Nos últimos anos, o México tem dado grandes passos adiante em termos de desempenho econômico. Mas ainda há uma série de obstáculos que o país deve superar antes de se tornar uma nação de primeiro nível de desenvolvimento, segundo um novo relatório de uma organização não-governamental especializada em assuntos interamericanos.
O Conselho das Relações Hemisféricas (CRH), baseado em Washington DC, observa que segundo certas estatísticas a classe média do México está crescendo, o que melhora a qualidade de vida do mexicano médio.
Um indicador importante que muitas vezes diferencia países desenvolvidos, a taxa de fertilidade, é agora também compatível com muitos países ocidentais. Na década de 1960, a taxa de fertilidade no México era de 7,1 filhos por mulher. Em cinquenta anos, esse número caiu para 2,3 filhos por mulher, apenas ligeiramente acima dos Estados Unidos.
Ao mesmo tempo, o sistema de educação do país melhorou dramaticamente. Por exemplo, o México agora gradua mais de 100 mil engenheiros por ano. Em 1950, segundo um artigo da Universidade Nacional Autônoma do México, houve menos 30 mil alunos em todo o país matriculados no nível de licenciatura.
O número de projetos de infraestrutura intensiva de capital e de recursos humanos desenvolvidos pelo México também estão em ascensão.
Olhando para estas medidas, diz Manuel Corrales, autor do CRH, podemos esperar que este padrão de crescimento continue e que a economia do México alcance a Espanha ou a Rússia até o final da década e passe a Itália em 2030.
Tendências negativas
Apesar dos indicadores positivos, Corrales observa uma série de atenuantes tendências negativas que significam que o México não se tornou uma nação desenvolvida ainda.
A segurança é uma grande preocupação no México, ou seja, a dispendiosa e mortal guerra às drogas já matou mais de 50 mil pessoas desde 2006, quando o presidente Felipe Calderón comandou o exército para derrubar os cartéis de drogas.
“Sem dúvida, a segurança continua a ser a preocupação mais importante para a maioria dos mexicanos”, afirma o relatório do CRH. “O México tem sido inteiramente mal sucedido no controle da violência dentro de suas fronteiras, falhando repetidamente em combater os cartéis.” Não só a guerra às drogas é um problema de segurança, mas estima-se também que drene entre 30 e 50 bilhões de dólares da economia a cada ano.
Para agravar o problema da segurança, há outro grande obstáculo, a corrupção desenfreada. A corrupção é generalizada nos negócios, bem como nos numerosos setores públicos, incluindo a polícia e o governo.
“No México, o governo e a corrupção parecem ser sinônimos”, afirma o relatório, observando que em 2010, 2,5 bilhões de dólares foram pagos em propinas a policiais em todo o país.
Empresas mexicanas estão “tirando proveito da corrupção nos níveis mais altos” e têm bloqueado os trabalhadores de realizarem acordos coletivos e formarem sindicatos. Este tipo de corrupção floresce porque o México não tem leis e regulamentos que equilibrem os interesses dos trabalhadores, escreve Corrales.
Em termos de educação, apesar dos grandes avanços nos últimos quatro ou cinco décadas, o México ainda está muito aquém dos países desenvolvidos. Apenas cerca de 45% dos alunos do ensino secundário no México chegam a se graduar, em comparação com 75% nos Estados Unidos.
“A força de trabalho qualificada é fundamental para sustentar o crescimento econômico do México, e enquanto a educação pós-secundária no México parece estar em ascensão, a educação primária e secundária ainda requer grandes melhorias”, conclui o relatório.
A desigualdade de renda no México também está entre as piores do mundo, sendo classificado em segundo lugar na lista de 34 nações com a pior desigualdade entre ricos e pobres, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Em média, os 10% mais ricos ganham 27 vezes mais do que os 10% mais pobres, observou o relatório. A razão média para os países da OCDE é de 9 para 1.