RIO DE JANEIRO – Cerca de 200 pessoas protestaram na noite deste sábado (13) em frente à Igreja do Carmo, no centro do Rio de Janeiro, durante o casamento de Beatriz Barata, neta do empresário Jacob Barata, conhecido como o “Rei dos ônibus”. Barata é dono de um conglomerado que controla 25% da frota de ônibus da cidade.
Vestidos de noiva e portando cartazes como “Dona Baratinha, vai de ônibus para o Copacabana Palace” e “Casar com o dinheiro do povo dá azar”, os manifestantes exigiam a instalação de comissões parlamentares de inquérito (CPI) para investigar irregularidades no transporte público carioca. Segundo a Polícia Militar, 30 homens do 5º Batalhão (Praça da Harmonia) reforçaram a segurança no local para a cerimônia e o protesto foi pacífico.
Por volta das 21h, os manifestantes seguiram para o Copacabana Palace, na Avenida Atlântica, em Copacabana, para a festa de casamento de Beatriz Barata. Cerca de 500 pessoas fizeram panelaço, buzinaço e gritaram palavras de ordem em frente ao hotel, sem bloquear a avenina nem interferir no trânsito. Em dias de festa julhina, os manifetantes também dançaram quadrilha, com canções adaptadas contra o que consideram a outra “quadrilha” que festejava do lado de dentro. Em resposta, convidados jogaram comida, bebida e até aviõezinhos feitos com notas de R$ 20 do salão de festas.
Em dado momento, um convidado atirou um cinzeiro de vidro causando corte profundo na cabeça de um dos manifestantes. Em resposta, alguns atiraram pedras contra a fachada do famoso hotel, que ficou manchada de sangue. A segurança do local estava reforçada com 50 policiais e 12 viaturas do 19º Batalhão de Polícia Militar (Copacabana), segundo a PM.
Repórteres foram intimidados no excercício de seu trabalho. Dois cinegrafistas do MídiaNinja, que realizavam transmissão ao vivo no local, foram fisicamente agredidos: um por um segurança e outra por um motorista particular. Solicitados pelos repórteres, policiais que testemunharam o ocorrido se recusaram a ajudar e inclusive revidaram com spray de pimenta e revistaram um dos cinegrafistas. Na porta lateral do edifício, um convidado que não foi identificado jogou no chão o celular de um manifestante que filmava o protesto e também não foi repreendido pelo policial e seguranças que integravam o cordão de isolamento.
Com a chegada dos soldados do Batalhão de Choque da PM, por volta de 3h desta madrugada, os manifestantes, que momentos antes tentavam impedir a saída de convidados, começaram a dispersar após bombas de efeito moral e tiros de balas de borracha em frente ao hotel. Não foi usado gás lacrimogêneo.
Neste exato momento, Ruan Martins Nascimento, o ferido pelo cinzeiro, 24 anos, ainda aguardava a autorização da direção do hotel para que entrasse acompanhado de sua advogada e de um policial para receber cuidados médicos e identificar o autor do arremesso, o que, com a confusão, não chegou a ocorrer. Ele só conseguiu ser atendido depois das 4h por uma ambulância, que mesmo estacionada no local permanecia fechada até o momento.
O panelaço continuou, um pouco mais afastado, enquanto os convidados saíam escoltados pelos soldados do Choque, que não atenderam à solicitação de advogados de Ruan de buscar o autor do arremesso do cinzeiro. Perguntada sobre se irá apurar o caso, a Polícia Militar não respondeu e se limitou a dizer, em nota, que o “Batalhão de Choque foi acionado para conter um tumulto envolvendo um grupo de manifestantes”, se referindo aos incidentes do cinzeiro e do arremesso de pedras. Da janela, participantes da festa elogiavam os soldados e provocavam os manifestantes dando risadas e dizendo “está na hora de dormir”.
Em nota, a diretoria do Copacabana Palace informou que foi surpreendida pelo protesto e que a manifestação trouxe transtornos à rotina e funcionamento da casa. “Os manifestantes bloquearam todos os acessos do hotel, impedindo clientes, hóspedes e funcionários de entrar ou sair de nossas dependências. Estas pessoas nada tinham a ver com os protestos”, afirmou, acrescentando que dezenas de pessoas foram insultadas, dentre as quais “idosos, cadeirantes, crianças de colo e mulheres grávidas”.
O hotel considera injusto o fato de ter tido sua fachada alvejada por pedras, que, segundo a diretoria, atingiram também “veículos de hóspedes e convidados, que foram amassados e tiveram vidros quebrados”. “Hospedamos eventos privados em nossos salões, que são contratados por pessoas ou empresas, todos os dias.”
Sobre o incidente do cinzeiro, a diretoria do hotel lamentou a situação e assegurou que tomou as providências cabíveis. “Tão logo tomamos conhecimento de que havia uma pessoa ferida, providenciamos os primeiros socorros na ambulância contratada para o evento, que se localizava a 50 metros da porta principal do hotel”, afirmou a diretoria, que se coloca “à disposição das autoridades policiais para prestar esclarecimentos e providenciar informações que sejam necessárias”.
O Copacabana Palace e a Polícia Militar não se pronunciaram sobre o excesso e omissão de seguranças e policiais contra repórteres e um manifestante que filmavam o protesto.
As hashtags #casamentodabaratinha, #casamentodadonabaratinha e #casamentodonabaratinha continuam no topo do ranking das mais comentadas no Twitter e Facebook. Em junho, os cariocas também foram às ruas contra o aumento das passagens de ônibus e por melhorias nos serviços públicos.
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