Meta do PIB da China erra o alvo pela primeira vez em 17 anos

21/01/2015 15:53 Atualizado: 21/01/2015 15:53

Pela primeira vez desde 1998, o PIB da China foi reportado abaixo da meta do regime comunista, subindo 7,4% em 2014. O alvo do Partido Comunista era de 7,5%, e o mercado já espera crescimento menor de 7,2%.

Por que isso é uma questão de grande importância? O regime comunista precisa de alto crescimento – pelo menos no papel – para manter o povo chinês feliz. Em 2010, ele disse que precisaria de 8% para manter o emprego alto o suficiente para prevenir distúrbios sociais.

“Agora, esse é um número político e tem uma narrativa política. O Partido não está apresentando o número do nada. Há restrições econômicas”, disse Leland Miller do “Livro Bege da China”, uma empresa especializada em pesquisa do mercado chinês.

Agora, o regime já reduziu sua meta, errou o alvo e o mercado diz que o crescimento é ainda menor no mundo real.

Por várias razões, poucas pessoas aceitam as estatísticas oficiais chinesas literalmente. Em primeiro lugar, seus números são calculados apenas três semanas após o término do trimestre e a conclusão é final e absoluta.

As estatísticas dos EUA, por exemplo, também têm seus problemas, mas são publicadas um mês após o final do trimestre e são revisadas duas vezes para apresentarem uma imagem mais precisa. A segunda estimativa é liberada três meses após o final do trimestre respectivo.

Porque os Estados Unidos têm uma economia muito mais avançada e desenvolvida, bem como uma tradição mais profunda de contabilidade e prestação de contas, poderia se esperar que produzissem números mais rápido do que a China, considerando que Pequim tem apenas uma visão geral pouco precisa sobre o que ocorre em suas diferentes regiões.

A Bloomberg, que acompanha os dados econômicos, como o consumo de eletricidade e o tráfego ferroviário, estimou o crescimento chinês em 6,82%.

“A economia está em desaceleração, desaceleração em longo prazo. Desde o segundo trimestre de 2014 há componentes importantes que estão indo bem. O crescimento do emprego é estável, apesar da desaceleração. O desempenho de lucro nas empresas tem ido bem, tanto em vendas como margens. Eles foram melhores neste trimestre também”, disse Miller.

Porque o regime está focado em manter o emprego estável, ele pode não ter de estimular manchetes de crescimento. “O estímulo não é necessário. Se isso for feito por causa de temores de deflação, não funcionará”, disse Miller.

Não é o fim

A Xinhua, uma mídia estatal porta-voz do regime chinês, naturalmente, continua otimista: “O fim da era de crescimento em alta velocidade não significa o fim para a economia da China.”

É claro que ninguém deveria esperar que os chineses se tranquilizassem com isso e fossem passear de bicicleta, e a avaliação da Xinhua também não está correta.

Embora a dimensão global da economia chinesa tenha se expandido dramaticamente nos últimos 30 anos, a renda per capita anual ainda é relativamente baixa, de US$ 6.807 em 2013, apenas um pouco abaixo do Iraque.

Além disso, o crescimento do investimento em infraestrutura e o excesso de capacidade produtiva estão abrandando, mas não há uma mudança para o consumo interno como planejado.

“Não houve sinal de crescimento no varejo para contrabalançar o abrandamento do investimento”, segundo o relatório do Livro Bege da China, baseado na coleta de dados na China. Apenas 49% dos varejistas pesquisados relataram algum aumento nas vendas, enquanto 17% tenham relatado declínio.

A arma principal de Pequim para estimular o crescimento foi danificada. Anteriormente, mesmo o sinal de abrandamento levaria um grande aumento nos empréstimos para estimular as empresas e governos locais a investirem novamente. Não desta vez. Apesar do falatório sobre estímulo e condições de crédito facilitadas, não há interessados em assumir novos empréstimos, segundo o Livro Bege da China.

“A economia atingiu uma baixa no 2º trimestre de 2014 e desde então tem estado relativamente estável. Todos os problemas importantes da economia que reconhecemos no 2º trimestre de 2014 ainda existem. O declínio do investimento, empréstimos em declínio; ninguém quer emprestar e ninguém quer gastar. É por isso que o crescimento é baixo”, diz o Livro Bege.