O preço dos imóveis nas principais cidades chinesas não mostrou qualquer sinal de declínio, apesar do controle rigoroso sobre o mercado imobiliário nos últimos anos. Os preços das casas novas e existentes continuaram a subir na maioria das cidades chinesas em julho. Especialistas dizem que a tendência de alta permanecerá nas cidades de primeira linha.
Dados divulgados pela Academia de Indexação da China mostraram que o preço médio das casas novas em 100 cidades subiu 0,87% em julho em relação a junho, mantendo seu curso ascendente pelos últimos 14 meses.
Em comparação com um ano atrás, os preços das casas novas em 70 cidades aumentou 7,5% em julho, o sétimo mês consecutivo de aumento, segundo outro conjunto de dados divulgado pela Secretaria Nacional de Estatísticas da China (SNEC). Este é também o maior salto desde janeiro de 2011, segundo a Reuters.
Políticos chineses têm lançado uma série de medidas para conter o mercado imobiliário desde 2010, incluindo proibir a aquisição de um terceiro imóvel, criar impostos sobre a propriedade e construir habitações de baixa renda de forma generalizada.
Pequim tem estado sujeita às medidas mais rigorosas de controle da propriedade. No entanto, em termos ano-a-ano, o preço de casas novas em Pequim registrou o maior salto, 18,3%, seguido por Guangzhou com 17,4% e Shenzhen com 17%, segundo dados da SNEC.
A liderança do Partido Comunista Chinês (PCC) parou de mencionar as medidas de controle imobiliário nas reuniões do Politburo no final de julho. Em vez disso, foi anunciado que eles buscarão “o desenvolvimento estável e saudável” do mercado imobiliário.
A mudança de tom tem gerado especulações de que não haverá novas medidas de controle no futuro próximo, gerando um forte sentimento de otimismo no mercado.
Os preços em cidades de primeira linha, incluindo Pequim e Shanghai, continuarão a crescer, disse Li Tie, diretor do Centro para o Desenvolvimento Urbano da China do Comitê Nacional de Desenvolvimento e Reforma, num fórum econômico em 31 de julho.
A China suspendeu os planos de refinanciamento de desenvolvedores imobiliários listados em 2009 em meio a um mercado imobiliário superaquecido. No entanto, desde julho, uma série de empresas imobiliárias anunciaram planos de refinanciamento. Na primeira semana de agosto, três desenvolvedores anunciaram seus planos de refinanciamento, com uma meta combinada de captação de recursos superior a 8,8 bilhões de yuanes (US$ 1,4 bilhão).
Num fórum imobiliário em meados de agosto, Zhu Zhongyi, o vice-presidente da Associação da Indústria Imobiliária da China, disse que o país espera lançar um “mecanismo de longo prazo” para o desenvolvimento estável e saudável do mercado imobiliário nos próximos três meses.
Ele acrescentou que, embora os rudimentos do mecanismo provavelmente sejam lançados em breve, no entanto, “levará anos para implementar o sistema”.
Isso significa que os preços das casas continuarão a subir por pelo menos mais quatro anos, porque as autoridades ainda não puderam baixar os preços mesmo depois de esgotar todas as medidas, disse o analista imobiliário Zhang Lei a 21 Century Business Herald.
O aumento no preço dos imóveis é alimentado pelo rápido aumento do preço da terra, que atingiu um novo pico recentemente. Ren Zhiqiang, um magnata do mercado imobiliário, comentou que os novos líderes do PCC, provavelmente, esperam que o preço dos imóveis suba para tapar o buraco criado pela dívida dos governos locais, uma vez que 53% destas dívidas vencerão até o final de 2013.
“Se o preço da terra não subir, os governos locais não serão capazes de pagar suas dívidas”, disse ele num fórum econômico em 9 de agosto. Uma vez que os políticos não fizeram um bom trabalho implementando políticas eficazes para o mercado imobiliário, Ren Zhiqiang disse que a tendência de crescimento continuará, seja em curto ou longo prazo.
Mas tudo isto é susceptível de criar consequências sociais problemáticas, segundo Hu Xingdou, um professor de Economia do Instituto de Tecnologia de Pequim.
Um vasto número de pessoas achará as habitações inacessíveis, enquanto a classe média se tornará “escrava imobiliária”, uma expressão chinesa que retrata pessoas que utilizam a maioria de seus rendimentos para pagar empréstimos bancários devido ao aumento dos preços da habitação, disse Hu Xingdou em entrevista à Rádio Free Asia.
“Consequentemente, a economia real da China cairá ainda mais, porque todos querem colocar seu dinheiro no setor imobiliário”, continuou ele. “Em longo prazo, isso também terá graves consequências econômicas.”