Manual descreve treinamento em ciberguerra para estudantes chineses

25/03/2014 12:49 Atualizado: 25/03/2014 12:49

Estudantes de ciência da computação na China são exortados a “assumir a responsabilidade de proteger a soberania cibernética [da China], e se envolver na árdua tarefa da ciberguerra”, segundo uma apresentação de “Introdução à Informática” da Universidade de Ciência e Tecnologia do Leste da China.

A apresentação feita aos alunos, escrita em chinês e datada de 20 de março, dá um vislumbre das ideias que estão sendo ensinadas aos estudantes de ciência da computação na China, bem como a ideologia por trás dos hackers que lançam ataques contra o Ocidente.

Uma página tem uma figura militar usando capacete e óculos de proteção e dizendo ao leitor: “Você também é um soldado cibernético.” Isso é seguido por outra página com a imagem do ex-contratado da NSA, Edward Snowden, que roubou e vazou documentos sobre programas de espionagem da Agência de Segurança Nacional (NSA) dos EUA.

Depois de contar aos alunos sobre os programas de espionagem dos EUA, o manual pede aos alunos: “Você já foi vigiado?” Em seguida, depois de pintar os Estados Unidos como um inimigo, o texto questiona: “Como um chinês, o que eu posso fazer?”

O documento então passa pelo programa de classe e descreve os tipos de treinamento pelos quais os estudantes passarão. E observa que as principais características da ciberguerra são “ataques de hackers, espalhar vírus”, bem como interferir com sinais e destruir alvos.

Apresentado como qualquer outro curso universitário, o documento diz aos alunos que durante as aulas os alunos se dividirão em três equipes. Uma equipe estará no “ataque”, outra na “defesa”, e uma terceira no “desenvolvimento”. E explica a lógica por trás desses papéis um pouco mais, observando que as três unidades para a ciberguerra são “a unidade de ataque e interferência, a unidade de defesa e resistência e a unidade de salvaguarda e proteção”.

Entrando na ‘Matrix’

O programa aconselha os estudantes que “Baidu e Google são os melhores professores”, o que é irônico, pois o Google foi banido da China.

Ele também recomenda que os estudantes aprendam sobre a cultura hacker assistindo filmes americanos, incluindo “Hackers”, “Swordfish” e “The Matrix”. A maioria dos hackers ocidentais provavelmente reviraria os olhos, já que eles frequentemente zombam da forma exagerada como os hackers são retratados por Hollywood.

A apresentação segue a notícia de que a principal universidade policial e de segurança da China, a Universidade Popular de Segurança Pública, em Pequim, também treina hackers para ciberataques. A universidade faz parte do Ministério da Segurança Pública da China.

A classe de polícia universitária que realiza o treinamento, o Laboratório de Rede e Defesa, utiliza software chinês projetado para treinar agentes em ciberguerra e espionagem, segundo o Washington Free Beacon (WFB), que cita fontes governamentais não identificadas.

O WFB informa que o software usado para treinar hackers chineses, SimpleISES, é utilizado por mais de 30 universidades em toda a China, e observa: “Analistas dizem que o SimpleISES é um elemento-chave por trás ciberataques em grande escala no exterior relacionados aos militares da China.”

Os programas de treinamento de hackers da China em suas universidades também têm envolvimento militar. O WFB informou que a Universidade de Wuhan da China tem apoiado os ciberataques militares chineses ao Ocidente e recebe financiamento de diversas organizações militares chinesas.

O Pentágono havia citado as conexões opacas da China entre programas civis e militares num relatório de 2013 para o Congresso, quando reconheceu pela primeira vez o envolvimento do exército chinês em ciberataques contra o Ocidente.

O documento afirma que a China tem como uma alta prioridade a política de integrar seus setores civis e militares para desenvolver tecnologia e uma base industrial para “servir tanto necessidades militares como civis”.