Médica cubana pertencente ao programa de cooperação ‘Mais Médicos’ no Brasil e que trabalhava na cidade de Jandira, na Grande São Paulo, deixou o programa e partiu para Miami no último final de semana com seu marido e filho, segundo informou na terça-feira (31) o jornal Folha de São Paulo.
Conforme matéria da edição online da Folha, a médica Dianelys San Román Parrado atuava em uma unidade de saúde no bairro Jardim Nossa Senhora de Fátima em Jandira, na região metropolitana de São Paulo, há um ano e meio de acordo com a prefeitura. Ela viajou para a cidade norte-americana de Miami junto com o marido e um filho de cinco anos. Segundo a administração municipal, as férias de Dianelys acabaram na última sexta-feira (27) e ela não voltou a trabalhar. “Após esgotadas as 48 horas para justificativa de faltas, a Secretaria Municipal de Saúde, fez a comunicação para a Coordenação do Programa Mais Médicos”, comentou.
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Dianelys teria decidido fugir após sofrer pressão de Cuba para que se separasse da família. O governo cubano supostamente teria determinado que seu marido e seu filho de cinco anos regressassem à ilha. A confirmação foi feita a seu médico supervisor, segundo a Folha.
A médica iniciou no programa Mais Médicos em dezembro de 2013 e realizava “um ótimo trabalho”, assegurou seu supervisor, Gustavo Gusso. De acordo com a Folha, o governo cubano tem feito ameaças de substituir os profissionais integrantes do programa cujos parentes se negam a retornar para Cuba e ficar na ilha. Para isso, afirma que os diplomas dos médicos serão cassados.
Cuba tem receio de que as famílias fiquem definitivamente no Brasil e quer impedir deserções. De acordo com o governo cubano, os parentes dos médicos só podem fazer visitas ao médico que trabalha no Brasil. No entanto, o tempo máximo da viagem não é especificada. O Ministério da Saúde do Brasil afirma que está fora de sua alçada interferir nos vínculos de trabalho internos entre os médicos cubanos e seu país de origem.
O programa teve início em 2013 e, segundo o Ministério, a grande maioria dos 11,4 mil profissionais empregados são cubanos que foram admitidos mediante um acordo com a Organização Panamericana de Saúde (OPAS). Desse total, 40 já abandonaram suas atividades.
Segundo o senador Cassio Cunha (PSDB), do salário mensal estabelecido de 10.400 reais, os médicos só recebem o valor de 3.120 reais (965,3 dólares). De acordo com a lei do Mais Médicos, os familiares dos intercambistas têm visto de permanência no País com o mesmo prazo de validade do que é expedido ao profissional.