Dilma se disse muito triste com a derrota do selecionado brasileiro por sete a um diante da Alemanha. O risco é de ficar mais triste ainda com o desenrolar da campanha eleitoral. Porque do jeito que as coisas vão, mesmo sem a certeza de que será derrotada, a imagem da presidente vem sendo desgastada mais do que com o placar do jogo com os alemães: pela rejeição nacional às iniciativas do governo em termos de prestação de serviços públicos.
A seleção nacional precisou convocar uma psicóloga para tentar, sem sucesso, recompor os cacos de seus craques, todos apavorados com os embates futuros, depois do entrevero com o Chile. Pois a presidente deveria precaver-se e convidar sua psicóloga, no mínimo, para livrar-se da imagem que a opinião pública demonstrou estar repudiando.
Daqui para diante o caminho da candidata será escarpado e cheio de espinhos, porque cada vez mais o PT a vai abandonando. Fora Rui Falcão e os dirigentes maiores do partido, os companheiros cuidam cada um da própria sobrevivência. Tiraram o que puderam dos primeiros anos da presidente, para não falar dos anos Lula, quando se apoderaram das estruturas do poder público, mas agora preocupam-se apenas em manter seus espaços, mesmo sem a garantia da reeleição de Dilma. Sabem que será difícil a Aécio Neves ou Eduardo Campos, se vitoriosos, governar sem alianças com o PT, mas gradativamente reforçam a hipótese da substituição da criatura por seu criador.
Cresce a cada dia, mesmo em silêncio, a proposta da ascensão do Lula como candidato de última hora, podendo a troca acontecer até vinte dias da eleição. Os pretextos seriam fáceis de armar, como o estado de saúde da chefe do governo, que aliás não preocupa. Ela não teria como resistir. O problema nessa operação é saber se o ex-presidente não levaria com ele as mesmas causas da rejeição hoje registrada diante de Dilma. Provavelmente, não. Apesar do desgaste de doze anos de poder dos companheiros, ainda preserva suas doses de gordura sobressalentes. Dispõe de indiscutíveis reservas de popularidade e liderança.
Em suma, o calvário de Dilma, já iniciado há um ano, apresenta sucessivas estações de sacrifício ainda por enfrentar. Pudesse ela mudar de postura e de imagem e ainda disporia de condições para garantir o segundo mandato, mas hoje ficam cada vez mais tênues as possibilidades de voltar ao que era um ano atrás, como potencial vitoriosa. Nada se pode supor a respeito dos próximos dois meses e meio. A sorte de Dilma, e de Lula, é que os adversários não disseram a que vieram.
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