Manifestante tenta autoimolação na Praça da Paz Celestial durante Congresso

08/03/2014 11:25 Atualizado: 08/03/2014 11:25

Uma manifestante supostamente se pôs em chamas na Praça da Paz Celestial em 5 de março, enquanto ocorria a abertura do Congresso Popular Nacional no Grande Salão do Povo, localizado na borda ocidental da Praça em Pequim. Vários peticionários jogaram panfletos na Praça, antes de serem detidos e levados pela polícia.

Por volta de 10h40 na manhã de quarta-feira, uma mulher de meia-idade colocou fogo no próprio corpo perto da Ponte da Água Dourada na frente do Portão da Paz Celestial, segundo testemunhas. “Eu vi fumaça vindo da Ponte da Água Dourada no lado oriental e corri rapidamente para lá”, disse a ativista dos direitos Wang Jing, numa entrevista por telefone. “Um turista me disse que uma mulher de cerca de 40 anos abriu suas roupas e de repente estava em chamas. Quatro ou cinco policiais apagaram o fogo com extintores, e logo a levaram embora.”

A identidade e a condição da manifestante não são conhecidas, e as autoridades não fornecem qualquer informação sobre o caso. Wang disse que foi forçada por um policial furioso a apagar o vídeo que gravou com sua câmera. A polícia logo bloqueou a área em frente ao Portão da Paz Celestial, impedindo o tráfego de turistas ali, disse Wang. Ela acrescentou ter visto seis peticionários sendo arrastados pela polícia na Praça da Paz Celestial, enquanto outros peticionários jogavam panfletos de papel que descreviam suas queixas.

Um peticionário chamado Zhao Junhong, que foi detido no escritório de segurança pública da Praça da Paz Celestial, disse à Radio Free Asia (RFA) que várias centenas de peticionários passaram pelo local naquele dia. “As pessoas enviadas para cá estão todas sendo detidas. Várias centenas estão do lado de fora esperando serem transferidas para o Centro de Detenção Majialou”, disse Zhao

Um grande número de peticionários chineses de diversas partes da China foi a Pequim neste tempo politicamente sensível, na tentativa de chamar a atenção do governo para suas reivindicações. “Os peticionários não têm como expressar suas queixas. O sistema de apelação regular não cuida deles, e os governos locais não prestam atenção também”, disse Wang Jing.

Ela acrescentou: “Os peticionários usam este método, especialmente durante os dois congressos, na esperança de aumentar a consciência dos congressistas.” O Congresso Popular Nacional e a Conferência Consultiva Política Popular estão agendados para se reunirem em Pequim pelas próximas duas semanas. O primeiro é um legislativo-carimbo sem poder real, e o segundo é um órgão consultivo do Partido Comunista Chinês que é selecionado e controlado pelo Partido.