Números não conferem com a colheita generalizada de órgãos de prisioneiros
Antes de mudar a liderança do regime chinês no próximo 18º Congresso Nacional do Partido Comunista Chinês (PCC), um artigo surpreendente do Beijing News revelou registros dos transplantes de órgãos na China.
O relatório, que foi amplamente divulgado por várias mídias estatais chinesas, indica que 1,5 milhão de pacientes esperam por transplantes todos os anos, mas nos últimos dois anos, houve apenas 200 doadores de órgãos.
O artigo do Beijing News disse, “Entre 1999 e maio de 2012, houve 72 doações com sucesso em Shenzhen. A maioria delas ocorreu após o programa de doação nacional de órgão lançado em 2010. Este é um valor triste, especialmente quando comparado com os 1,5 milhão de pessoas que apostam suas vidas na sorte de um órgão correspondente.” Infelizmente, este artigo não reflete o número de presos que foi executado por seus órgãos, nem o quão “triste” este número cresceu com os prisioneiros executados.
Embora a mídia estatal chinesa tenha reportado em março sobre a intenção da China de impedir a colheita de órgãos de prisioneiros, o raciocínio não foi baseado em questões de direitos humanos, mas sim devido à taxa de órgãos infectados, segundo um artigo do New York Times citando a Xinhua. Em março de 2012, o Epoch Times publicou um artigo que citava o Diário Legal (um jornal quase oficial chinês), indicando que o vice-ministro da Saúde, Huang Jiefu, admitiu que a principal fonte de transplantes de órgãos era de prisioneiros executados devido à escassez de doadores de órgãos.
Neste momento sensível, quando as autoridades chinesas comunistas procuram salvaguardar a estabilidade antes do início do 18º Congresso Nacional Popular, esta publicação atual de estatísticas de transplantes de órgãos parece incomum, mas os números não concordam com o reconhecimento passado da colheita de órgãos de prisioneiros executados.
A Organização Mundial para Investigar a Perseguição ao Falun Gong (WOIPFG) divulgou um relatório que cita números oficiais da China, indicando que o número real de transplantes aumentou dramaticamente desde que o PCC começou a perseguir o Falun Gong em 1999.
Desde a perseguição em 1999, o número multiplicou rapidamente com 118 cirurgias de transplante de fígado em 1999, 254 em 2000 e 486 em 2001. Em 2003, o número aumentou drasticamente para mais de 3000, o que significa que a oferta nacional de órgãos aumentou dramaticamente desde 1999, segundo um relatório do WOIPFG. O relatório do WOIPFG utilizou o transplante de fígado como um exemplo, porque sem esse órgão único, o doador não poderia sobreviver.
O Registro de Transplante Hepático da China registrou 9.911 casos de transplante hepático entre 1º de janeiro de 2005 e 24 de junho de 2007. Além disso, em contraste com o período médio de dois a três anos de espera em outros países, muitos hospitais na China indicaram necessitar apenas de uma a duas semanas para localizar um órgão correspondente.
Os números limitados do artigo do Beijing News e a posterior ampla adoção da reportagem por outras mídias porta-vozes oficiais do regime podem levar as pessoas a se perguntarem sobre suas implicações.
Lan Shu, um analista sobre a China da NTDTV de Nova York, uma emissora principalmente de língua chinesa, disse numa entrevista por telefone que, em face da forte pressão internacional e recorrentes protestos internos, as autoridades chinesas comunistas estão preparando uma saída para si.
Lan disse, “Entre os cenários possíveis, um é o colapso final de todo o sistema comunista. Outra possibilidade é que o alto escalão executivo sacrifique parte do sistema através de um bode expiatório.”
Ele indicou que, em sua opinião, a primeira opção seria preferível.