Grandes protestos anti-Japão ocorreram em mais de 10 cidades na China recentemente, incluindo Pequim, Jinan, Qingdao, Guangzhou, Shenzhen, Taiyuan e Hangzhou. Os manifestantes estavam revoltados com a recente disputa com o Japão sobre as ilhas Senkaku, um conjunto desabitado e rochoso de ilhas que tem sido o local de concorrentes reivindicações territoriais recentes.
Ativistas chineses invadiram a ilha poucos dias atrás e a guarda-costeira japonesa os prendeu. Não muito tempo depois que eles foram embora, um grupo de nacionalistas japoneses encenou um desembarque.
Em Guangzhou, grandes grupos de pessoas segurando bandeiras chinesas e cartazes e gritando slogans encenaram um protesto do lado de fora do consulado japonês no domingo de manhã e depois caminharam pelas ruas num desfile de protesto. As faixas carregadas tinham mensagens nacionalistas como, “Lutar até a morte para defender o território chinês das ilhas Diaoyu”, usando o nome chinês para se referir ao território.
Em Shenzhen, uma multidão virou um carro da polícia japonesa e o golpeou com barras de ferro. Manifestantes antijaponeses também atacaram um restaurante japonês próximo.
Em Chengdu, província de Sichuan, a partir das 10h de 19 de agosto, dezenas de estudantes se reuniram e exibiram faixas. As autoridades locais enviaram mais de 2 mil policiais para bloquear os manifestantes.
Duas mil pessoas protestaram no centro de Jinan, província de Shandong, exibindo cartazes que diziam, “Fiquem alerta sobre o militarismo japonês”, “As ilhas Diaoyu da China não podem ser invadidas”, “As ilhas Diaoyu são parte do território chinês”, etc.
De acordo com a mídia estatal China News Service, bandeiras nacionais japonesas e fotografias do primeiro-ministro japonês Yoshihiko Noda foram queimadas durante a manifestação em Jinan.
Embora a Xinhua tenha reportado sobre os protestos, a emblemática emissora estatal CCTV permaneceu em silêncio. Mensagens foram apagadas e o acesso relacionado ao tema foi restrito no Sina Weibo, uma popular plataforma de microblogue similar ao Twitter.
Alguns comentaristas online questionaram se os protestos foram em parte manipulados pelo Partido Comunista Chinês, como uma maneira de usar o sentimento nacionalista e fortalecer sua própria legitimidade como um defensor da integridade nacional chinesa.
O Boxun, uma mídia dissidente em língua chinesa no estrangeiro, citou um oficial envolvido no trabalho de propaganda dizendo que o PCC “usa o pretexto de proteger as ilhas Diaoyu para incitar o patriotismo com o objetivo de ocupar um lugar de destaque entre o público e suprimir a atenção na internet sobre questões em casa e no exterior, especialmente artigos negativos sobre o 18º Congresso Nacional”. Tais observações de fontes do Boxun, publicadas regularmente no website, são muito difíceis de verificar.
Outros interpretaram os protestos como particularmente irônicos sobre a China moderna. Em seu blogue, o jurista Zhao Guojun escreveu que a única razão real para um sentimento anti-Japão nos dias de hoje é que a ocupação japonesa da China nos anos 1930 e 1940 culminou com o PCC no poder. “Desde então, o povo chinês sofreu a maior desgraça. Apenas por isso deveria haver o sentimento antijaponês.”
Observações amplamente encaminhadas no Weibo, de proveniência desconhecida, diziam, “Quando chineses desembarcam nas ilhas Diaoyu, o Japão os prende. Quando japoneses desembarcam nas ilhas Diaoyu, chineses esmagam carros chineses. Em vez de boicotar os produtos japoneses, boicotem os idiotas em primeiro lugar.”