Manifestantes fazem panelaço durante casamento de neta do empresário dos ônibus do Rio

14/07/2013 08:04 Atualizado: 13/11/2014 22:50
Manifestantes fazem panelaço em frente ao Copacabana Palace, durante festa de casamento de Beatriz Barata (captura de tela da transmissão do MídiaNinja)
Manifestantes fazem panelaço em frente ao Copacabana Palace, durante festa de casamento de Beatriz Barata (captura de tela da transmissão do MídiaNinja)

RIO DE JANEIRO – Cerca de 200 pessoas protestaram na noite deste sábado (13) em frente à Igreja do Carmo, no centro do Rio de Janeiro, durante o casamento de Beatriz Barata, neta do empresário Jacob Barata, conhecido como o “Rei dos ônibus”. Barata é dono de um conglomerado que controla 25% da frota de ônibus da cidade.

Vestidos de noiva e portando cartazes como “Dona Baratinha, vai de ônibus para o Copacabana Palace” e “Casar com o dinheiro do povo dá azar”, os manifestantes exigiam a instalação de comissões parlamentares de inquérito (CPI) para investigar irregularidades no transporte público carioca. Segundo a Polícia Militar, 30 homens do 5º Batalhão (Praça da Harmonia) reforçaram a segurança no local para a cerimônia e o protesto foi pacífico.

Por volta das 21h, os manifestantes seguiram para o Copacabana Palace, na Avenida Atlântica, em Copacabana, para a festa de casamento de Beatriz Barata. Cerca de 500 pessoas fizeram panelaço, buzinaço e gritaram palavras de ordem em frente ao hotel, sem bloquear a avenina nem interferir no trânsito. Em dias de festa julhina, os manifetantes também dançaram quadrilha, com canções adaptadas contra o que consideram a outra “quadrilha” que festejava do lado de dentro. Em resposta, convidados jogaram comida, bebida e até aviõezinhos feitos com notas de R$ 20 do salão de festas.

Em dado momento, um convidado atirou um cinzeiro de vidro causando corte profundo na cabeça de um dos manifestantes. Em resposta, alguns atiraram pedras contra a fachada do famoso hotel, que ficou manchada de sangue. A segurança do local estava reforçada com 50 policiais e 12 viaturas do 19º Batalhão de Polícia Militar (Copacabana), segundo a PM.

Repórteres foram intimidados no excercício de seu trabalho. Dois cinegrafistas do MídiaNinja, que realizavam transmissão ao vivo no local, foram fisicamente agredidos: um por um segurança e outra por um motorista particular. Solicitados pelos repórteres, policiais que testemunharam o ocorrido se recusaram a ajudar e inclusive revidaram com spray de pimenta e revistaram um dos cinegrafistas. Na porta lateral do edifício, um convidado que não foi identificado jogou no chão o celular de um manifestante que filmava o protesto e também não foi repreendido pelo policial e seguranças que integravam o cordão de isolamento.

Um manifestante foi atingido na cabeça por um cinzeiro atirado por um convidado (captura de tela da transmissão do MídiaNinja)
Um manifestante foi atingido na cabeça por um cinzeiro atirado por um convidado (captura de tela da transmissão do MídiaNinja)

Com a chegada dos soldados do Batalhão de Choque da PM, por volta de 3h desta madrugada, os manifestantes, que momentos antes tentavam impedir a saída de convidados, começaram a dispersar após bombas de efeito moral e tiros de balas de borracha em frente ao hotel. Não foi usado gás lacrimogêneo.

Neste exato momento, Ruan Martins Nascimento, o ferido pelo cinzeiro, 24 anos, ainda aguardava a autorização da direção do hotel para que entrasse acompanhado de sua advogada e de um policial para receber cuidados médicos e identificar o autor do arremesso, o que, com a confusão, não chegou a ocorrer. Ele só conseguiu ser atendido depois das 4h por uma ambulância, que mesmo estacionada no local permanecia fechada até o momento.

O panelaço continuou, um pouco mais afastado, enquanto os convidados saíam escoltados pelos soldados do Choque, que não atenderam à solicitação de advogados de Ruan de buscar o autor do arremesso do cinzeiro. Perguntada sobre se irá apurar o caso, a Polícia Militar não respondeu e se limitou a dizer, em nota, que o “Batalhão de Choque foi acionado para conter um tumulto envolvendo um grupo de manifestantes”, se referindo aos incidentes do cinzeiro e do arremesso de pedras. Da janela, participantes da festa elogiavam os soldados e provocavam os manifestantes dando risadas e dizendo “está na hora de dormir”.

Em nota, a diretoria do Copacabana Palace informou que foi surpreendida pelo protesto e que a manifestação trouxe transtornos à rotina e funcionamento da casa. “Os manifestantes bloquearam todos os acessos do hotel, impedindo clientes, hóspedes e funcionários de entrar ou sair de nossas dependências. Estas pessoas nada tinham a ver com os protestos”, afirmou, acrescentando que dezenas de pessoas foram insultadas, dentre as quais “idosos, cadeirantes, crianças de colo e mulheres grávidas”.

O hotel considera injusto o fato de ter tido sua fachada alvejada por pedras, que, segundo a diretoria, atingiram também “veículos de hóspedes e convidados, que foram amassados e tiveram vidros quebrados”. “Hospedamos eventos privados em nossos salões, que são contratados por pessoas ou empresas, todos os dias.”

Sobre o incidente do cinzeiro, a diretoria do hotel lamentou a situação e assegurou que tomou as providências cabíveis. “Tão logo tomamos conhecimento de que havia uma pessoa ferida, providenciamos os primeiros socorros na ambulância contratada para o evento, que se localizava a 50 metros da porta principal do hotel”, afirmou a diretoria, que se coloca “à disposição das autoridades policiais para prestar esclarecimentos e providenciar informações que sejam necessárias”.

O Copacabana Palace e a Polícia Militar não se pronunciaram sobre o excesso e omissão de seguranças e policiais contra repórteres e um manifestante que filmavam o protesto.

As hashtags #‎casamentodabaratinha‬, #‎casamentodadonabaratinha‬ e #‎casamentodonabaratinha‬ continuam no topo do ranking das mais comentadas no Twitter e Facebook. Em junho, os cariocas também foram às ruas contra o aumento das passagens de ônibus e por melhorias nos serviços públicos.

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