Mesmo quando o mercado acionário chinês estava crescendo 59% de janeiro a junho de 2015, muitos analistas já apontavam o desastre que cairia sobre a economia chinesa.
Muitos chineses, no entanto, para melhor ou pior, imaginavam que o regime chinês – o responsável pela gestão do mercado – seria capaz de impedir uma catástrofe. Olhando em retrospectiva, essa premissa se mostrou ao mesmo tempo tanto certa como errada.
O regime chinês não foi capaz de impedir uma queda de quase 30% em junho e julho. Entretanto, fez manobras para conter os danos colaterais, o que resultou uma pequena recuperação, e reativou os mercados: queda de 5% com milagrosa recuperação, fechando em 1,2%.
Subsequentemente, uma queda de mais de 10% em dois dias foi um “soco no estômago” do regime chinês.
Segundo a Reuters, foi a “seleção nacional” de corretores, fundos mútuos e a estatal ‘China Securities Finance Corp’ que correram para brecar a maré. Normalmente, este exercício é suficiente para convencer a maioria dos investidores de varejo a comprar de novo, porque o Partido está comprando.
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A empresa Goldman Sachs estima que a “seleção nacional” comprou “apenas” 140 bilhões de dólares em ações desde a quebra das Bolsas, embora os fundos reservados para apoio ao mercado sejam cerca de 300 bilhões de dólares.
Outras medidas recentes destinadas a sustentar o mercado de ações incluem:
• Suspensão arbitrária de negociações (em um ponto, mais da metade das ações listadas em Shangai foram suspensas).
• Acionistas majoritários e membros do conselho empresarial foram impedidos de vender por seis meses.
• Vendedores de curto prazo foram ameaçados de prisão.
• IPOs foram congelados.
• Os bancos foram forçados a emprestar dinheiro aos corretores, ou para comprar ações diretamente ou para aumentar os empréstimos de margem.
O Banco do Povo da China também fez o seu papel: injetou quase 20 bilhões de dólares em liquidez no sistema bancário na terça-feira, 18 agosto.
Embora este tipo de intervenção seja bem sucedido no curto prazo, ele não funciona no longo prazo e também ressalta um fato muito importante: o mercado chinês sempre foi e continua sendo impulsionado pela política e tem pouco a ver com fundamentos econômicos.