jianyu o ajudou a comprar pela internet, foi usada pelo Ministério Público como prova da culpa de Ren Jianyu.
A audiência de apelação ganhou apoio incomum de várias mídias controladas pelo regime chinês durante este período sensível antes do 18º Congresso do PCC.
O Global Times, o Diário de Pequim Online, o Diário do Povo e o Beijing News criticaram a pesada sentença de dois anos num campo de trabalho e defenderam que as pessoas tivessem mais liberdade para criticar o governo.
“Muitos [cidadãos] têm manifestado seu apoio por Ren Jianyu e estão otimistas que ele obterá justiça. É preocupante que as pessoas ainda possam ser punidas por se expressarem ou escreverem pensamentos críticos na China moderna”, disse um comentário do Global Times.
“Ser condenado por expressões negativas era uma tradição política que prevaleceu em alguns países antes do século 20. Isso é ultrapassado e contraria a liberdade de expressão de hoje e o Estado de Direito”, disse o artigo.
Julgamento de Bo Xilai
Lendo nas entrelinhas, comentaristas políticos identificaram pistas sobre o próximo julgamento e condenação de Bo Xilai, estas sim questões de grande prioridade para o PCC e que ocorreriam antes do Congresso Nacional.
Zhang Sutian, comentarista de assuntos contemporâneos da China, disse ao Epoch Times que o atual líder chinês Hu Jintao e indicado próximo líder Xi Jinping já garantiram o controle do poder militar, político e das grandes e pequenas mídias do PCC. Por isso, por necessidade política, estas mídias porta-vozes do PCC vociferaram em condenação a Bo Xilai e seus partidários, criando assim uma base de opinião pública para derrubar Bo Xilai.
Pu Zhiqiang, um advogado de Pequim que defende Ren Jianyu, disse à Rádio Free Asia em 19 de outubro que as autoridades de Chongqing já conversaram com Ren Jianyu e o veredito de dois anos num campo de trabalho provavelmente será derrubado.
O advogado disse que muitos chineses estão indignados com o sistema de trabalho forçado e o consideram uma desgraça para o estabelecimento do Estado de Direito e, por isso, as autoridades chinesas e a mídia demonstraram tolerância pela questão. Mais do que uma perspectiva política, isso tem relação com o abuso das autoridades do sistema de campo de trabalho forçado durante o mandato de Bo Xilai, violando os direitos humanos e iniciando uma campanha para reviver a Revolução Cultural, disse Pu Zhiqiang.
Ele acrescentou, “Agora, a liderança atual está usando esta oportunidade para purgar os comparsas de Bo Xilai em Chongqing.”
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Nota do Editor: Quando o ex-chefe de polícia de Chongqing, Wang Lijun, fugiu para o consulado dos EUA em Chengdu em 6 de fevereiro, ele colocou em movimento uma tempestade política que não tem amenizado. A batalha nos bastidores gira em torno da postura tomada pelos oficiais em relação à perseguição ao Falun Gong. A facção das mãos ensanguentadas, composta pelos oficiais que o ex-líder chinês Jiang Zemin promoveu para realizarem a perseguição ao Falun Gong, tenta evitar ser responsabilizada por seus crimes e continuar a campanha genocida. Outros oficiais têm se recusado a continuar a participar da perseguição. Esses eventos apresentam uma escolha clara para os oficiais e cidadãos chineses, bem como para as pessoas em todo o mundo: apoiar ou opor-se à perseguição ao Falun Gong. A história registrará a escolha de cada pessoa.