Massagem como método terapêutico

03/02/2015 08:00 Atualizado: 03/02/2015 01:46

O toque é considerado como uma resposta básica humana, de tal sorte que pode nem ser considerado como uma forma legítima de terapia.

Culturas orientais têm uma longa tradição de técnicas de massagens medicinais, mas a base do toque terapêutico no Ocidente começou há pouco mais de um século e meio atrás. Foi na década de 1850, quando o fisiologista e instrutor de ginástica Pehr Henrik Ling desenvolveu a massagem sueca.

Muitos massoterapeutas ainda praticam a forma de Ling, mas suas habilidades incluem uma vasta variedade de técnicas corporais avançadas, tais como pontos-gatilho, liberação miofascial, ou terapia craniossacral. Eles podem inclusive ter sido treinados nas técnicas de massagem asiáticas ou de outras regiões.

A massagem era anteriormente considerada mais como uma indulgência do que uma terapia viável; a massagem ganhou uma nova reputação na comunidade médica. De acordo com a Dra. Leena Guptha, presidente do Conselho Nacional de Certificação Terapêutica e Corporal (NCBTMB) [nos EUA], a massagem terapêutica trabalha em conjunto com a medicina moderna.

“Os massagistas estão sendo recrutados para hospitais e centros médicos”, conta a Dra. Guptha. “Existem massagistas trabalhando com pacientes com câncer, conjuntamente com os terapeutas complementares.”

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Claire Martin – uma terapeuta certificada pelo NCBTMB, que graduou-se como oradora de sua turma no instituto de massagem clínica SOMA, em Chicago – é um exemplo de praticante contemporânea. Martin trabalha como autônoma em Purebalance, uma clínica que integra médicos holísticos, quiropatas, acupunturistas e neurologistas, há 18 milhas ao norte de Chicago.

“Pessoas já me chamaram de massagista, mas eu as corrigi e disse: ‘Não, eu sou uma massoterapeuta.’ Massagista é um termo mais antigo, mas pode significar uma coisa diferente”, disse Martin.

Qualificações e estilo

A primeira indicação de um bom massoterapeuta [nos EUA] é a prova de licenciamento. Para obter uma licença (disponível em 44 Estados), o praticante deve completar entre 500 a 1000 horas em uma escola regulamentada. O certificado da NCBTMB representa um outro nível, que requer maior educação, prática e aprovação em exames técnicos.

Após as credenciais, encontrar o massoterapeuta certo é mais uma questão de gosto do que de técnica. A Dra. Guptha recomenda que se converse com o profissional antes de agendar um horário.

“Um bom relacionamento entre o consumidor e o massoterapeuta também é um fator essencial para o processo de recuperação“, ela diz.

De acordo com Martin, mesmo que dois profissionais obtenham o mesmo treinamento, ambos podem abordar a sessão de diferentes maneiras, “Eu gosto de chegar ao fundo do problema”, ela conta. “Gosto de ficar pelo menos uma hora trabalhando as costas de alguém, realmente atingindo todos os músculos, tentando soltar pontos de tensão e áreas doloridas.”

Moira Scullion, dona do Schungo Bodywork, em Chicago e ex-professora da Escola de Massagem Terapêutica de Chicago, foi treinada nas técnicas convencionais de massagem, mas com 16 anos de prática seu estilo evoluiu de modo a focar com mais atenção o abdome e a região lombar. Cerca da metade de sua clientela é de mulheres com problemas menstruais, de fertilidade ou digestivos.

“Quando eu estava dando aula o dia inteiro, uma das aulas que eu mais gostava de ministrar era a de abdome, por ser diferente das outras aulas.” Ela conta que “não se trata somente de estímulo nos músculos; existe um outro lado, o emocional que está preso ali.”

Conselhos dos especialistas

A massoterapia pode ser uma carreira muito gratificante, mas também pode ser um trabalho pesado, e os massoterapeutas talvez sejam as pessoas que mais precisam de tratamento regular para o seu próprio bem-estar.

Claire Davis é massoterapeuta clínica há 11 anos. Ela trabalha tanto em uma clínica quiroprática, como no escritório onde atende contadores. Seu trabalho se concentra principalmente na redução da dor, do stress e na reeducação da postura. Mas quando Davis quer um tratamento para si, ela procura uma experiência em algum spa.

“Eu não tenho nenhum foco específico“, ela explica. “No entanto, sou uma mãe ocupada, e gasto muita energia, então, preciso sempre de um tempo para cuidar de mim mesma.”

Quando Martin procura um terapeuta, ela foca naqueles que tiveram a mesma proficiência nas técnicas que ela mesma usa. “Apesar da massagem relaxante ser ótima, eu tenho vários problemas que me incomodam, por exemplo, algumas áreas que acabam sendo machucadas, então preciso focar nelas,” ela diz.

Scullion procura praticantes que utilizem uma abordagem mais eclética: “Eu realmente gosto de profissionais que tenham uma ideia mais variada, que fazem um pouco de massagem tailandesa ou shiatsu, sabendo como funciona a sua própria anatomia. Quem não conhece sua própria anatomia, raramente faz uma boa massagem.”

Confie em você mesmo e se comunique

Se você nunca recebeu nenhum tipo de tratamento corporal, você demorará um pouco para descobrir do que precisa, gosta ou com o que se sente à vontade. Davis diz que as referências de um quiroprático ou de outros profissionais da saúde podem identificar um estilo [de trabalho do profissional] ou um terapeuta com um bom histórico, mas a sua própria voz interior é igualmente importante.

“Se você sente que algo está errado antes de sentar na maca, será pior ainda quando estiver em uma posição vulnerável”, Davis alerta. “O profissional pode ser excelente, mas não encaixa com você.”

“Confie em seus instintos“, diz Scullion. “Se o massoterapeuta fala muito de si mesmo durante a sessão, então desista, pois a sessão é sua. Você está pagando por ela. É o seu tempo. Não o dele.”

Outra chave para uma massagem boa é a comunicação. Enquanto um terapeuta sensível procura a pressão correta e a técnica adequada, algumas orientações do cliente podem esclarecer e facilitar o trabalho.

“Eu geralmente encorajo a comunicação quando estou trabalhando com alguém”, diz Martin. “Você gostaria de falar ao seu dentista caso a anestesia não esteja funcionando.”