Método eletroquímico consegue remover contaminante da água

12/06/2013 18:32 Atualizado: 06/08/2013 17:06
Rio Tiête na cidade de São Paulo (Cortesia / Revista Verde)
Rio Tiête na cidade de São Paulo (Cortesia / Revista Verde)

No Instituto de Química de São Carlos (IQSC) da USP, a química Fernanda de Lourdes Souza desenvolveu um projeto de doutorado sobre um método de degradação de dimetil ftalato utilizando tecnologias eletroquímicas. A substância, usada em indústrias, é contaminante e pode estar associada a ocorrência de câncer e desregulação hormonal. O estudo propõe que os métodos eletroquímicos venham a ser utilizados no tratamento de efluentes industriais.

A pesquisa aplicou e investigou o aprimoramento da tecnologia eletroquímica de oxidação para o tratamento de águas contaminadas com ésteres de ftalatos (como o dimetil ftalato) em diferentes materiais eletródicos e com o acoplamento de processos. “Eles são usados na fabricação de PVC para garantir a flexibilidade e durabilidade dos polímeros. Também são empregados na fabricação de tintas, colas, pisos vinílicos e plásticos em geral”, afirma a química. “As substâncias presentes nesses produtos podem ser liberadas no meio ambiente, atingindo o ar, o solo e as águas dos rios”.

Segundo Fernanda, os ésteres de ftalatos são conhecidos como “contaminantes emergentes”, pois sua presença e efeitos no ambiente foi detectada há poucos anos em baixíssimas concentrações. “No entanto, já existem alguns estudos que apontam efeitos cancerígenos e de desregulação do sistema endócrino”, ressalta. “Os compostos interferem na produção e liberação de hormônios essenciais para o desenvolvimento celular, podendo provocar desenvolvimento sexual anormal, infertilidade e até disfunções comportamentais”.

Por meio de um sistema de fluxo, o efluente contaminado é bombeado até um reator eletroquímico. “Em contato com a superfície de um material eletrolítico que recebe uma corrente elétrica, o contaminante passa por reações de oxidação e redução, sendo eliminado da água”, descreve a química. “Foram testados diversos materiais para o processo, como ânodos dimensionalmente estáveis, óxidos de chumbo e diamante dopado com boro, com diferentes capacidades de realização de reações oxidativas”.

Tratamento de efluentes

Após a pesquisa ter comprovado a eficácia do processo de tratamento, Fernanda aponta que a ideia é que os métodos eletroquímicos venham a ser utilizados no tratamento de efluentes das indústrias. “As empresas que utilizam ésteres de ftalatos, como fábricas de plásticos ou tintas, poderiam implantar o sistema”, ressalta. “Outra aplicação seria no tratamento das águas de rios ou de esgotos”.

Os testes com o método foram feitos em escala de bancada e em planta piloto, envolvendo pequenos volumes de efluentes no tratamento. “O sistema apresentou eficiência de 100% e mostrou ser viável mesmo quando são aplicadas cargas elétricas de baixa intensidade”, explica a química.

Fernanda destaca que no Brasil não existe uma legislação específica que determine a remoção dos ésteres de ftalatos. “Entretanto, é possível que dentro de alguns anos se estabeleçam limites para a contaminação, como acontece atualmente na Europa”, avalia. Existem evidências que levam a associar estas substâncias orgânicas com a ocorrência de cânceres e desregulação hormonal. Devido a estes efeitos, estas substâncias são classificadas como desreguladores endócrinos, ou seja, que causam alterações no sistema endócrino de seres vivos.

A pesquisa é descrita na tese de doutorado Processos eletro-oxidativos aplicados à degradação de dimetil ftalato, defendida no último dia 22 de maio no IQSC. O trabalho foi orientado pelo professor titular Artur de Jesus Motheo, com orientação co-tutela de Manuel Andrés Rodrigo Rodrigo, professor catedrático da Universidad de Castilla La Mancha, em Ciudad Real (Espanha) onde Fernanda realizou parte dos estudos durante 10 meses.

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