O objetivo da mamografia é diagnosticar o câncer de mama o mais cedo possível, na esperança de que o tratamento precoce dê melhores resultados. Tudo isso parece razoável, mas há fatos relacionados à mamografia que muitos médicos e pesquisadores não falam.
O argumento em favor de uma mamografia é que ela salva vidas. Entretanto, uma pesquisa publicada em março de 2010 no Jornal Britânico de Medicina constatou que a taxa de mortalidade após a introdução da mamografia não é, na verdade, inferior à taxa encontrada em setores que não se beneficiaram dessa técnica.
Parece que a redução dos casos de morte não foi devido à introdução da mamografia, mas a outros fatores como a melhora de tratamentos contra o câncer de mama.
Há outra coisa que as mulheres devem saber sobre a mamografia. Ela detecta muito frequentemente lesões e cânceres benignos que não teriam preocupado as mulheres no curso de suas vidas.
Por isso, muitas mulheres são submetidas ao estresse das investigações e tratamentos inúteis. Às vezes, esses tratamentos lhes tiram a vida. Esta não é uma questão insignificante.
Nos últimos anos, alguns pesquisadores e médicos estiveram ativos na restauração de certo equilíbrio sobre o assunto da mamografia. Eles solicitaram que essas mulheres pudessem conhecer todas as facetas da mamografia. Eles desejam que as insuficiências e as armadilhas da mamografia sejam explicadas às mulheres, de modo que elas possam tomar uma decisão consciente dos fatos.
No entanto, os defensores da mamografia, em geral, responderam com intransigência, voltando a explicar as supostas vantagens da prática, apesar dos problemas levantados.
Esta tese é reforçada pela publicação de um artigo no jornal da Sociedade Real de Medicina. O artigo foi escrito por dois pesquisadores de mamografia que apontam evidências de que a capacidade da mamografia de salvar vidas é duvidosa.
O artigo critica os cientistas ligados ao programa de triagem do câncer de mama do Serviço Nacional de Saúde (NHS – National Health Service) do Reino-Unido. O ponto é que eles se prendem à crença que formaram há 25 anos, apesar das boas evidências que têm surgido mostrando que essas crenças são cientificamente insustentáveis.
O Jornal também dá provas evidentes de que a ineficácia da mamografia e o problema do excesso de diagnóstico não foram mencionados num folheto informativo para mulheres publicado no ano passado.
O Professor Peter Gotzsche, principal autor do artigo, fez um pedido em 1° de setembro de 2011 no jornal “The Independent”: “Os pesquisadores afiliados ao programa de triagem [de câncer de mama] do Reino Unido continuam a distorcer os fatos mesmo se nós e outros temos demonstrado seus erros.” “Eu posso apenas especular o porquê desse comportamento: quando você acredita em alguma coisa durante muito tempo e sua carreira é construída sobre esta crença, é muito difícil de mudar. Essas pessoas, num sentido científico, se comportam com uma clara desonestidade e prestam um desserviço às mulheres.”
No entanto, o programa de triagem do câncer de mama no Reino Unido, assim como em outros países, continua a se desenvolver.
Num artigo do início de 2011 do “Science Daily” destacou-se o fato de que mais da metade das mulheres norte-americanas não agendou uma mamografia.
Imagino que, ao menos, algumas dessas mulheres julgaram os fatos (encontrados na internet, provavelmente) e decidiram que isso não lhes era adequado.
Apesar da intransigência do governo britânico e de muitos pareceres científicos, eu não ficaria surpreso se nós víssemos uma tendência similar no Reino Unido.
O Dr. John Briffa é um médico londrino, autor de numerosos artigos sobre nutrição e medicina natural. Para saber mais: DrBriffa.com