Marasmo da indústria: o atraso em ousar

11/08/2012 06:39 Atualizado: 28/08/2012 06:25

Tela mostrando a queda de grandes empresas brasileiras na Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA), em agosto de 2008. (Mauricio Lima/AFP/GettyImages)Já é tempo de despertar do feitiço da marola

A mais recente pesquisa do IBGE registrou queda de 5,5% na produção industrial brasileira em junho de 2012 em comparação com o mesmo mês do ano passado. O que, no entanto, significou um ligeiro aumento, de 0,2%, em relação ao mês de maio deste ano, após queda acumulada de -2,2% nos três meses anteriores. Estes dados sugerem duas coisas: por um lado, a queda na comparação anual indica que a crise financeira que assola a Europa e os Estados Unidos está afetando a produção nacional; por outro, o leve incremento na comparação mensal demonstra que a indústria é sensível aos estímulos tributários do Governo. Não obstante, para retomar verdadeiramente o crescimento, é preciso mais ousadia.

De fato, a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) em setores como os de veículos automotores e de eletrodomésticos, instantaneamente percebida pelos consumidores, aumentou a demanda, reduziu os estoques e levou, em última análise, à interrupção da trajetória de queda percorrida desde abril.

A pergunta que não se cala é: por que motivo não se reduz impostos em outros setores importantes, como o de energia elétrica, de combustíveis e de máquinas e equipamentos? Alguns alegarão que uma redução de tributos mais ampla comprometeria a responsabilidade fiscal. Mas, seria isso verdade, considerando os recordes de arrecadação que são batidos pela Receita Federal a cada mês, frutos da informatização e profissionalização da administração tributária?

É mais uma pergunta diante da qual as autoridades exercem o direito constitucional de permanecerem caladas, tal como os réus nos shows televisionados das Comissões Parlamentares de Inquérito. Aliás, pode estar lá, no Congresso, a triste resposta a estas perguntas.

Diante do marasmo atual, já é tempo de a nação despertar do feitiço da marola e recobrar a consciência. É preciso mais ousadia. Ousadia para reduzir tributos, ousadia para enfrentar a gastança congressista, ousadia para colocar a sociedade brasileira definitivamente em voo de cruzeiro. Caso contrário, o país corre forte risco de conseguir somente um pífio voo de galinha. Enquanto isso, a tsunami não espera.