Melhore suas visitas a museus: Deixe a câmera de lado

21/01/2015 16:53 Atualizado: 21/01/2015 16:53

E meados de abril do ano passado, a Coleção Frick relaxou sua política de não fotografar nas galerias e, em seguida, voltaram com a regra depois de um mês. De acordo com o relatório do site Hyperallergic, a decisão foi tomada para proteger os objetos do Frick, que geralmente são exibidos em caixas de vidro para proteção.

Eu, pessoalmente, aplaudi esse movimento. Toda vez que vou a um museu, vejo turistas se apoiando em outras pessoas para tirarem fotos. Em cada galeria, há pelo menos uma pessoa agarrada em um visor digital em vez de olhar para o objeto real (pelos quais eles provavelmente deram a volta no mundo para ver).

Tirar fotos nos dá uma falsa sensação de gravar um momento ou uma experiência visual. O ato nos leva para fora do momento e torna a visita um pouco melhor do que olhar pelo catálogo do museu.

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Na Universidade Fairfield, a psicóloga Linda Henkel fez um experimento para descobrir se a fotografia ajuda ou atrapalha a memória das pessoas. Ela descobriu nos testes que houve uma má recordação do que as pessoas realmente viram.

“Os objetos que eles tiraram fotos foram os menos lembrados, eles lembraram pouco dos detalhes dos objetos em fotos. Como por exemplo, a forma pela qual as mãos da estátua foram posicionadaa ou o que a estátua estava usando na sua cabeça”, disse Henkel, da NPR Audie Cornish.

“Quando dependemos da ajuda de uma memória externa, você depende mentalmente da câmera para lembrar você. Assim que você clica no botão para tirar a foto, é como se você terceirizasse a sua memória.”

Se tirar fotos tem esse retorno mínimo, por que nos sentimos obrigados a fazer isso em museus? Talvez, o momento de espanto que experienciamos quando nos defrontamos com uma beleza tão grande, nos faz querer vivenciar isso novamente através de uma foto. Talvez fiquemos ansiosos para compartilhar o objeto ou para mostrá-lo. Ou simplesmente para declarar: “Eu estive aqui” através de um selfie.

Que eu sabia, meu iPhone nunca capturou a experiência incrível de olhar para o esmalte translúcido de um vaso da Dinastia Song. Muito menos inspirou meus amigos, para os quais eu esbanjava as fotos depois de sair do museu, a ver as obras pessoalmente. Em vez disso, dá a eles uma falsa impressão de já ter visto o vaso fantástico, e ainda chegam à conclusão de que eu sou uma exagerada.

De acordo com o experimento de Henkel, a fotografia tem como propósito as anotações de um detalhe.

Alguns testes eram para dar zoom em uma parte do objeto que eles viram.

“Quando as pessoas concentram a atenção em algum objeto e então decidem tirar foto de algo específico, nesses casos, elas não estão sujeitas a esse efeito de tirar fotos de tudo”, disse Henkel. “A memória de cada objeto e cada detalhe que tirou fotos, é tão boa quanto a memória que tem dos objetos para os quais apenas observou (sem tirar foto).”

Sendo assim, se você pegou um detalhe com os olhos e depois pegou a câmera, então você não perdeu nada. Isso explica o porquê a imagem do esmalte do vaso proporcionou algo a mim, mas não para meus amigos.

Antes da era do smartphone, nós utilizávamos um método de baixa tecnologia para gravar nossas recordações de arte: o grafite e o papel. Esboçar fielmente a vida é uma tarefa difícil para a maioria das pessoas, mas quem vai julgar a qualidade de seu desenho?

Se você decidir que a imersão é uma parte importante de sua experiência no museu, deixe o smartphone em seu bolso e, em seu lugar, utilize um bloco de notas. As galerias poderiam ser lugares onde a criatividade inspira mais criatividade. Imagine isso.