A Suprema Procuradoria do Povo Chinês – máximo órgão jurídico e de fiscalização – revelou, em 27 de abril, os maciços subornos que Wang Tianchao, ex-chefe do Primeiro Hospital Popular de Yunnan, aceitou durante seu mandato.
De 2005 a 2014, Wang recebeu mais de um bilhão de yuans (161 milhões dólares) em propinas, período em que administrou obras de melhoria de infraestrutura hospitalar, comprou equipamentos médicos e promoveu médicos.
Wang não é o primeiro médico da cidade de Yunnan acusado de corrupção, segundo a Phoenix Television, emissora com sede em Hong Kong. Em 2011, Zhang Chunguang, ex-diretor do Hospital N.º 2 do Povo de de Yunnan, aceitado cerca de US$ 3 milhões em subornos. Por receber mais de US$ 1,45 milhão em propinas, Yang Zhan, que já dirigiu o Hospital N.º 3 do Povo de Yunnan, foi condenado em 2012 a cinco anos de prisão.
Médicos desonestos também podem ser encontrados em outras regiões da China – a Procuradoria do Povo da Cidade de Xianyang, no estado de Shaanxi, noroeste da China, disse recentemente à revista chinesa Caixin que seis diretores de hospitais, oito diretores-adjuntos e quatro pesquisadores de laboratório em três cidades do estado de Shaanxi estão sendo investigados por corrupção, montante de mais de 4 milhão de dólares.
Certamente, a corrupção em hospitais públicos chineses é “muito comum, assim como a corrupção em empresas estatais”, disse Liu Ye, advogado da área de saúde, para a revista Caixin, revista que que muitas vezes age como porta-voz na campanha anticorrupção iniciada pelo presidente chinês Xi Jinping. Vários altos funcionários nos ramos de energia, siderurgia, automóvel e aéreo já foram, demitidos e presos em decorrência dessa campanha.
Liu disse que, em hospitais, é mais fácil não ser descoberto por aceitar subornos, porque “os diretores detêm grande autonomia e não são devidamente fiscalizados”.
O hospitais anteriormente administrados por Wang Tianchao, o Hospital N.º do Povo de Yunnan e o Hospital N.º 3 do Povo de Yunnan foram citados no relatório da Organização Mundial para Investigação da Perseguição ao Falun Gong (WOIPFG) – uma entidade sem fins lucrativos sediada nos EUA – como hospitais conhecidos por participarem na extração ilegal de órgãos de praticantes do Falun Gong, um grupo de meditação espiritual. Wang Tianchao tem ligações com altos funcionários que supostamente estão por trás desse crime.
Wang Tianchao foi um colaborador próximo de Bai Enpei, secretário do Partido Comunista Chinês de Yunnan que caiu em desgraça, de acordo com o site chinês de notícias Sina. Bai por sua vez, durante seu mandato, apoiou os esforços do “ex-czar” da segurança na China, Zhou Yongkang, na perseguição contra o Falun Gong em Yunnan.