O Mali enfrenta sua pior crise desde que se tornou um Estado independente há mais de 50 anos, segundo a Anistia Internacional, que citou abusos dos direitos humanos, escassez de alimento e deslocamento populacionais na parte norte do país.
Confrontos entre rebeldes liderados por tuaregues, que afirmam lutar para recuperar sua terra natal, e o exército do Mali forçaram o deslocamento de centenas de milhares de pessoas. Muitos fugiram do país para a Nigéria próxima e outros países do Norte Africano atualmente em recuperação de uma escassez de chuva e uma colheita fracassada.
O conflito foi condenado pela Anistia num relatório nesta quarta-feira, dizendo que ainda há inúmeros relatos de assassinato, pilhagem, estupro e uso de crianças soldados pelas forças rebeldes.
Soldados do Mali não foram muito melhores, disse a Anistia. Os soldados são acusados de matar três pessoas desarmadas extrajudicialmente que eram suspeitas de espionarem-nos.
“Depois de duas décadas de relativa estabilidade e paz, o Mali está enfrentando sua pior crise desde a independência em 1960”, disse Gaetan Mootoo, um pesquisador da África Ocidental com a Anistia, que recentemente visitou o país por três semanas.
“A região norte do país foi tomada por grupos armados que lideram o tumulto. Dezenas de milhares de pessoas fugiram da região, criando uma crise humanitária no Mali e nos países vizinhos”, acrescentou ele.
No final de março, o Norte do Mali foi tomado por rebeldes e militantes islâmicos que dizem ter laços com o al-Qaeda, depois que soldados do Mali derrubaram o governo num golpe, provocando a desorganização do exército do país.
A Anistia disse que obteve depoimentos que sugerem que membros de grupos islâmicos têm tentado pressionar moradores para aderir a sua interpretação da lei islâmica. Houve intimidação, violência física e assassinatos extrajudiciais, acrescentou a Anistia.
“Sem uma ação coordenada para proteger os direitos humanos, respeitar a lei humanitária internacional e a assistência das populações deslocadas e refugiadas, toda a sub-região está em risco de desestabilização através dos efeitos da instabilidade política, conflitos armados no norte e crise alimentar que afeta todo o Sahel”, acrescentou Mootoo.