Médicos Sem Fronteiras alerta: epidemia de ebola está fora de controle

31/07/2014 09:00 Atualizado: 30/07/2014 22:45

O diretor de operações da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF), Bart Janssens, avisou ontem (30), numa entrevista publicada no jornal Libre Belgique, que a epidemia de ebola na África ocidental está se agravando e pode atingir outros países.

“Esta epidemia não tem precedentes, não está controlada, a situação agrava-se e ameaça estender-se ainda mais, sobretudo na Libéria e Serra Leoa, com focos muito importantes”, declarou.

“Se a situação não melhorar muito rapidamente, há um risco real de ver novos países atingidos”, advertiu.

Janssens afirmou que esta possibilidade “não está excluída, mas é difícil de prever”.

“Nunca vimos uma epidemia assim e falta uma visão de conjunto para perceber onde se situam os principais problemas”, sublinhou.

A MSF está “muito preocupada com os contornos que a situação assume, particularmente” na Libéria e na Serra Leoa, disse.

“Cabe à Organização Mundial de Saúde (OMS) e aos governos destacar e organizar os meios necessários para desenvolver esforços e capacidade no nível requerido para começar a controlar esta epidemia”, concluiu o responsável da organização não-governamental.

Omar Khan, responsável médico do centro de tratamento do ebola em Kenema, no leste da Serra Leoa, uma das regiões mais afetadas pela epidemia, morreu na terça-feira (22) depois de ter contraído a doença na semana passada.

Considerado um “herói nacional” pelo trabalho com os doentes de ebola, Khan foi admitido num centro de tratamento anti-ebola, gerido pela MSF, em Kailahun, também no leste da Serra Leoa, depois de testes positivos ao vírus.

Em Londres, o Governo britânico anunciou a realização, durante o dia, de uma reunião interministerial de gestão desta crise, que considera “uma ameaça” para o Reino Unido.

“Até o momento nenhum cidadão britânico (no estrangeiro) foi infectado e estamos bastante confiantes de que não existe qualquer caso (do vírus) no Reino Unido”, declarou à estação BBC o ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, Philip Hammond.

O vírus do ebola “constitui uma ameaça à qual se deve dar uma resposta”, frisou.

A epidemia, surgida no início do ano, foi declarada primeiro na Guiné-Conacri, antes de se estender à Libéria e depois à Serra Leoa, dois países vizinhos que, em 23 de julho, totalizavam 1.201 casos e 672 mortes, de acordo com o último balanço da OMS.

O vírus do ebola é transmitido por contato direto com o sangue, líquidos biológicos ou tecidos de pessoas ou animais infectados.

A febre manifesta-se através de hemorragias, vômitos e diarreias. A taxa de mortalidade varia entre 25 e 90% e não é conhecida uma vacina contra a doença.

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