A privatização do Maracanã também foi motivo de protesto
RIO DE JANEIRO – Manifestantes protestaram hoje (1º) contra demolição de prédios próximos ao Maracanã e a privatização deste complexo, que será usado na Copa do Mundo de Futebol de 2014 e nos Jogos Olímpicos de 2016. O ato começou na Praça Saenz Peña, na Tijuca e terminou em frente ao Maracanã.
Dentre os edifícios previstos a para demolição está uma das 10 melhores escolas do país, a Escola Municipal Friedenreich. Outros edifícios são o Estádio de Atletismo Célio de Barros, o Parque Aquático Júlio Delamare e o antigo Museu do Índio para as obras do Maracanã.
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Gustavo Mehl, jornalista e membro do Comitê Popular da Copa e das Olimpíadas do Rio de Janeiro, disse que o manifesto é resultado de um processo bastante autoritário do governo do estado do Rio de Janeiro que culminou no anúncio do edital de licitação de concessão do Maracanã à iniciativa privada. Segundo o jornalista, o edital foi realizado sem a consulta dos grupos afetados.
“[O edital] prevê não só um contrato que é completamente insatisfatório para população carioca, uma vez que não ressarce o estado em nem 20% do que a população investiu no Estado desde 1999, como, além disso, prevê demolições de espaços públicos que funcionam no complexo do Maracanã e que atendem a população do bairro do Maracanã e da cidade do Rio de Janeiro”, afirma o jornalista.
“Estamos aqui hoje para questionar esse processo de privatização do Maracanã. O que a gente demanda aqui é um processo de negociação para que a solução seja satisfatória para todos”, completa Gustavo.
Professores, estudantes e pais de alunos da escola Friedenreich também compareceram à manifestação. O professor de história e filosofia, Carlos Ehlers, representante da comissão de pais da escola Friedenreich, disse que o ato público foi realizado para conscientização da população sobre as demolições que o governo do Estado do Rio quer executar. Segundo ele, o governo alega que vai construir a escola em outro lugar, mas ainda não foi divulgada a localização.
Sônia Fonseca, dona de casa que teve duas filhas que estudaram na escola Friedenreich apoiou o protesto pela preservação da escola, por sua “excelente qualidade”. “Nenhum dos outros prédios afeta o movimento do Maracanã”, completou Sônia.
Carlos Tucano, cacique da Aldeia Maracanã, que mora no antigo edifício do Museu do Índio disse se sentir “ameaçado” para dar espaço para a Copa do Mundo. O cacique ocupa o prédio com mais 35 índios. Para ele, a população do Brasil e do mundo precisa ser conscientizada sobre o que está ocorrendo.
O Ministério Público Estadual entrou na Justiça, em 21 de novembro, com uma Ação Civil Pública contra o governo do Estado e a Prefeitura do Rio de Janeiro, solicitando a permanência da escola e impondo multa diária de R$ 5.000,00 caso seja impedida a matrícula dos alunos. O governo do Rio alega que as alterações e demolições são necessárias para adequar o Maracanã às exigências da Federação Internacional de Futebol (FIFA) para a Copa 2014, segundo Agência Brasil.
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, declarou em coletiva de imprensa dia 28 de novembro que ele é o maior interessado na permanência da escola, mas afirmou que “escola não é prédio. Escola são professores, a sua história e qualidade do seu ensino. A escola não vai sair dali pra lugar nenhum, ela sai dali para um lugar melhor. Então, paremos com tanta demagogia”, informou o G1.
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