Material radioativo de Fukushima despejado nos rios, diz jornal

07/01/2013 09:56 Atualizado: 07/01/2013 20:30
Governo do Japão convocado para garantir segurança
Trabalhadores coletam folhas de uma calha na Prefeitura de Fukushima enquanto começam a descontaminação a oeste da restrita usina nuclear em 8 de dezembro de 2011 (STR/AFP/Getty Images)

Trabalhadores de limpeza da usina nuclear de Fukushima Daiichi estariam despejando terra e folhas contaminadas nos rios. Segundo o jornal local Asahi Shimbun, eles também deixaram vazar para o meio ambiente a água utilizada para pulverizar os edifícios da instalação, violando os regulamentos do Ministério do Meio Ambiente.

De 11 a 18 de dezembro, repórteres do Asahi tiraram fotos e gravaram instruções dos supervisores às equipes de limpeza, observando o dúbio trabalho de descontaminação. Num artigo na sexta-feira, o jornal revelou que os trabalhadores foram instruídos a ignorar os regulamentos do Ministério do Meio Ambiente japonês sobre como descartar corretamente materiais radioativos.

Após a publicação do artigo, Yuhei Sato,  governador de Fukushima, apelou ao Ministério do Meio Ambiente para investigar as operações de limpeza e compilar um relatório para o governo. “Se os relatos são verdadeiros, seria extremamente lamentável”, disse Sato numa conferência de imprensa, na sexta-feira, segundo o Asahi. “Espero que todos os envolvidos entendam claramente como a descontaminação é importante para o povo de Fukushima,” continuou Sato.

Moradores da periferia de Fukushima esperam pela descontaminação para poderem voltar para suas casas depois do acidente ocorrido na instalação nuclear, devido ao terremoto em março de 2011. O governo foi criticado por atrasar a evacuação de alguns moradores locais.

O procurador Yoshitaro Nomura representa um grupo de moradores que exige compensação do proprietário das instalações, a TEPCO, que admitiu que poderia ter feito mais para melhorar os procedimentos de segurança na usina de Fukushima antes do terremoto de magnitude 9,0 que abalou o Japão. Nomura comentou sobre o papel do governo na crise:

“O que o governo fez após a crise de Fukushima? O governo adiou as ordens de evacuação que deveria dar. Agora, ele dá prioridade à recuperação econômica em detrimento da saúde dos moradores”, disse Nomura ao Greenpeace no início da semana passada.

O governo japonês havia recebido dados coletados por cientistas dos Estados Unidos logo após o desastre, mas não agiu sobre eles de forma eficiente, segundo o relatório do Greenpeace. O presidente da Assembleia da cidade japonesa de Namie, Kazuhiro Yoshida, disse ao Greenpeace: “É escandaloso que o governo não nos tenha informado sobre os dados radioativos na época.”

O governo do Japão enfrentará uma grande investigação sobre o processo da limpeza. Algumas pessoas pediram ao governo que usasse os 650 bilhões de ienes (7,4 bilhões de dólares) alocados para a limpeza para ajudar os desabrigados de Fukushima de outras maneiras.

O ministério concedeu contratos para grandes empresas de construção pelo trabalho de limpeza, estipulando que folhas e solo potencialmente contaminados com radiação deveriam ser colocados em sacos. A água também deve ser recolhida de forma adequada, segundo as diretrizes do ministério. Violar estas diretrizes acarreta em pena máxima de cinco anos de prisão e multa de 10 milhões de ienes (115 mil dólares), informou o Asahi.

O ministério também exige que a radiação seja medida antes e depois do trabalho de limpeza. Trabalhadores disseram ao jornal que só poderiam fazer medições em áreas limitadas. Um trabalhador disse ao Asahi: “Disseram-nos para limpar apenas as áreas em torno de um local de medição.”

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