Mais problemas na economia chinesa: falência à vista

22/07/2013 15:11 Atualizado: 22/07/2013 15:15
A entrada da companhia chinesa falida Suntech na cidade de Wuxi. Sua falência no início do ano destaca o perigo enfrentado por várias indústrias devido aos anos de excesso de produção e financiamento barato (Peter Parks/AFP/Getty Images)

Depois de anos de crescimento rápido sustentado por uma dívida crescente, o excesso de capacidade que foi bombeado em muitas indústrias chinesas está começando a flutuar na superfície: uma onda de falências tem ocorrido e indústrias que antes eram as queridinhas da política industrial da China agora se deparam com uma situação sombria, com dívidas galopantes e mais falências previstas. Muitos governos locais, também montados em dívidas monumentais, não estão indo nada melhor.

A economia da China já enfrenta uma crise financeira, disse Xia Bin, um economista do Centro de Pesquisa do Desenvolvimento do Conselho de Estado chinês, num fórum em Pequim em 14 de julho.

“Algumas empresas já apresentaram falência e alguns veículos de financiamento dos governos locais estão insolventes há muito tempo”, disse Xia.

“A crise não explodiu e os maus empréstimos foram cobertos devido à prática do banco central de emitir mais dinheiro”, acrescentou ele.

De fato, algumas empresas peso pesado já arquivaram falência. A Suntech Wuxi, uma subsidiária da maior produtora mundial de painéis solares, a Suntech Power, declarou falência em março.

A ‘Pingte Iron and Steel Co.’, da província de Jiangxi, leste da China, foi declarada insolvente e fechou em de junho.

Em 5 de julho, o Grupo Indústrias Pesadas Rongsheng da China, a maior empresa de construção naval privada, pediu ajuda financeira ao governo e aos grandes acionistas, após cortar sua força de trabalho e atrasar pagamentos a fornecedores, informou a Reuters.

Mais por vir

Depois de os bancos chineses experimentarem a pior crise de liquidez em uma década em meados de junho, o Conselho de Estado emitiu um comunicado em 5 de julho dizendo que manterá uma política monetária “prudente” para apoiar a reestruturação econômica.

Segundo o comunicado, o apoio financeiro é incentivado para a indústria de fabricação avançada e indústrias emergentes promissoras. No entanto, em indústrias com excesso de capacidade, o governo “adotará políticas de apoio diferenciado”, informou a mídia estatal Global Times.

Yonghao Pu, diretor de investimento regional para a Ásia-Pacífico do UBS, previu que isso provocará mais falências na China.

O grande problema da China é o excesso de fabricação de produtos de baixo-custo, observou Yonghao Pu numa conferência de imprensa em 8 de julho, segundo a Reuters China.

Em particular, nas indústrias apoiadas pelo governo, os setores com excesso de capacidade são susceptíveis de falência, disse ele.

“Falências serão mais prevalentes na segunda metade do ano e podem até acorrer em algumas empresas estatais”, afirmou Yonghao Pu, com a ressalva de que o primeiro-ministro Li Keqiang deixaria o mercado impulsionar a economia.

De acordo com Li Xunlei, vice-chefe-executivo da Haitong Securities, mais problemas surgirão enquanto grandes empresas estatais continuam lutando por manterem-se a tona. “Os déficits que geram resultará diretamente na afluência de dívidas ruins nos bancos chineses”, disse Li Xunlei à emissora NTDTV.

Nove indústrias em apuros

Uma reportagem da Topnews9.com, um portal da web baseado em Guangdong que produz notícias e fornece informações sobre finanças e negócios, também previu que mais indústrias na China estarão ameaçadas por falência – novamente, assumindo que os políticos de fato se concentrem em políticas que visem à reestruturação da economia, enquanto negam as medidas de estímulo por uma polícia monetária mais prudente.

O relatório disse que nove indústrias já estão em dificuldades financeiras e enfrentarão falência: construção naval, siderurgia, semicondutores (especificamente diodos de emissão de luz), materiais de construção, pequenas e médias empresas do setor imobiliário, transporte naval, empresas fiduciárias, companhias de prestação de serviços em gestão financeira e empresas de capital privado.

Governos locais

No início do mês passado, a Secretaria Nacional de Auditoria da China divulgou um relatório com base numa pesquisa realizada em 36 governos locais em 2012, mostrando que todos estavam sob grande pressão de dívida e tiveram de rolar as dívidas antigas tomando novos empréstimos. Entre eles, 16 governos locais já estavam insolventes, informou o Semanário Xinmin de Shanghai em 10 de julho.

O comentarista econômico Ye Tan disse que o relatório pinta um quadro futuro terrível sobre o enorme endividamento dos governos locais: “Mais governos locais irão à falência, se os preços dos imóveis caírem e ainda mais quando o preço da terra cair.”

Segundo o economista Xia Bin, agora não é o momento para os políticos discutirem se existe risco sistêmico na economia. Isso já é óbvio, disse ele. “Em vez disso”, acrescentou ele, “eles precisam encontrar rapidamente maneiras de deixar a bolha estourar e amortizar as perdas para evitar uma crise em grande escala.”

Epoch Times publica em 35 países em 21 idiomas.

Siga-nos no Facebook: https://www.facebook.com/EpochTimesPT

Siga-nos no Twitter: @EpochTimesPT