Marcada para extração forçada de órgãos em Masanjia

02/05/2013 05:19 Atualizado: 02/05/2013 05:59
Praticantes da disciplina espiritual do Falun Gong encenam uma remoção forçada de órgãos num protesto num distrito comercial de Hong Kong em 12 de janeiro de 2013 (Antony Dickson/AFP/Getty Images)

Às vezes, praticantes de Falun Gong desapareceram do Campo de Trabalho Forçado Feminino de Masanjia sem deixar vestígios. Suas roupas e outros pertences ficaram para trás, mas os praticantes não puderam mais ser encontrados.

Só mais tarde a Sra. Xie (nome completo não revelado para proteger sua identidade) compreendeu o significado desses desaparecimentos. (A experiência da Sra. Xie em Masanjia é contada com mais detalhes no artigo “Chinesa reconta torturas sofridas em notório campo de trabalhos forçados na China“)

A Sra. Xie suportou 17 meses em Masanjia. Ao ser admitida no campo em novembro de 2005, ela recebeu um extenso e caro exame médico. Na época, ela foi informada que se os médicos do campo descobrissem que ela não era saudável o suficiente, ela seria mandada para casa.

Raios-x, ultrassom, exames da função hepática, coleta de urina, etc.; a Sra. Xie disse inclusive que uma seringa especialmente grande foi usada para coletar seu sangue.

Claro, ela não foi mandada para casa. Em Masanjia, a tortura já matou ou aleijou inúmeros praticantes do Falun Gong. A saúde dos detentos não é uma preocupação.

Em março de 2006, uma família foi visitar a filha presa, uma praticante do Falun Gong chamado Liu Mingwei.

Quando a família de Liu Mingwei foi recusada a entrar, eles começaram a gritar do lado de fora do campo que exporiam ao mundo a horrível prática da colheita forçada de órgãos de pessoas vivas se os oficiais da prisão não os deixassem visitar sua filha.

Naquele momento, a Sra. Xie lembrou que a polícia muitas vezes lhe disse, “Se você não desistir de praticar [o Falun Gong], você subirá pela chaminé [do crematório de Masanjia].”

Ela percebeu que esta era uma séria ameaça de morte, mas até então ela não sabia sobre a colheita de órgãos.

Pouco depois da Sra. Xie ser libertada de Masanjia em março de 2007, ela encontrou-se com seu ex-colega Li Shiying. Ele disse que sua esposa foi submetida a uma cirurgia de transplante de fígado no Hospital 301 (o Hospital Geral do Exército da Liberação Popular).

Um órgão foi encontrado muito rapidamente; desde a admissão da esposa de Li Shiying no hospital até sua alta médica levou apenas 21 dias.

“O médico disse que o fígado foi doado por alguém que pratica qigong. Era definitivamente um fígado saudável”, disse Li Shiying a Sra. Xie.

Ouvindo a história de Li Shiying, a Sra. Xie teve uma sensação de pânico. O exame médico que ela recebeu e a informação sobre seus órgãos devem ter sido inseridos num banco de dados de computador em algum lugar.

Num momento qualquer em Masanjia, ela poderia ter sido encaminhada para a sala de cirurgia. Ela poderia ter desaparecido tão misteriosamente como outros presos cujas roupas haviam ficado para trás, desaparecendo numa nuvem de fumaça numa brisa de março.

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